Cultura

MUSEU DO PAÇO PODERIA ABRIGAR MEMORIAL A THOMÉ DE SOUZA,p TASSO FRANCO

Um projeto de porte para homenagear os fundadores da cidade
Tasso Franco ,  Salvador | 21/03/2025 às 11:16
Paço Municipal
Foto: BJÁ
   Ainda a propósito do possível (e desejado) Museu do Paço Municipal (já tem até nome) na sede da Câmara de Vereadores de Salvador creio que poderia se disponibilizar uma ala para instalar o Memorial aos Fundadores da Cidade do Salvador.

   Seria de grande alcance para a atividade cultural, uma vez que há muita coisa a ser exposta, incluindo o translado dos restos mortais de Thomé de Souza da Vila Franca de Xira, Portugal, onde está sepultado, para a capital baiana.

   Mas, não só isso. Quem conhece os museus de Portugal pode ver como os portugueses cultuam os navegadores dos séculos XV e XVI, os reis e rainhas, poetas, escritores, personagens que construiram a história de Portugal. 

   No Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, estão as tumbas em mármore de Luis de Camões a Fernando Pessoa, poetas dos séculos XVI e XX, e milhares de pessoas diariamente (e de várias partes do planeta) vão a esse local em visita paga. Representa um atrativo e difusor da cultura portuguesa.

   Em Lisboa, à beira do Tejo, há um enorme monumento com uma pleiade de navegadores portugueses, desde Vasco da Gama (o mais cortejado) a Pedro Álvares Cabral descobridor do Brasil. 

   E onde está o monumento aos fundadores da cidade do Salvador? Existe um painel de azulejos no Porto da Barra local que é também usado como sanitário público. Essa é a diferença.

   Então, no Memorial a Thomé de Souza ou aos fundadores de Salvador a ser instalado no Museu do Paço poderiam ser colocadas réplicas das naus Nossa Senhora da Conceição, a capitânea comandada por Thomé de Souza; a Nossa Senhora da Ajuda, comandada por Antonio Cardoso de Barros, provedor da Fazenda Real; a São Salvador, comandada por Duarte de Lemos; as caravelas Leoa - comandada por Pero de Góes, capitão mor do Mar da Costa; e Rainha comandada por Christovão Cabral; e o bragantim São Roque, com comandos divido por Francisco da Silva e Gregório Fernandes.

   A travessia do Atlântico, o Mar Tenebroso, foi uma aventura de dois meses, 5 embarcações, mais de 1000 homens, armas de mão e canhões, caixas com balas e bolas de ferro, pólvora, barris d'água, bacalhau seco, bolachas, vinho, isso no ano de 1549 saindo do cais do Restelo no inverno (frio de 10 graus em Lisboa) e alcançando o litoral brasileiro no verão o que exigiu mudanças de vestes numa logistica fantástica guiados por astrolábios e estrelas.

   E vale observar que havia de tudo nessas embarcações de grumetes, marinheiros experientes, a degredados, soldados, carpinteiros, pedreiros, burocratas do fisco da Corte, padres. etc, etc, gente que nunca tinha navegado dantes e havia apenas 1 médico para todas essa armada.

   O memorial pode abrigar todas essas histórias - livros, documentos, croquis, etc, etc. É de uma riqueza imensa e pode ser transformado numa oficina de leitura, de estudos, e a computação está aí para ajudar nessa tarefa.

   Mas é claro que isso exige vontade política e muitos recursos que a CMS não os tem em sobra. Ano passado, o presidente Carlos Muniz, informou a imprensa que devolveu a Prefeitura R$11 milhões de sobras das economias que fez no orçamento. Uma grana desse porte (mais R$11 milhões de 2025) já somaria R$22 milhões e seria um ponta-pé inicial, mas ainda é pouco.

    Pois, todo esse trabalho que falei acima exige pesquisas, contratações de artesãos e técnicos, etc, etc, projetos em mármore e madeira de lei, projetos de aquitetura e museologia, informática.
 
   Cultura custa dinheiro, Infelizmente, ontem, o Congresso brasileiro cortou 84% da verba destinada a Lei Adir Blanc que era de R$3 bilhões e minguou para R$400 milhões num país com 27 estados do tamanho da Europa.

   Importante também destacar que se Carlos Muniz fizer esse projeto entra para a história da CMS e da cidade. A cultura é quem projeta um administrador, um homem  publico. Em Salvador, Luis Viana Filho é mais conhecido por seu governo ter construido a Biblioteca Central dos Barris do que pelo Pólo Petroquimico; e Jaques Wagner mais pela Neojiba do que pelo Parque Eólico.  (TF)