Além disso, há um quarto ponto a considerar: para onde vai a sede da Cânmara com seu plenário, o gabinete do presidente e as estruturas de apoio administrativa, financeira, assessorias parlamentares, imprensa, etc.
São pontos relevantes porque estamos falando de um prédio do século XVII, tombado pelo IPHAN, grandioso, que, em parte sofreu um incêndio no dia 24 de fevereiro último, e que, para ser adaptado a um museu exige um projeto bem ajustado e que necessita caminhar passo-a-passo com a museologia.
Assim, aconteceram, por exemplo quando da implantação dos museus Carlos Costa Pinto, MAB e MAM que surgiram de ideias, de desejos e tinham na mira acervos, portanto caminharam juntos. O D'Orsay de Paris que era uma estação de trem segue nesta mesma linha.
Ao que se sabe, a CMS tem um acervo pequeno que está no seu memorial nesta sede. Mas, é pouco ou quase nada se houver um projeto de grande amplitude em todo prédio de um museu.
Uma ideia completar que poderia se associar a esse projeto seria implantar o Memorial a Thomé de Souza, débito que a cidade tem com seu fundador.
Em sendo assim, transladar-se-ia os restos mortos de Thomé que se encontram em Portugal, na Vila Franca de Xira, e há uma enorme documentação e outras peças sobre a fundação da cidade e que poderiam ser incorporadas a esse museu.
Um museu na atualidade tem um dinamismo bem adverso dos antigos museus onde via-se somente o que estava exposto e fim. Hoje, um museu agrega restaurante, área de contemplação e lanchonete, loja de produtos das réplicas de peças do museu e outros, expos permanentes e temporárias, oficinas variadas para estudantes, museólogos, etc, visitas guiadas de estudantes.
Enfim, não é um local estático, paradão. E esse é outro aspecto importante porque na cidade do Salvador são poucos os que fazem isso e não existe uma cultura de visitação a museus.
Todos nós sempre falamos da Europa e dos museus de NY, Londres, Paris, etc, mas é sempre bom lembrar que nesses locais existe essa cultura e a quantidade de turistas direcionados a esse fim é muito grande. Os brasileiros, por posto, que pouco vão a museus no Brasil quando viajam para o exterior visitam museus, quer aqueles mais folclorizados como os de cera; quer os mais intelectualizados como Louvre (Paris) ou a Galeria Tate (Londres).
Um bom exemplo disso que estou falando está no Museu da Misericórdia recém inaugurado no centro de Salvador e que está com uma boa infra nesse sentido, o ingresso custa R$30,00 (na Europa custa em média 15 euros = R$90,00) e tem poucos visitantes. E temos, adiante no Corredor da Vitória, o belissimo museu Carlos Costa Pinto que fechou a biblioteca e também fechou a loja de produtos do museu por falta de estrutura e clientes.
A idéia de Muniz, portanto, é excelente, porém todas essas questões precisam ser analisadas e isso leva um tempo enorme quando a vontade politica é pouca. Quando a vontade politica é grande faz-se a tempo menor.
Na Bahia há pessoas e empresas capacitadas para isso desde a realização dos projeto de arquitetura aos de museologia, bons curadores, bons pensadores (e Antonio Risério está à disposição) e também é boa a proposta de levar a sede da Câmara para o prédio do antigo Cine Excelsior na Praça da Sé, que pertence a Fundação Mariana de São Luis, que está abandonado há muitos anos e daria uma nova vida a Sé.
A Praça da Sé - a propósito - está precisando disso, de uma revitalização, substituir o piso, limpar os antigos alicerces da Sé Primacial e colocar placas indicativas (hoje, pardieiro de gatos), colocar a fonte d'água para funcionar, emfim, rearrumar, reorganizar, e se asede do Poder Legislativo da Cidade for para este local permitirá que os vereadores (como os antigos bispos da Diocese) andem pela Sé, Terreiro, Rua do Binpo, Saldanha, praça Ramos de Queiroz, e isso ajuda bastante. Mas, também é bom lembrar que o antigo Cine Excelsior precisa de investimentos.
No total, diria, a grosso modo que são investimentos que giram em torno de R$50 a R$100 milhões o que não parece assombroso uma vez que Governo do Estado e Prefeitura e mais associados investiram entre R$40 milhões a R$50 milhões em artistas e suas bandas para homenagearem a AXé Music no Carnaval, momentos majestosos e que já passaram. E investimentos em Cultura no tipo museus e recuperação de prédios ficam para a eternidade. (TF)