Um santo quase mundial e que é cultuado em vários países
Tasso Franco , da redação em Salvador |
19/01/2020 às 12:16
Imagem de Fernando, santo Antônio, que mais se aproxima da vida real, Pádua
Foto: BJÁ
O personagem mais popular da história de Portugal chama-se Fernando Martinho de Bulhões e quase um milênio do seu nascimento ninguém conseguiu destroná-lo.
Há outros personagens da história deste país mais importantes dos pontos-de-vistas político e literário e o endeusado navegador Vasco da Gama.
Mas, nenhum deles, (Portugal valoriza muitos seus escritores, entre eles, Luis Vaz de Camões, Alexandre Herculano, Fernando Pessoa e José Saramago, alguns dos seus monarcas, o pai da Pátria, Afonso Henriques, Dom Manuel I, Dom João III, Isabel - a rainha santa -, o marquês de Pombal) em popularidade, supera Fernando, o frade que iniciou sua carreira religiosa com cônegos regrantes de Santo Agostinho, depois com dominicanos em Coimbra e tornou-se francsicano menor com o nome de Antonio, sendo canonizado como santo Antônio pelo papa Gregório IX, menos de um ano após sua morte, em 1232.
É impressionante a devoção a Santo Antonio em Portugal, patrono do país, conhecido como "martelo dos hereges" e "doutor evangélico", entre outros títulos, e também a devoção muito forte no Brasil, em Salvador onde foi seu primeiro padroeiro e em milhares de localidades, embora seus restos mortais repousem na Basílica de Pádua, na Itália, onde morreu em seus arredores, na localidade de Arcela, no ano de 1231.
Por que essa adoração tão forte a Santo Antônio em Portugal, em vários países da Europa, especialmente Itália, França e Espanha, e no Brasil?
Não há uma explicação sobre esse fenômeno, um santo quase mundial, mas, entende-se que um dos fatores está relacionado a sua simplicidade de viver, a sua pregação evangélica, a popularização dos pães para os mais pobres e a simpatia a imagem singela do frade que era belo, alto para os padrões da época, entre 1m68cm de altura a 1m70cm e taumaturgo, milagreiro.
Teria feito vários milagres - dos peixes, da mula, da bilocação etc - e pregado o evangélio no interior da França e da Itália já com o nome de Antônio e integrante da Ordem dos Frades Franciscanos Menores, de São Francisco de Assis. Um dos grandes pregadores a ponto de Gregório IX tê-lo classificado como "Doutor Evangélico" e primeiro lente de Teologia da Ordem de São Francisco.
O território de Portugal antes de fundação da nacionalidade aos dias atuais tem 59 santos no panteão do Vaticano, entre mártires e os analisados pela Congregação para a Causa dos Santos presidida pelo cardeal espanhol de Valencia, Antonio Lovreda.
O primeiro santo português data de 60 d.C. primórdios da igreja católica, São Pedro de Rates, a terra onde está sepultado o fundador da cidade de Salvador, Thomé de Souza. Os últimos eleitos pela igreja foram frei Galvão e São José Anchieta. E outro santo mártir portugues o jesuita Francisco Xavier é padroeiro da capital baiana.
Mas, nenhum deles, nem a rainha santa Isabel; nem São Vicente; nem santa Iria; tem a popularidade de Santo Antônio. Neste domingo, por exemplo, no município de Xábia, região metropolitana de Valencia, Espanha, haveria a bendição de animais na paróquia de Sant Antoni suspensa devido a tormenta e ventos fortes com neve por lá. Em quase todas as igrejas da Espanha há uma capela altar para Santo Antônio.
Na Bahia, há centenas de igrejas dedicadas ao santo. Em Salvador, o Farol da Barra, monumento histórico mais importante da cidade, tem o seu nome; e há templos na Barra, na Mouraria (dá época dos mouros), no Santo Antonio Além do Carmo (nome de um bairro e igreja) e noutros bairros.
O frade Antonio faleceu em Arcela, nos arredores de Pádua, de hepatite. Os estudos científicos atuais apontam que ele sofria de hidropasia (edema) contenção de água no corpo e doenças como nefropasia e cardiopatia.
Possuia pés e pernas fortes com joelhos apresentando sinais de que permanecia muito tempo ajoelhado e sintomas de bursite e oeteíte, e infecção sobre a paleta , e que possuia três costelas do lado esquerdo do corpo com dimensões anormnais, supõ-se pelo peso de livros e manuscritos que levava consigo.
Muito de sua obra evangélica se perdeu porque oral, mas, há documentação sobre seus trabalhos como pregador do evangeliário. Faleceu em 1231 aos 36 anos de idade. Era filho de dom Martinho de Bulhões e dona Maria Teresa Taveira. (TF)
