Política

História resistência da Irmandade dos Homens Pretos homenageada na CMS


Sessão especial foi dirigida pelo vereador Sílvio Humberto
Da Redação ,  Salvador | 17/07/2019 às 21:21
Sessão especial foi dirigida pelo vereador Sílvio Humberto
Foto: Valdemiro Lopes

A tradição, resistência e religiosidade da Irmandade dos Homens Pretos foram homenageadas pela Câmara Municipal de Salvador, em sessão especial dirigida pelo vereador Sílvio Humberto (PSB), na noite desta quarta-feira (17), no Plenário Cosme de Farias. Ao comemorar os 120 anos da elevação da Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo, dezenas de pessoas reverenciaram a história iniciada há mais de 300 anos por angolanos escravizados no Brasil.

A Igreja do Rosário dos Pretos, segundo Sílvio Humberto, simboliza a resistência cultural do povo negro para preservar suas tradições religiosas. Através do sincretismo, a Irmandade demonstra que é possível o respeito e a harmonia entre as religiões, “coisa importante num momento em que os intolerantes estão a solta no país”. Para o vereador a homenagem da Câmara é mais do que justa, uma vez que a instituição é reconhecida como um patrimônio cultural da Bahia.

Sílvio Humberto fez questão de deixar clara a importância da fé para resistir “às agruras da escravidão e do racismo”. E falou da honra em poder dar visibilidade às instituições da resistência do povo negro: “Quem tem raiz sempre brota. Estamos provando que quando a água tem força ela passa por cima, mas quando não tem ela encontra formas e caminhos e chega lá”.


Afrocatolicismo

Criar a Irmandade, que atualmente conta com cerca de 200 fiéis, foi a forma encontrada por angolanos escravizados para professar a fé em Nossa Senhora do Rosário. A Igreja do Rosário dos Pretos, localizada no Pelourinho, é a expressão máxima do chamado Afrocatolicismo, que une o cristianismo ao bakongo, catolicismo praticados nas regiões do Congo e Angola.

A doutora em educação Anália Santana, oradora do evento, frisou que muitos historiadores admitem a existência da Irmandade “há mais de 400 anos, nos porões da Igreja da Sé”. Segundo ela, o templo levou 100 anos sendo erguido, com recursos dos irmãos e irmãs do Rosário: “E hoje temos a responsabilidade de manter esse legado”.

O uso de elementos culturais negros é uma característica das celebrações da Igreja do Rosário, incluindo cânticos, danças e instrumentos. Durante a sessão foi possível perceber essa tradição, a partir das apresentações dos grupos da Irmandade dos Homens Pretos e do Terço dos Homens Pretos com elementos afro-brasileiros. O Coral Vozes do Paraíso cantou Cordeiros de Nanã, regido pelo maestro Anderson Lino e tendo como solista Osni Nascimento.

A vereadora Marta Rodrigues (PT) prestigiou a sessão. Integraram a mesa do evento o prior da Irmandade dos Homens Pretos, Adonai dos Passos Ribeiro; a vice-priora Nilsa Bomfim Dias; o padre Jonathan de Jesus da Silva, novo pároco da Igreja do Rosário dos Pretos; Clerisvaldo Paixão, representante da secretária estadual da Igualdade Racial, Fabya Reis; Joselita Patrocínio Lima, Maria Rosa dos Santos, Crispim José dos Santos e Ubirajara Santa Rosa, todos representantes da instituição.