Cultura

Exibição de "Marighella" em Berlim vira ato político com brasileiros

De acordo com o jornal El País, a entrevista coletiva pós-exibição, onde o ator e diretor estava acompanhado por 30 integrantes da equipe artística e técnica do filme, se transformou em um ato político.
Nara Franco , RJ | 16/02/2019 às 16:02
Wagner Moura e a placa Mariele Franco
Foto:
Marighella, filme que marca a estreia na direção do ator Wagner Moura, foi exibido na seção oficial — embora fora de concurso — do Festival de Cinema de Berlim. O filme narra os últimos cinco anos de vida — de 1964 a 1969 — de Carlos Marighella, político e escritor, líder do Partido Comunista Brasileiro, que foi expulso da sigla quando, depois do golpe de Estado de abril de 1964, decidiu passar para a luta armada.

De acordo com o jornal El País, a entrevista coletiva pós-exibição, onde o ator e diretor estava acompanhado por 30 integrantes da equipe artística e técnica do filme, se transformou em um ato político. 

 “Meu primeiro instinto, depois de ler a biografia em que se baseia o roteiro, foi produzir o filme. Como não encontrei um diretor, eu me arrisquei, já que não achava que ia ser tão complicado. Só me considero um ator que dirige. Por outro lado, foi a experiência artística mais importante da minha vida”, disse.

Comparando o filme com o momento atual, Wagner Moura foi enfático: 

“Marighella, líder social negro, foi assassinado em 1969 dentro de um carro por disparos da polícia. Meio século depois, uma ativista social negra [refere-se a Marielle Franco] foi assassinada no Rio dentro de um carro por membros das forças de segurança. A situação de torturas e assassinatos é a mesma. É o Estado que não mudou, e ele escolhe seus inimigos". 

E aumentou o tom: 

"Sofremos uma situação horrorosa, a pior que o Brasil vive desde a ditadura. Hoje há um genocídio contra a população negra, contra quem vive nas favelas".

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