Cultura

VISITEI ALFARRABISTA TRINDADE EM BUSCA DOCUMENTOS SOBRE MADEIRA (TF)

Documentos que podem esclarecer melhor as lutas de 1822/23 na Bahia e o papel deste herói português brigadeiro Madeira de Mello
Tasso Franco ,  Salvador | 16/01/2024 às 11:31
Em visita ao alforrabista (sebo) Trindade, Lisboa, Ladeira do Alecrim
Foto: Arho Susej
      Lisboa tem vários sebos de livros que são chamados de alfarrabistas e sofreram com a pandemia do coronavirus, alguns deles fechando as portas e outros reciclando-se. Uma luta insana uma vez que os clientes, como era natural, se recusaram ir às lojas, como sabemos, repletas de livros antigos com poeira e desarrumação constante.
   
       Estive na Trindade o alfarrabista da rua do Alecrim, uma das mais conceituadas de Lisboa, a procura de livros e alguns documentos sobre Ignácio Madeira de Mello, o comandante das forças portuguesas que atuou em Salvador nas lutas pela dominação da Bahia, em 1822, o que se configurou como a guerra da Independência da Bahia, em 1823, já instalado o Império por Dom Pedro I a partir de 7 de setembro de 1822.

    A Livraria Trindade é um alfarrabista e antiquário fundado em 1960 e tem um acervo espetacular e vende (e compra) além de livros, mapas, cartografias, objetos de arte antigos, bem diferente, por exemplo, do Sebo Brandão, o mais procurado de Salvador, que só vende (e compra) livros.. 

    Antônio Pereira da Trindade é, hoje, o responsável pelo ofício da família. Os avós, nos anos 30 do século passado, começaram a comprar e a vender recheios de casa – móveis, livros, toda a parafernália, no negócio que tinham em frente do Mosteiro de Alcobaça. 

   Em 1960, o pai, João Campos Pereira da Trindade, abriu esta loja na zona mais emblemática para o livro raro e usado, o Chiado. Começou na Rua Anchieta e, em 1988, passou para a atual morada, Ladeira do Alecrim, tão cita nos romances de Eça de Queiroz. Foi com os familiares que António aprendeu  ofundamental, e com a experiência desenvolveu tudo o resto.

   Pesquisamos nas prateleiras da Triindade e não encontramos nada referente ao brigadeiro Madeira de Mello, pouco estudado na Bahia e mal interpretado nos livros da história, ele que voltou a Portugal, em 1823, foi preso por ordem de dom João VI em Lisboa e depois absolvido e aposentado como brigadeiro recebendo honrarias em Portugal. 

   Achamos, no entanto, um documento datado de 1823 escrito por Madeira de Mello que o alfarrobista não tinha em sua loja e ficou de tentar conseguir com colegas e enviar-me a Bahia. 

   Para isso, estamos mantendo uma correspondência via e-mail e este documento pode ser muito valioso para se entender como se deu a fuga de Madeira de Mello para Portugal no dia 2 de julho de 1823 e porque os comandantes militares do Exercito Pacificador não conseguiram prendê-lo em Salvador (TF)