Política

Câmara de SSA vai ajudar a defender mulheres de agressão no Carnaval

Número de agressões aumentou de 2015 para 2016 na festa soteropolitana
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 17/02/2017 às 19:26
Reunião da Comissão de Defesa da Mulher
Foto: Antonio Queirós

Os vereadores da capital baiana tomaram várias iniciativas em relação ao Carnaval 2017. Uma delas é a campanha “Salvador: Carnaval da alegria, da música e do respeito à mulher” para contribuir com a redução dos índices de violência durante a festa e conscientizar a população sobre os direitos femininos. A iniciativa da Comissão da Defesa dos Direitos da Mulher acontece pelo segundo ano consecutivo e será apresentada no domingo, 26, às 12 horas, no camarote da CMS, no Campo Grande.

A pretensão é reforçar as ações das Secretarias da Reparação (Semur) e de Políticas para as Mulheres (SPM), o Observatório da Discriminação Racial, LGBT e Violência contra Mulher. Este ano, além da central de observação, instalada no Campo Grande, o Observatório contará com cinco mirantes localizados na Casa de Itália, praças da Piedade e Castro Alves (Circuito Osmar), Barra Center e Largo do Camarão (Circuito Dodô).

Para o presidente do Legislativo Municipal, Leo Prates (DEM), a iniciativa se soma ao esforço da prefeitura e de demais órgãos e entidades carnavalescas para garantir a paz durante a festa e o respeito aos direitos das mulheres.

A presidente da Comissão da Defesa dos Direitos da Mulher, Aladilce Souza (PCdoB), destaca o papel do colegiado na rede de proteção à mulher e elogia a adesão dos parceiros: “Temos um compromisso com o combate à violência contra as mulheres durante todo o ano, mas no Carnaval reafirmamos esse empenho em conjunto com os poderes públicos, a sociedade e as entidades que fazem aqui a maior festa popular do país. As agressões contra as mulheres têm crescido. A nossa união é uma arma e a apuração dos crimes um dever”.

Mais agressões

Segundo dados do Observatório da Semur o número de agressões cresceu de 847 em 2015 para 2.025 em 2016, sendo 63% das vítimas negras. A violência física foram 1.114 casos (55%) e verbais/gestuais discriminatórios 911 (45%). O Circuito Dodô teve 455 ocorrências (22,4%) e o Osmar 1.570 (77,6%).

88% dos agressores eram foliões, sendo 956 em blocos de trio e 496 na “pipoca”. Entre esses 8% (155 pessoas) eram trabalhadores informais; 95 cordeiros de blocos e 44 ambulantes. Houve, ainda, registros incluindo policiais militares e agentes da Guarda Municipal, o que totalizou 4% dos casos.

O Ligue 180 teve um aumento de 174% de denúncias atendidas pelo serviço em relação a 2015, passando para 3.174 relatos em todo o país. A Bahia ficou em 4º lugar do ranking nacional com 223 ocorrências registradas em todo o estado.

Mais um observatório

Presidida pelo edil Moisés Rocha (PT), a Comissão Especial do Carnaval funcionará durante os dias de folia como uma espécie de observatório da festa. “Vamos estar atentos a tudo que disser respeito ao Carnaval, ouvir entidades ameaçadas de não desfilar ou que estiverem enfrentando algum problema, observar o funcionamento do esquema montado e apontar sugestões para melhorar a organização nos próximos anos”, anunciou o petista.

Ele vai agendar reunião do colegiado para o início da semana, com o objetivo de estruturar a participação dos legisladores durante a festa. Integram também o colegiado Felipe Lucas (PMDB, vice-presidente), Marcelle Moraes, Henrique Carballal e Paulo Magalhães (os três do PV),  Igor Kanário (PHS), Kiki Bispo (PTB), Duda Sanches (DEM) e Luiz Carlos Suíca (PT).

O objetivo, reforça Moisés, é repensar o Carnaval: “Não reinventar a roda, mas resgatar muito da tradição perdida”. Segundo ele, todos os integrantes do colegiado têm afinidade com a folia, incluindo dois músicos, Igor Kanário e Felipe Lucas.

Animais no Carnaval

Por conta do movimento de foliões e barulho no período de Carnaval, a verde Marcelle Moraes faz um apelo à população sobre os cuidados com os animais. Seus responsáveis, afirma, precisam redobrar a atenção para evitar mal-estar e acidentes com os bichos.

“Nessa época, fico muito preocupada com os animais, principalmente os que vivem nas ruas. Muitos animais se perdem, se estressam por causa do barulho e acabam sendo atropelados ou se acidentam de outras maneiras. Não faça da sua festa um pesadelo para os animais. Eles precisam muito de cuidado e proteção”.