Política

CORONAVIRUS E MARAJÁS DO BRASIL. NADA MUDOU EM 30 ANOS, p TASSO FRANCO

A casta dos políticos e servidores públicos livres de perdas com a pandemia do coronavirus
Tasso Franco , da redação em Salvador | 21/03/2020 às 18:48
Na Índia, os marajás são simbolo da riqueza
Foto: ILS
   MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. O Brasil é um país com forte desigualdade social e corrupção endêmica nos serviços públicos. É só verificar a quantidade de políticos e agentes públicos e empresários presos pela Operação Lava Jato. Até um ex-presidente da República foi engaiolado e libertado até que sejam analisados recursos em terceira instância pelo STF. 

   2. O coronavirus vai expor essa realidade com maior intensidade, mas, duvida-se que mude alguma coisa. A começar pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, que continua a zombar da "gripinha". O ministro da Súde, Henrique Mandetta, um dos poucos lúcidos no governo, já disse que no próximo mês de abril o sistema de saúde entra em colapso.

   4. Óbvio que, num país com tantas desigualdades sociais quem vai pagar a conta mais alta serão os pobres. Hoje, não só nas favelas do Rio, mas, aqui na Bahia também, sequer tem água potável para atender algumas comunidades e uma das recomendações dos infectologistas é lavar as mãos com água e sabão. 

   5. O JN mostrou ontem que, numa comunidade favela de São Gonçalo, Rio, sequer as pessoas têm sabão. Um empresário doou um caminhão de sabão. Vê-se, pois, quão grande é o problema. Hoje, na Bahia, bombas da Embasa não funcionaram por falta de energia da Coelba.

   6. Há no Brasil uma casta intocável de servidores públicos municipais, estaduais e federais, políticos, pessoal do Poder Judiciário, pessoal do Legislativo, dos TCEs e TCMs dos estados, militares e outros que pode ter a crise que for recebem seus salários em dia no final do mês. E olhem que, em alguns casos, especialmente no Judiciário, são salários estratosféricos muitos deles chegando a R$100 mil por mês. No Rio, há desembargadores que ganham R$150 mil mês segundo a imprensa carioca.

   7. E daí, vão mexer nesse pessoal? Nada.

   8. Hoje, vejo políticos falando nisso e naquilo, penalizar ainda mais as empresas privadas, mas, não há Projeto de Lei suspendendo sequer as mordomias dos parlamentares. A conta, mais uma vez, ficará com o setor produtivo privado empresários de vários segmentos e da população mais pobre, especialmente os prestadores de serviços. 

   9. Estima-se, somente na Bahia, que existem milhares de REDAS nos três poderes que pouco trabalham (ou sequer trabalham) mas recebem salários todos os meses. Há um dito corrente na Assembleia Legislativa da Bahia que se todos os REDAS fossem trabalhar num mesmo dia não haveria espaço, cadeiras para sentarem-se nos gabinetes. O que fazer? Nada.

   10. A estimativa do comércio só em Salvador é de uma perda em negócios de R$108 milhões dia sem contar ambulantes que são mais de 10 mil pessoas e praticam uma movimentação financeira miudinha, porém, expressiva. Quase todos vedem à vista e o dinheiro circula.

   11. A partir de hoje esssa conta sobe porque os shoppings e a orla estarão fechados. Só na praia do Porto da Barra, em estimativa, existe mais de 200 pessoas que vivem do comércio e serviços praianos. Há, ao menos, quatro grandes revendedores de bebidas e alimentos, hoje, todas paralisadas. Óbvio, segundo especialistas em infectologia, que precisam ser fechados. E quem paga a conta?

   12. Os infectologistas são técnicos que não observam o outro lado da pandemia. O problema não pode ser resolvido ouvindo apenas os médicos infectologistas, pois sabemos o que eles dirão a partir do seu específico conhecimento científico. Tem-se que ampliar o debate, e rápido. A questão é que não dá mais tempo. A paralisação das atividades e da economia nos demais segmentos da sociedade são gravissimas. 

   13. Não temos tecido social para suportar isso. O Brasil não tem a economia da Itália, da França e da Espanha. Muito menos a organização que esses paíse têm. Na Itália, ontem, morreram 793 pessoas por coronavirus e os estatísticos apontam que nossa curva de expansão do pátogeno se parece com o da Itália.

