Política

CORISCO DE TUCANO, OTHON BASTOS é cidadão de Salvador pela CMS

Solenidade aconteceu ontem à noite na Câmara Municipal de Salvador
Da Redação , Salvador | 08/06/2019 às 10:05
Título para Othon Bastos
Foto: Valdemiro Lopes


O intérprete do lendário Corisco, o cangaceiro do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha), o ator baiano Othon Bastos, natural de Tucano, agora é também cidadão soteropolitano. O reconhecimento foi consumado em sessão solene da Câmara Municipal de Salvador, na noite desta sexta-feira (7), por iniciativa do vereador Marcos Mendes (PSOL), no Plenário Cosme de Farias lotado de admiradores.

Ao entregar o Título de Cidadão de Salvador, Mendes justificou a honraria classificando Othon Bastos como um orgulho da dramaturgia brasileira, com mais de 60 anos de carreira. “Estamos diante de um dos artistas mais importantes da nossa terra, destaque no cinema, teatro e televisão, que levou adiante o nome da Bahia”, frisou o vereador. Ele relembrou a trajetória do ator, lembrou que integrou a primeira turma de alunos da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e ajudou a fundar, na década de 1960, o Teatro Vila Velha.

Sertanejo

Chamado para ocupar a presidência da mesa durante o discurso de Marcos Mendes, Othon Bastos brincou: “Vamos desarrumar o arrumado”. E destacou a frase da música Corisco, “Mais forte são os poderes do povo”, observando: “Tenho certeza que todos aqui, pelos dias que estamos vivendo, concordam com isso”.

Foi com emoção que o ator agradeceu a cidadania de Salvador, que segundo ele esperou por 86 anos, e relembrou os laços que até hoje o ligam a Tucano: “É de Tucano que vem minha raiz. Quem está sendo condecorado aqui é um sertanejo, que veio para a capital com 5 anos de idade”.

Após constatar que tem mais passado do que futuro e que já não tem tempo para “lidar com pessoas medíocres e egos inflamados”, Othon Bastos concluiu, sendo aplaudido de pé: “Do alto de mim mesmo, como franco atirador, exterminei conceito, símbolo, dogma, ética, estética, métrica e estrutura. Não quero tapete vermelho, não quero desfile em carro aberto, eu não quero aplausos. Obrigado Senhor, por esse momento de lucidez. A vida é mais importante que a posteridade”.

Compuseram a mesa da sessão os atores Arildo Deda e Mário Gadelha; o jornalista e escritor Marcos Uzel; a cineasta, jornalista e escritora Ceci Alves; o cineasta Claudio Marques; o professor e escritor Raimundo Leão; o produtor Roberto Sant´Ana; o prefeito de Tucano, Sérgio Soares; a professora Dulce Aquino, da Escola de Dança da Ufba; e o professor e diretor teatral Cláudio Cajaíba. A vereadora Aladilce Souza (PCdoB) prestigiou a sessão. Othon Bastos foi conduzido ao plenário pela irmã Cátia Bastos, pelo ex-prefeito de Tucano, Gildásio Penedo, e pelo desembargador Baltazar Miranda.

Os oradores ressaltaram o papel inspirador de Othon Bastos para cineastas e atores e classificaram a sessão em sua homenagem, no atual momento que o país atravessa, de falta de incentivo às manifestações culturais, como um ato de resistência.

O Hino Nacional foi executado pelo cantor Carlos Barros, acompanhado pelo músico Rodolfo Lima. Apresentaram-se em homenagem a Othon Bastos ainda o Coral Ecumênico da Bahia, regido pelo maestro Ângelo Rafael, juntamente com o trio nordestino formado por Pedro Vieira, Carmelito Conceição e Ridson Reis. Os atores Genésio Neto e Marcos Lopes declamaram trechos de São Bernardo, de Graciliano Ramos. Alguns vídeos resumiram a carreira do ator, no cinema, no teatro e na televisão, incluindo o mais recente trabalho, a série “Carcereiros”, exibida atualmente pela Rede Globo, na qual interpreta o personagem Tibério.

O vereador Marcos Mendes fez questão de agradecer à jornalista Olívia Soares e ao diretor Legislativo da Câmara, Carlos Cavalcante Neto (Leleto), pela inspiração para homenagear Othon Bastos.