Cultura

A PROMETIDA DE ZORTH 9: JÚLIA ESCAPA DA MORTE NA TRILHA WALLA WALLA

Motociclista integrante das Trenks tenta jogar Julia em despenhadeiro, mas ele conseguiu se salvar
Tasso Franco , da redação em Salvador | 04/03/2021 às 10:42
Júlia, a Montana
Foto: Seramov
    No capitulo anterior, de "A Prometida de Zorth (o alfa supremo)", novo livro de TF, Júlia se encontra com o man-lobo no inferninho e depois participa de uma trilha com motociclistas. Ela faz tudo para se aproximar do alfa, mas os inimigos estão por perto lhe olhando e mais uma vez escapa da morte.

  JÚLIA ESCAPA DA MORTE NA TRILHA WALLA WALLA


   O que se passou depois da festa do Boi Valente entre Júlia e Zorth são segredos das sete missões. A olheira cumpriu a promessa e informou a Zaram - a prometida de Zorth - que havia uma humana no seu caminho querendo destruir sua vida.

   Júlia seguiu sua vida normal. Estava feliz. Não houve incidentes no inferninho como no da boate, suas amigas também se deram bem na festa.  Anna sugou tanto que repintou os lábios três vezes. Norda exibiu seu derrière em contatos com um jovem guapo e Duza deu tantos amassos que seus seios ficaram reds.

   No dia do exame para habilitar a pilotar motos Júlia estava uma pilha de nervos, mas Télson conseguiu acalmá-la. Disse que o mais importante era manter o equilíbrio sobre a moto e não se preocupar com o examinador. Olhar bem para as balizas e fazer o percurso sem afobação, sem erros.

   Funcionou. Júlia foi brilhante e em nenhum momento deu sequer uma barbeirada. 

   Télson ficou muito alegre com o desempenho de sua aluna e disse que dentro uma semana, no máximo, poderia pegar sua habilitação no SAC e se preparar para fazer a primeira trilha na Walla-Walla distrito do Morrinho - Pau da Bandeira - um local sem muita dificuldade, porém, com algumas curvas perigosas, pedregulhos nos trechos e uma descida que precisava ter alguma perícia e musculatura firme para segurar a moto.

   Júlia chegou em casa entusiasmada e disse aos pais que fora aprovada no exame e iria fazer uma trilha assim que recebesse a habilitação sob a orientação do instrutor Télson e de um grupo de motociclistas da Serra. 

   Era um domingo, manhã fria, o grupo sairia da Aríate, pegaria a BR-116, depois a BA-050, adiante 12 km avançariam por uma estrada municipal de cascalho e logo depois, mais 9 km, chegariam ao pé do Morrinho e começaria a trilha propriamente dita. 

   Júlia se apresentou na Aríate toda paramentada: botas cano longo, calça preta, blusão de motoqueira, luvas, capacete e um kit com água e lanche. Ao chegar no pátio da escola já havia alguns motociclistas e ela foi sendo apresentada por Télson. Só conhecia um dos meninos, o Aron, mas, isso era de menos.

   De repente, chegou uma turma de harley bem incrementada com descarga aberta e fazendo a maior zoeira. Ela ficou admirada com aquele grupo e procurou saber de Télson quem eram os cavaleiros de aço.

   - São elas, disse Télson, as Trenks. Assim que estacionarem vou lhe apresentar.

  Uma a uma foi parando as motos e retirando os capacetes das cabeças. 

  Uma era ruiva e sardenta pela primeira impressão de Júlia. A outra era uma negra de cabelo black-power. A terceira era tipo professora de escola normal óculos redondos escuros e piercing discreto no nariz. A quarta tinha cor de canela parecia uma tupinambá com as orelhas perfuradas e vários piercings.

   Se aproximaram e Télson foi apresentando-as uma a uma por seus nomes de guerra. 

   - Meninas esta é uma nova aluna aprovada com habilitação para RTX. Ainda não tem nome de guerra. 

   Depois, Télson foi revelando os nomes das Trenks: Koosa (a ruiva), Okone (a negra), Saúk (a professora) e Wabash (a cor de canela).

   - Seja bem vinda disseram elas em grito uníssono levando os punhos e balançando os braços três vezes. 

   Júlia não estava acostumada com aquele ritual, nem com esses gestos, mas, quem está na chuva era para se molhar, também levantou o punho e gritou Montana lembrando de uma aula que assistira sobre as Montanhas Rochosas nos EUA e um estado chamado Montana, que ela gostava dessa palavra.

   - Taí um bom nome de guerra para você, Montana. Aqui todo mundo tem esses nomes para facilitar a comunicação e também por charme, né. O Télson, não sei se ele já lhe falou, para nós é o Tigre e temos aqui o Búfalo, o Dino, o Bárbaro, o Golias, o Brutus e outros que você vai conhecer com o tempo, disse a ruiva.

  - A black sussurrou no ouvido da ruiva: tezudinha essa mina.

   - Júlia nada disse como se consentisse que seu nome de guerra fosse mesmo Montana, embora quisesse algo mais doce, Corsa, Coelhinha, Ema, mas, sentiu que a turma de cross, de trilha, é tipo barra passada no bom sentido e não tinha nenhum nome. 

   Que fosse Montana. Tava tudo bem. Seu objetivo, na realidade, era outro. Sonhava com a Raio de Sol levar sua moto até a oficina de Zorth.

   Sob o comando de Tigre a turma partiu. O ronco das motos era assustador, mas, ao mesmo tempo fantástico. A marcha era na BR 60 km, na BR 50km, e na trilha entre 50 e 60km, tudo monitorado por Tigre. Júlia se posicionou mais próximo dele e também de outros meninos. 

