Política

Parlamento britânico adia decisão definitiva sobre o Brexit 322 x 306

O que deixou o Brexit em baixa: Boris Johnson será forçado a implorar por atraso na UE depois que o rebelde Tory Oliver Letwin afundar na votação do Brexit
Da Redação , Salvador | 19/10/2019 às 15:40
Camara dos Comuns
Foto: PA
Numa sessão histórica neste sábado em Londres, os parlamentares britânicos votaram por adiar uma decisão definitiva sobre o acordo obtido pelo primeiro-ministro Boris Johnson com a União Europeia. Com isso, o Brexit, marcado para 31 de outubro, pode ter que ser novamente prorrogado.

E o premiê, que foi garoto-propaganda da campanha do Brexit na votação popular de 2016, queria a ratificação do acordo já neste sábado. Sem maioria, porém, Johnson viu seus adversários fazerem o máximo para adiar a votação e causar estragos à imagem do chefe de governo.

A sessão extraordinária foi a primeira realizada num sábado pelo Parlamento britânico desde a Guerra das Malvinas, em 1982. E atraiu grande atenção no país, com dezenas de milhares de manifestantes indo às ruas de Londres em atos pró e contra o Brexit.

Com 322 votos contra 306, os parlamentares decidiram então adiar qualquer decisão sobre o acordo alcançado por Johnson até que a legislação correspondente seja aprovada, uma manobra patrocinada pela oposição.

É um duro revés para Johnson e significa que ele provavelmente terá que pedir à União Europeia que adie a saída britânica. Isso porque, mais cedo neste sábado, o próprio Parlamento havia aprovado uma lei que o obriga a fazê-lo. O objetivo é que não haja a possibilidade de o país sair do bloco sem acordo, um cenário que, muitos analistas preveem, jogaria o país em recessão econômica.

Durante a sessão deste sábado, após o revés, Johnson disse que se recusa a buscar um novo adiamento junto à UE, abrindo um novo cenário de incerteza no Reino Unido. Ele pretende correr para ter a legislação aprovada até o fim do mês.

"Vou dizer aos nossos amigos e colegas da UE exatamente o que disse a todo mundo nos últimos 88 dias em que sou primeiro-ministro: que um novo atraso seria ruim para a este país, para a União Europeia e para a democracia", disse Johnson.

Nos últimos meses, os parlamentares rejeitaram por três vezes o pacto negociado pela antecessora de Johnson, Theresa May. O chefe de governo precisa convencer 320 parlamentares a apoiarem o acordo do divórcio.