Colunistas / Crônicas
Jolivaldo Freitas

A peleja de Nossa Senhora da Vitória com o Diabo

Feira de Fraternidade com som alto e sem controle por parte da Sucom
13/11/2017 às 21:53
 Imagine uma banda que tivesse na bateria Lúcifer, na percussão Samael, no baixo Helel, na guitarra Bob Johnson, no vocal Satã e um coro de anjos decaídos e mais todos aqueles convertidos ao Demo ou que fossem o mesmo em suas várias faces: o Capitoro, o Sete capas, o Esquerdo, o Cão, o Cabrunco, o Encardido e todos os seus mais de setenta nomes. 

  Era mais ou menos assim que eu escutava a banda – sei lá qual o nome – que tocava seus tambores como se fossem a trombeta de Jericó querendo derrubar as paredes do meu apartamento, isso em plena noite de domingo passado.

   Era a réstia da importante e necessária Feira da Fraternidade organizada faz anos pela Paróquia de Nossa Senhora da Vitória, na Graça. Imagine que a festa vinha desde a quinta-feira e no início o Demônio se comportou bem e os shows acabavam no horário certo da Lei do Silêncio, lá pelas 22 horas, mas o Mefisto nunca se conforma e já na sexta-feira o nível de som aumentou um pouco mais e o horário foi um pouco estendido. 

   No sábado o Renegado já estava tomando conta do pedaço e assustando os bons samaritanos, os fiéis, os crédulos bem intencionados; o som já passava dos decibéis que os incréus da Sucom determinam que seja de 70 dBs.

   Mas o domingo, ah! No domingo, o dia inteiro o som martelando. A noite chegando e eu e o povo querendo descansar, ver um filme, assistir Faustão, Fantástico, Domingo Espetacular, apreciar uma série, ler, não fazer nada, olhar a paisagem, espreguiçar, sonhar, sonar, desestressar, namorar ou dormir... Dormir que segunda-feira é dia de trabalhar cedo, de acordar cedo (pároco de hoje em dia não acorda cedo, só de vez em quando) e a banda de Belzebu agitando, tocando alto como se estivesse no Rock n´Rio, num lugar ermo, numa zona desabitada própria para shows e estava previsto terminar às 20 horas, mas artista baiano tem o Senhor das Trevas no sangue e segue a festa até quase as 23 horas e tome decibéis.

   Eu, como outros moradores das imediações trancado, em casa, todas as portas, janelas, basculantes, venezianas e combongós lacrados e o som invadindo os nervos. Ligar para quem se a Sucom ou Semop nunca têm equipe suficiente para atender aos chamados, dizem sempre seus agentes, diretores, secretários e superintendentes nas entrevistas e jogam na cara das pessoas que somente este ano já foram mais de 40 mil denúncias, e até lembrei que há algum tempo uns vereadores ligados ao Demogogon, queriam  aumentar para 110 decibéis a permissão para algumas áreas da cidade e que o prefeito ACM Neto tomado pelo bafejos do Tranca-Rua ia aprovar o projeto, mas o povo que tem os poderes de Deus rechaçou.

  Então lembrei que a festa além de ter um caráter social é também em homenagem à Nossa Senhora da Vitória e seu nome é um título mariano e que também vem a ser o mesmo de Nossa Senhora do Livramento e eu cheguei na varanda do meu apartamento, olhei com força e lamento para as paredes caiadas (tão mal caiadas pela construtora e incorporadora que enrolaram a todos para construção do edifício Mansão Wildberg - que dizem é um escoadouro de lavagem de dinheiro - que já estão  aparecendo as paredes do século XVI) e gritei com toda fé que nem tenho:

- Valei-nos Nossa Senhora!