Política

A VACINA POLITIZADA E BOLSONARO ISOLADO NA REDOMA DE VIDRO (TF)

Todos governadores e prefeitos do Brasil vão aparecer em atos de vacinações
Tasso Franco , da redação em Salvador | 19/01/2021 às 10:47
Governador, prefeito da capital, secretários de saúde e dona Lícia, 84 anos
Foto: Carol Garcia
    A vacina contra o coronavirus politizou de vez. Aliás, até antes, a pandemia do coronavirus foi politizada durante a última campanha eleitoral para prefeitos e vereadores e muitos gestores candidatos à reeleições alcançaram sucesso graças as ações aplicadas contra o virus - internamentos, controles de infectados em residências, testes, cestas básicas, etc - uma boa parte com recursos do governo federal através do Ministério da Saúde e o auxilio emergencial que manteve determinadas áreas comerciais em atividades e garantiu um recolhimento de ICMS no Estado em evolução e não em queda.

  Ninguém fez elogios ao presidente Jair Bolsonaro pelo fato de que, embora os recursos fossem do governo federal, o chefe da Nação optou por se distanciar dos governadores e prefeitos e abominar a ciência. 

  Ao invés de agregar, desagregou e ficou isolado. Como seu governo despreza a comunicação e de quebra ainda ataca jornalistas, mesmo feitos importantes - em especial a liberação de recursos e o auxílio emergencial - não foram bem capitalizados. E os governadores, cada um atuando ao seu modo, e a Bahia dentro do Grupo do Nordeste, criticavam à mancheia, inclusive a politização da pandemia, que eles também praticam.

  O governador de SP, João Dória, responsável pela Coronavac - já até chamada por seus marketeiros de vacina do Dória - assim que a Anvisa autorizou o uso emergencial da vacina montou um esquema (já pré-montado) e faturou a primeira vacinada no Brasil, uma enfermeira, o que deixou o Planalto a ver navios e o ministro da Saúde em mar revolto sem saber o que fazer. 

  E desde esse episódio que aconteceu num domingo (dia atípico para marketing) a politização da vacina segue seu curso, cada governador, cada prefeito, tirando sua lasquinha.

   Assim aconteceu na Bahia, hoje, com o governador Rui Costa (PT) e o prefeito da capital, Bruno Reis (DEM) juntos assistindo a vacinação dos quatro primeiros vacinados escolhidos a dedo - uma enfermeira, uma idosa, um médico e uma indígena - como manda o receituário do marketing político. 

   E, de preferência que sejam negros e pobres. 

   E isso vai acontecer no Brasil de Norte a Sul; de Leste a Oeste com governadores, prefeitos, vereadores, deputados e senadores. Alguns prefeitos já estão chamando de Dia Histórico (não pode chamar de dia D porque pode associar a Dória) e temos quase certeza que as enfermeiras e auxiliares de enfermagem serão as primeiras vacinadas nos mais de 5 mil municípios do Brasil. 

   E Bolsonaro, que era (e é) defensor da cloroquina e outras maluquices, que não usava máscara, que zombava da ciência, tem que ficar em Brasília, no casulo, na redoma de vidro, sem poder capitalizar nada.

   O governador Rui Costa, que condenava a politização da pandemia, ora...ora... parece que mudou de ideia e está aparecendo em tudo só perdendo para seu secretário da Saúde, Fábio Vilas Boas, que põe no twitter até chegada de avião com vacina. 

   Rui disse, hoje, durante o ato da vacinação (critica direta a Bolsonaro) que "a burocracia deve ser deixada de lado. Nesse momento, não precisa nenhum de nós estar demonstrando seu poder, o poder da sua caneta”.

  Destacou ainda que o mundo e o ser humano fazem seu melhor quando cooperam e se ajudam mutuamente. “Estão aí as nações utilizando as vacinas chinesa, russa, inglesa, e o Brasil recebendo oxigênio da Venezuela”, disse.
 
   Rui ressaltou ainda que “quando a gente coloca a burocracia, a ideologia e o ódio de lado, o ser humano consegue fazer muito mais pelos outros”. Na sua opinião, o Brasil precisa agora de “mais humanidade, menos burocracia e mais agilidade para salvar vidas”.

   Ou seja, o governador que criticava a politização embarcou de vez nela.