   As Trenks iam mais atrás em fileira. Na BA, Koosa deu uma arrancada e encostou na moto de Júlia, parelha com parelha. Júlia assustou-se, mas, lembrava-se do exame no Defran e na fala do professor para manter-se calma, olha para a frente, ficar atenta as sinalizações. 

  A moto da ruiva tocou de leve na de Júlia assustando-a. Ela acenou com mão pedindo desculpas, Júlia fez o sinal positivo com o dedo, mas, ficou achando que tinha alguma coisa à vista entre as duas. 

   Estaria a vaca paquerando-a? Não parecia ser isso. Nem de ruiva gostava. Aliás, não gostava de ruiva, de branca, de índia, de negra, de nada, seu foco era outro, só se dava bem com cheiro de homem. 

   No Morrinho, subida da Curva do Cruzeiro, Télson deu as últimas instruções pedindo que ninguém ultrapassasse o outro e lá se foram. 

   Tigre monitorava Montana. Era a primeira vez que ela fazia a trilha. Quando atingiram o topo da Pedra da Tartaruga que tinha uma boa vista do vale e até da torre da catedral da Serra pararam para um lanche, fotos, beber água, e saber se estava tudo bem com todos.

   - Maravilha citou Saúk. Trecho com nota dez para todos. Minha moto soluçou um pouco na curva do Lagarto mas foi falha minha ao trocar de marcha.

   Júlia estava encantada sentada com as pernas cruzadas, blusão aberto, seios recebendo aquele ar dos campos, cheiro de alecrim, o sol ainda morno, bebendo um pouco de água e comendo meia barra de PRO 3D Vit.

   Tigre deu 15 minutos para relaxamento e partiriam até o topo do Cruzeiro onde teriam uma vista melhor da Serra e relaxariam por meia hora. 

   Os motores roncaram. Tigre deu a bandeirada e em menos de 30 minutos estavam todos no Topo do Cruzeiro. Júlia ficou encantada com a visão da Serra, as ruas, as casas pequeninas, procurar a sua com o olhar fixo no Açude da Bomba e dali tirava uma reta para ver se conseguia localizar sua casa. 

   Estava suada, ansiosa, os braços doendo um pouco pelos solavancos da moto, mas, feliz da vida. 

   Koosa e Okana se aproximaram dela e lhe fizeram um convite: - Anjinho, não fique sozinha assim. Junte-se a nós que sua trilha ficará mais animada.

  Júlia desconversou explicando que era sua primeira trilha, não tinha experiência, e com o tempo, quem sabe poderia fazer parte das Trenks. 

   A com cara de sonza, lhe ofereceu um energético. Ela recusou. Disse que não estava acostumada a usar energéticos.

   - Bobinha. Não sabes o que perdes. Dá vigor, dá até tesão, riu Okana.

   - Não se assuste com as brincadeiras delas, comentou Koosa. Ela é assim mesmo destrambelhada.

   Júlia balançou os ombros como se dissesse tudo bem.

   - Agora, não queira também fazer c.. doce, nem ser a princesinha, porque em turma de motociclistas isso não cola, advertiu a cor de canela.

   Júlia se assustou, mas, respondeu à altura: - Você está muito enganada baby sou muito decidida e firme. Ninguém pisa em meus calos.

   A cor de canela alterou a sobrancelha, arrepiou, hirsutou, rangeu os dentes, deu pra notar que rosnava entre os caninos e suas unhas ficaram maiores. 

   Tigre apitou. Estava na hora de partirem. Todos colocaram as luvas e capacetes iram descer pela contra costa do Morrinho, passar pela pedra do Camelo, com duas lombadas, depois pelo caminho do despenhadeiro até chegar à planície e voltar a Aríate pela BA-090.

  Júlia sentiu pelo rosnar da ruiva que ela era uma loba. Já tinha algum conhecimento sobre os Grous e ficaria atenta. 

   Depois da Pedra do Camelo a moto de Koosa emparelhou com a de Júlia. Ela pensou em pedir ajuda a Tigre, mas, manteve-se firme. Na descida do despenhadeiro a tatuada atropelou. A moto de Júlia rodopiou e por pouco ela não cai no alto no vale. Salvou-o uns pés de mandacaru na beira da estrada. 

   O cortejo foi paralisado e Tigre deu os primeiros socorros a Júlia. Felizmente ela não teve nada demais salvo uma pequena torção no braço. Sua moto, no entanto, teria que ser rebocada. O guidão empenara no choque. 

   Tigre chamou Kossa as falas e ela disse que foi um choque acidental. Não tinha culpa no cartório e pediria desculpas a Júlia, o que o fez ali mesmo na trilha e depois faria uma mais demorada na Aríate.

   Júlia não se abateu. Disse que isso acontecia e tudo bem. Mas, óbvio que Júlia sentiu que a batida foi provocada de forma proposital para Kossa. 

   Na Aríate, Télson pediu mil desculpas a Júlia, disse que sua moto seria encaminhada para a Raio de Luz para reparos. Koosa também pediu novas desculpas. 

   Julia foi levada para o SEMIL para colocar uma tala no braço e a vida seguiu em frente. Ao chegar em casa seus pais ficaram assustados com o ocorrido, mas, ela minimizou. Disse que foi uma bobagem. 

   Sabia, no entanto, que esteve mais uma vez a beira da morte, se tivesse realmente caído do despenhadeiro. Ficou matutando, querendo entender qual o papel da tatuada naquela história e se ela tinha alguma ligação com o duelo do pub da Estação. 

   Primeiro precisava saber qual seu verdadeiro nome para então ter a certeza de que era a loba que tentou matá-la no pub, ou uma aliada da vingadora.
                                                 *****
   *** No próximo capítulo Júlia vai descobrir a verdadeira identidade de Koosa e se ela está a serviço da prometida para lhe matar.