Política

MOURÃO DIZ QUE DECLARAÇÃO DE BOLSONARO SOBRE "PÓLVORA" É AFORISMO

Vice-presidente avaliou que pronunciamento do presidente não causa consequências negativas para a relação entre Brasil e Estados Unidos
Tasso Franco , da redação em Salvador | 11/11/2020 às 11:36
Vice presidente Mourão
Foto: DIV
  O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta quarta-feira, 11, que a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre usar "pólvora" para proteger a Amazônia é uma referência a um "aforismo antigo". Mourão evitou entrar em mais detalhes sobre o discurso dessa terça-feira, 10, do presidente. Ele avaliou, contudo, que a fala de Bolsonaro não deve causar consequências às relações com os Estados Unidos.

"Acho que ele se referiu a um aforismo antigo que diz que quando acaba a diplomacia entram os canhões, foi isso que ele se referiu", afirmou na chegada à vice-presidência. Ontem, em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que "quando acaba a saliva tem que ter pólvora", ao citar possíveis sanções econômicas dos Estados Unidos ao Brasil caso o desmatamento na Amazônia não seja controlado.

"Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de Estado dizendo que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas pela diplomacia não dá", declarou Bolsonaro nesta terça, sem citar o nome de Joe Biden.

O governo brasileiro é um dos poucos que ainda não se pronunciram sobre a vitória do democrata nas eleições americanas. Aliado de Donald Trump, Bolsonaro aguarda o fim das ações judiciais movidas pelo atual presidente americano, que ainda não admitiu derrota.

A VITÓRIA DE BIDEN

Bolsonaro, porém, não citou o nome de Biden ao fazer a declaração na terça. O brasileiro torceu publicamente pela reeleição do presidente dos EUA, Donald Trump, e até o momento não se pronunciou sobre a vitória de Biden.

"Acho que não causa nada, isso aí tudo é figura de retórica", disse Mourão ao ser questionado por jornalistas se a declaração de Bolsonaro pode trazer consequências ao Brasil.
"Vamos aguardar, dê tempo ao tempo”, completou o vice-presidente.

"Assistimos há pouco aí um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão, não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo. Ninguém tem o que nós temos."

Ainda no discurso durante a cerimônia da terça, Bolsonaro afirmou que o Brasil tem que "deixar de ser um país de maricas" e enfrentar a pandemia de Covid-19 de "peito aberto".

Já Biden fez a declaração sobre a Amazônia durante debate com o adversário Donald Trump, candidato à reeleição, durante a campanha eleitoral. Biden afirmou:

“O Brasil, a floresta tropical do Brasil, está sendo demolida, está sendo destruída. Mais carbono é absorvido naquela floresta tropical do que cada pedacinho de carbono que é emitido nos Estados Unidos. Em vez de fazer algo a respeito… Eu estaria me reunindo e garantindo que os países do mundo venham com US$ 20 bilhões e digam: ‘Aqui estão US$ 20 bilhões. Pare, pare de derrubar a floresta, e, se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas’."