Política

BOLSONARO diz que acreditar na Comissão da Verdade é acreditar no PT

Presidente destaca que Comissão foi escolhida por Dilma Rousseff
Da Redação , Salvador | 30/07/2019 às 12:31
Presidente duvida da Comissão da Verdade
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que não existem documentos que possam comprovar como se deu a morte do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, durante a ditadura militar, e questionou a veracidade dos documentos produzidos pela Comissão Nacional da Verdade, criada pela ex-presidente Dilma Rousseff.

"Nós queremos desvendar crimes. A questão de 1964, não existem documentos (dizendo) se matou, não matou, isso aí é balela. [...] Você quer documento para isso, meu Deus do céu. Documento é quando você casa, você se divorcia. Eles têm documentos dizendo o contrário?", disse Bolsonaro hoje pela manhã ao deixar o Palácio da Alvorada após se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Ontem, Bolsonaro afirmou que poderia "contar a verdade" sobre a morte do pai de Felipe e depois apresentou uma versão sobre o fato que não tem respaldo em informações oficiais. O presidente afirmou inicialmente que tinha ciência de como Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira "desapareceu no período militar".

Depois, disse que o militante foi morto por correligionários na década de 1970. A declaração contraria uma lei vigente e uma decisão judicial que reconhecem a responsabilidade da União no sequestro e desaparecimento do então estudante de direito em 1974.

Felipe Santa Cruz anunciou ainda ontem que irá ao Supremo Tribunal Federal pedir que Bolsonaro diga o que sabe sobre o desaparecimento do seu pai. Questionado se daria explicações perante a Suprema Corte, o presidente tergiversou. "O que eu sei é que não tem nada escrito de que foi isso ou foi aquilo. O meu sentimento é esse", disse.

Também perguntado se a sua tese não contrariava informações levantadas pela Comissão Nacional da Verdade, Bolsonaro afirmou que o órgão tinha sete integrantes indicados pela ex-presidente Dilma Rousseff. "Você acredita em Comissão da Verdade? Você acredita no PT?", disse.

Perguntado se poderia contestar oficialmente os documentos da comissão, Bolsonaro afirmou que não pretende "mexer no passado". "Pretendo respeitar a lei da anistia de 1979, é o meu sentimento, tem que ser respeitado. Até que os militares foram além do que o pessoal queria. (A abertura) Foi ampla, geral e irrestrita por exigência dos militares", disse.