   14. Dias gravíssimo virão. Execeto, para os marajás dos serviços públicos. Em 1989, Fernando Collor de Mello já falava deles e ganhou as eleições presidenciais. De lá para casa, mais de 30 anos depois, nada mudou. Nem vai mudar. Daí que, nos dias atuais, o maior desejo de um brasileiro não está no empreendedorismo e sim ingressar nos serviços públicos municipais, estaduais e federal, de preferência no Judiciário, casta de intocáveis.
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  12. "Até o momento, o Hospital das Forças Armadas (HFA) não recebeu qualquer notificação por parte da Justiça", disse o ministério, em nota. Segundo a Defesa, "todas as notificações positivas para covid-19 estão sendo informadas como preconizado".

  13. Os exames de autoridades do governo federal, entre elas o presidente da República, Jair Bolsonaro, foram realizados no HFA, em parceria com o laboratório privado Sabin. Bolsonaro afirmou que os testes resultaram negativo para o novo coronavírus.

  14. A reportagem do Estado pede há uma semana ao Palácio do Planalto acesso aos exames do presidente, mas não obteve resposta. Questionado pelo jornal nesta sexta-feira (19), Bolsonaro não respondeu se divulgaria o laudo completo dos exames que realizou e indicou que pode realizar outros testes se tiver recomendação médica. 

   15. O presidente comparou a pandemia da covid-19, que já vitimou mais de 10 mil pessoas ao redor do mundo, a uma "gripezinha". "Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar", disse.

   16. ndicações à Presidência da República, Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Salvador e à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) serão apresentadas pelo deputado estadual Hilton Coelho (PSOL) na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). Preveem que se determine o fechamento de todas as agências bancárias da Bahia, sem prejuízo do pagamento dos salários dos trabalhadores, como forma de evitar a disseminação do coronavírus.

   17. “Queremos resguardar a saúde dos bancários e evitar a propagação do coronavírus no país. Algumas medidas estão sendo tomadas, porém, ainda são insuficientes para conter o avanço do COVID-

  18. Propomos o fechamento das agências com atendimento assegurado nos meios eletrônicos, nas entradas dos estabelecimentos e as demais formas já existentes. Encerrar neste momento de crise o funcionamento das agências e limitar o acesso das pessoas ajuda a proteger a vida dos bancários, dos familiares e de toda a sociedade”, avalia o parlamentar.

  19. A Embasa informa que hoje (20), por volta do meio-dia, uma queda de tensão no fornecimento de energia elétrica pela Coelba parou as bombas da captação da barragem Joanes 1. Com isso, algumas áreas de Salvador terão oferta de água reduzida, causando quedas de pressão na rede distribuidora e períodos de intermitência no fornecimento.

   20. A Coelba já foi acionada e está trabalhando para restabelecer o fornecimento de energia para esses equipamentos. A concessionária não deu previsão de retorno da energia.

   21. Diante deste cenário, a Embasa recomenda que a população use com moderação a água reservada no domicílio até que as bombas dessas captações voltem a operar normalmente.

   22. Confira as áreas que terão redução na oferta de água: Liberdade, Pero Vaz, Curuzu, Santa Mônica, IAPI, Novo Horizonte, Sussuarana, Mata Escura, Tancredo Neves, Arenoso, Cabula VI, Cabula, Pernambués, São Gonçalo, Resgate, Narandiba, Saboeiro, Doron, Cosme de Farias, Engenho Velho de Brotas, Brotas, Boa Vista de Brotas e Matatu.

   23. Decreto assinado pelo governador Rui Costa, publicado no Diário Oficial deste sábado (21), regulamenta a convocação de policiais militares da reserva remunerada. O militar convocado permanece na condição de inativo e terá direito à indenização a ser paga mensalmente durante o período da convocação, para Coordenação Administrativa e demais funções.

  24. O decreto, que entra em vigor com a publicação, determina ainda que o Comandante-Geral das respectivas Corporações Militares Estaduais estabelecerá as funções a serem exercidas pelos convocados, as unidades em que serão alocados e as regras quanto ao uso do uniforme e de equipamentos, sendo vedado o exercício de cargo ou função de comando, direção e chefia.

   25. A regulamentação respalda legalmente a convocação destes servidores para atuar nas ações executadas pelo Governo baiano visando a prevenção e o combate à disseminação do novo coronavírus (COVID-19) na Bahia.