Cultura

FEIRA: Obra e talento do artista Zé Andrade marcam os 22 anos do MAC

O jovem em questão era o hoje artista plástico Zé Andrade, que voltou na terça-feira, 24, para Feira de Santana com sua exposição 40 anos de um artista da terra.
Secom PMFS , Feira de Santana | 28/07/2018 às 11:48
Zé Andrade e sua obra
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Há mais de 45 anos, no antigo Cine Íris, um jovem e seus amigos, depararam-se com um filme específico, Santo Guerreiro Contra o Dragão da Maldade. Sempre acostumados com filmes de heróis europeus, não entenderam o que viram e saíram insatisfeitos ao final do filme.

Decepcionados, os meninos passaram o resto da noite fazendo chacota do jovem que teve a ideia de levá-los para assistir tal filme. O jovem em questão era o hoje artista plástico Zé Andrade, que voltou na terça-feira, 24, para Feira de Santana com sua exposição 40 anos de um artista da terra.

“Naquele dia eu vi a minha cara na tela. Meu padrão era europeu, americano e ver aqueles caras sem dentes, com o mesmo gestual, a mesma coisa mediante a meu vizinho, eu estranhei aquele intruso. Isso me tocou profundamente, o Glauber me deu o espelho o qual eu vi a minha cara. Não podemos rejeitar a nossa baianidade, temos que aceitar e apreciar a arte da nossa terra. Essa arte que tento trazer nesse recorte de 40 anos com as minhas obras”, explica o artista.

Passou pela Escola de Menores

Zé Andrade, de Ubaíra, chegou adolescente a Feira de Santana, época difícil onde passou pela Escola de Menores e chegou a ser fradinho capuchinho. Sua rotina diária e a facilidade em ter acesso aos livros foi o que deu início à sua vida artística. “Tive muita informação durante o tempo que eu estive lá. Tinha muitos livros à minha disposição. Me incendiou a cabeça, e eu saí cheio de conhecimento inflamado, mas sem carpintaria. Me senti completamente perdido sem encontrar os meios para expressar meu trabalho. Foi um grande conflito”, conta.

Mas para a sorte de todos, Zé Andrade se encontrou e construiu uma carreira cheia de Frutos. Mesmo com toda dificuldade que passou em Feira, o artista não deixa de esquecer a terra que participou de sua formação.

Exposição foi uma viagem ao passado

Sua exposição é parte das comemorações pelos 22 anos do Museu de Arte Contemporânea (MAC). “Há 40 anos fiz minha primeira mostra individual no Rio, e hoje volto para esse espaço que eu frequentava e vi obras de arte e trabalhos de grandes artistas. Essa casa que me influenciou bastante”, expressa.

Uma semana antes, o MAC ofereceu a oficina “Técnicas e Maneiras de Lidar com o Barro”, um projeto proposto pelo museu e apoiado pela Fundação Cultural Egberto Costa, que viabilizou a vinda de Zé Andrade, proporcionando uma troca de experiências e aprendizado entre os participantes e o artista.

A exposição fica e pauta até 22 de agosto. É uma linha do tempo contada através dos trabalhos do artista. São homenagens, críticas, lembranças que trazem ao espectador várias interpretações e questionamentos. Além da exposição principal, ficará exposto também o resultado da oficina com as 20 obras dos participantes.