Nem só de obras vive o estado e sua população. A presidente tem que dar provas de amor ao Estado, antes de qualquer coisa
Tasso Franco , da redação em Salvador |
10/11/2012 às 18:37
Dilma prestigia Wagner e a Bahia agradece sua presença e carinho com estado
Foto: Manu Dias
A presidente Dilma Rousseff ao participar de dois eventos na Bahia na última sexta-feira, 9, um deles em Malhada/Guanambi para inaugurar a Adutora do Algodão e o outro em Salvador, encontro com governadores do Nordeste para tratar de verbas para a seca, entre demais temas, acertou politicamente prestigiando o governador Jaques Wagner, depois da derrota que ambos sofreram na capital com a vitória de ACM Neto.
É exatamente esse tipo de comportamento que os baianos esperam da presidente. Todo mundo sabe que o governo federal é patrocinador das maiores obras que estão sendo executadas na Bahia, quer com a chancela compartilhada com o governo do estado, quer com vários municípios, caso, por exemplo, do projeto Minha Casa, Minha Vida.
Como o governo federal é concentrador e dono da maior parte dos recursos, esse é o modelo vigente no país há anos. E, via de regra, como a maioria dos presidentes sai do eixo Rio/SP/MG esses também são os estados mais beneficiados ao longo da história. É muito difícil quebrar esse ciclo.
Veja que, agora, por exemplo, o governo federal analisa investir algo acima de R$4o bilhões no trem bala ligando Rio-São Paulo-Campinas. Faz parte do processo essas disparidades nacionais, insanáveis. Quando o NE teria um investimento dessa natureza?
Mas, além de obras, no caso específico da Bahia, o que a baianada deseja mesmo da presidente é um pouco de carinho, de atenção com o estado e sua gente, tão generosa em votos com ela e com o ex-presidente Lula.
Desta feita, Dilma acertou. Prestigiou Wagner, anunciou a liberação futura de mais de R$454 milhões em obras, incluindo a segunda etapa da Adutora do Algodão, iniciada ainda na gestão Geddel no Ministério da Integração, governo Lula, e reuniu os governadores em Salvador quando poderia, por hierarquia institucional, participar desse encontro na sede da Sudene, em Recife.
Muito bom que a presidente tenha agido assim e que retorne mais vezes. Historicamente, nesses últimos 30 anos pós democracia, a Bahia não tem dado sorte com presidentes. Aliás, nunca deu: nem na República Velha, até 1930; nem nas fases ditatoriais varguista e castelista; nem na Nova República.
Sarney era mais amigo de ACM do que da Bahia. Collor passava para Alagoas bem alto de jatinho para não enxergar a Bahia. Itamar era mineiro até a alma. FHC paulistano que só veio aqui em época de campanha e quando viu uma buxada de bode achou que era coisa de Marte, o mesmo se diz de Lula, um paulistano/pernambucano. Agora, Dilma segue esse mesmo caminho.
Então, que a presidente tenha mais apreço com os baianos que as compensações são notórias. E, claro, prestigie o "galego" que tanto faz por ela e por Lula.