Política

Vereadores debatem crise no sistema de transporte público de Salvador

Excesso de gratuidades, concorrência dos clandestinos e surgimento do Uber estão entre os motivos da crise
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 17/10/2017 às 18:55
Reunião sobre sistema público de transporte
Foto: Antonio Queirós

A possibilidade de um colapso no sistema de transporte público de Salvador foi o tema da reunião, realizada pela Comissão de Transporte, Trânsito e Serviços Municipais da Câmara Municipal na tarde desta terça-feira, 17, com a presença do secretário de Mobilidade Urbana, Fábio Mota, e o gerente de Relacionamento com Usuários do consórcio Integra, Cláudio Malamut.

Ambos confirmaram a crise, classificada de extremamente complicada, e se colocaram à disposição para um novo debate, ampliado, para aprofundar o tema. Entre os principais motivos apontados por eles para a situação atual foi o excesso de gratuidade sem subsídios. “De cada 10 passageiros embarcados, 4 não pagam passagem. Quem paga tarifa hoje é o trabalhador”, disse Mota. De acordo com Malamut “dos 37 milhões de passageiros ‘catracados’, 22 milhões têm gratuidade e não há nenhum subsídio”.

Ele queixou-se também a concorrência dos clandestinos, cuja quantidade passou, em pouco tempo, de 400 para 1.700 carros; da regulamentação dos mototaxistas; do surgimento do Uber e outras empresas por aplicativo; e do crescimento do número de pessoas se locomovendo de bicicleta ou mesmo a pé.

Reformulação das linhas

O secretário apresentou o projeto de reformulação das linhas de ônibus, dividido em quatro etapas, com previsão de estar todo implantado até fevereiro, antes do Carnaval. A primeira delas será concluída no próximo final de semana. O objetivo, graças à integração com o metrô e à implantação de novos terminais de transbordo, é encurtar as distâncias e, assim, atender melhor à população que se queixa sobretudo da espera nos pontos.

A integração, enfatizou, não está sendo feita “para o metrô e sim com o metrô”. Sobre os problemas registrados na Estação Mussurunga, deixou claro que a integração dos ônibus metropolitanos (de responsabilidade da Agerba) foi feita de uma só vez, com uma quantidade muito grande de linhas, e antes dos acessos estarem prontos.

O presidente da Comissão de Transporte e do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira (PCdoB), chamou atenção para uma sinalização de que a crise pode se agravar: “O sindicato recebeu do Integra uma proposta de parcelar em seis vezes o 13º dos rodoviários, coisa que nunca aconteceu”. Malamut admitiu até mesma a possibilidade de uma ou mais de uma das três empresas que formam o consórcio “quebrarem”, o que ocasionaria um colapso no sistema.

Ônibus para enterro

Outro assunto discutido no encontro foi a dificuldade enfrentada, sobretudo pelos representantes de comunidades da periferia, para conseguir a liberação de veículos para enterros e outras demandas sociais. “Já tivemos caso de um morador de Plataforma morrer e o enterro ter que ser em Pirajá por falta de vaga no cemitério local. E aí, como é que transporta a comunidade sem essa colaboração das empresas, o que sempre existiu?”, questionou Orlando Palhinha (DEM).

A mesma questão foi abordada por Sabá (PV), J. Carlos (SD) e Isnard Araújo (PHS). Conforme Malamut a cota social não foi incluída no contrato da licitação do Integra, que tem regras “extremamente rígidas”, incluindo GPS em todos os veículos. Isso dificulta a retirada de carros das linhas.

Participaram também os edis Duda Sanches (DEM), Toinho Carolino (Podemos) e Ricardo Almeida (PSC).