Política

GOVERNO DECRETA TOQUE DE RECOLHER EM VÁRIOS MUNICÍPIOS DO EXTREMO SUL

O toque de recolher estará vigente sempre das 18h às 5h, com a proibição de saída e circulação de pessoas, exceto para trabalhos essenciais.
Tasso Franco , da redação em Salvador | 02/06/2020 às 20:08
Medida adotada pelo governador vale durante uma semana
Foto: SECOM
  O governador Rui Costa (PT) se reuniu com prefeitos dos municípios da região na manhã desta terça-feira (2). O petista afirma que, juntos, eles decidiram decretar o fechamento de todo o comércio e atividades não essenciais nas cidades da região e também aplicar um toque de recolher. As medidas, que devem ser decretadas ainda hoje, ficarão em vigor até a próxima terça (9).

"Nós temos que tomar medidas, caso contrário, vamos presenciar nos próximos dias uma explosão de casos, de demanda de UTI e leitos clínicos", ressaltou o governador, em entrevista a veículos de comunicação da região, transmitida nas redes sociais.

Como exemplo, ele citou Teixeira de Freitas, onde 20 leitos de UTI serão inaugurados no Hospital da Campanha até o fim desta semana. Segundo o chefe do Executivo baiano, a cidade está perto de alcançar a marca de 200 casos do novo coronavírus, com taxa de crescimento de 20% nos últimos cinco dias. Em toda a Bahia, essa taxa é bem menor: 4,6%.

"Não é possível ficar de braços cruzados, esperando a doença se alastrar. Houve unanimidade dos prefeitos e prefeitas [em definir o decreto de fechamento] e também em limitar a circulação de pessoas", destacou Rui.
 
Mas a decisão não se aplica apenas a Teixeira de Freitas. Após a transmissão, a Secretaria de Comunicação do governo informou que os 19 municípios da região serão afetados pelas medidas. São eles: Itamaraju, Nova Viçosa, Mucuri, Prado, Ibirapuã, Vereda, Itanhém, Medeiros Neto, Alcobaça Lajedão, Caravelas, Eunápolis, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Itapebi, Belmonte, Itabela e Guaratinga. Em todos, os únicos serviços autorizados a funcionar são os tidos como essenciais, caso de farmácias e supermercados, o serviço bancário, por conta do auxílio emergencial, e estabelecimentos que fornecem alimentos para animais.

DIFICULDADES

Nesta terça-feira (2), o governador Rui Costa fez uma transmissão pelas redes sociais para a imprensa das regiões nordeste e litoral norte da Bahia e falou sobre as estratégias de enfrentamento ao novo coronavírus. "Desde o início da pandemia na Bahia temos adotado ações por região. Mantemos um diálogo diário com os prefeitos e orientado que montem nas cidades pelo menos uma unidade de acolhimento de pessoas com casos suspeitos. Os pacientes que apresentarem sintomas mais intensos e que necessitarem de um atendimento mais complexo são encaminhados para os hospitais regionais, que possuem leitos de UTI já disponíveis e outros em fase de implantação"


Rui explicou que a estrutura de atendimento montada pelo Governo do Estado atua de forma regionalizada para oferecer atendimento ao maior número possível de pessoas. "Temos investido em leitos de UTI em todas as regiões para atender os baianos, mas nenhum sistema de saúde do mundo é capaz de suportar uma grande taxa de contágio sem entrar em colapso. Os países mais ricos do mundo não conseguiram. O distanciamento social é a única forma de combater o vírus, por isso eu peço que as pessoas fiquem em casa para que possamos retornar nossas atividades normais o mais cedo possível", alertou.

Para atendimento na região norte, o Hospital Regional de Juazeiro conta com 39 leitos em funcionamento. Em Paulo Afonso, no Hospital Nair Alves de Souza, 30 leitos de referência para o coronavírus estão sendo implantados, entre clínicos e UTIs adultos. Em Senhor do Bonfim, 26 leitos estão sendo implantados no Hospital de Campanha para tratamento de Covid-19.

Em Tucano, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foi equipada com respiradores para receber os pacientes. O Hospital Santa Tereza, em Ribeira do Pombal, possui 12 leitos ativos e mais dois sendo implantados. No litoral norte, o Hospital Dantas Bião, em Alagoinhas, conta com 24 leitos.


Dificuldades

O governador também fez um balanço das principais dificuldades encontradas até o momento no combate ao coronavírus na Bahia. "Estamos trabalhado para oferecer leitos e garantir que nenhum baiano que precise de atendimento fique desamparado, mas temos enfrentado duas grandes dificuldades. A primeira, o comportamento do Governo Federal de minimizar a doença e não permitir que os órgãos federais apoiassem os governos estaduais, principalmente nas restrições de transporte para impedir a propagação da doença. A segunda, a grande quantidade de notícias falsas, que confundem à população"