Política

A APOSTA DE BOLSONARO CONTRA OS GOVERNADORES E NA AÇÃO COVID-19 (TF)

Duas posições divergentes em marcha
Tasso Franco , da redação em Salvador | 26/03/2020 às 19:55
A aposta politica de Bolsonaro
Foto: PR
  A edição do Jornal Nacional de ontem reduziu Bolsonaro a um zero à esquerda. O que já vínhamos comentado neste Bahia Já vimos em imagens e depoimentos nacionais e internacionais não só o isolamento político e da autoridade do presidente da República, como o fato de que sua fala em cadeia nacional de TV na terça-feira, à noite, está na contra-mão da OMS, dos chefes de estado de outras Nações e dos especialistas em infectologia. 

  Até o vice-presidente da República, sempre discreto, Hamilton Mourão, teve que vir a público colocar panos quentes na fala de Bolsonaro e dizer que ele foi mal interpretado e segue valendo o isolamento defendido pelo Ministério da Saúde.

 Nesta quinta-feira o presidente já soltou mais uma pérola de sua oficina de ideias liberando o culto em templos religiosos, ao que se diz, pressionados pelos pastores de igrejas evangélicas. Lembrando, óbvio, que templos religiosos de todas as matizes não são produtivos na cadeia econômica, salvo para os pastores.

  O que segue valendo nos estado são os decretos e portarias dos governadores e dos prefeitos felizmente dissociados do que pensa Bolsonaro visando a preservação da vida dos cidadãos. O que vai acontecer com a economia será uma queda, mas, nada catastrófico como se diz até porque o Brasil tem 210 milhões de consumidores e essas pessoas em diferentes níveis sociais, passada a pandemia, irão se alimentar, ir às escolas, ao trabalho e assim por diante. A roda não vai parar de vez, nem no Brasil, nem no mundo.

  Imagem, pois, a ìndia. Lá houve uma determinação do governo para isolamento de 1.2 bilhão de pessoas. Ou seja, 6 vezes a população do Brasil num país emergente e que integra os BRICS - Brasil, Rússia, India, China e África do Sul - e cuja roda seguirá adiante. É natural esse movimento de queda e subida das bolsas de valores, mas, o capital internacional para irá para Marte ou Vênus. Terá que se acomodar de alguma maneira na Terra e aqueles países que forem mais competentes se beneficiarão desse movimento. 

   Agora, num país em que o presidente está isolado em Brasília brigando com Deus e o mundo, e os gestores estaduais e municipais estão do outro lado não pode dar certo. Tem que haver a união. Sem isso, já era.

   Como já está sendo. Ninguém respeita mais o que Bolsonaro pratica. Agora, determinou abrir templos religiosos. Pergunta-se: alguém vai ao Bonfim na missa da sexta feira que era lotada de fiéis. Duvida-se. A população teme a morte e no Brasil o Covid já matou 60 pessoas e infectou mais de mil.

   A rigor, Bolsonaro faz uma aposta política defendendo a volta ao trabalho por qualquer preço. Com uma população empobrecida como a do Brasil isso tem forte apelo político, pois, muita gente já está passando fome. Há, necessidade, pois de flexibilizar. Salvador, por exemplo, adotou posturas muito rígidas isolando a todos. Bolsonaro defende apenas o isolamento dos idosos.

   A questão é como fazer isso. Bastante dificil. Os Estados Unidos adotaram a política de manter tudo aberto e o coronavirus tomou contra de parte do país, hoje, com maior número de infectados no mundo. O Reino Unido, a mesma coisa, e o premier Johnson teve que recuar. Os EUA também vão recuar. 

   No Brasil, perdura a incógnita política, mas, mantém o isolamento. Uma quebra de braço que vamos ver adiante o que dará.