Bahia

LENDÁRIA CORUJA-MURUCUTUTU É REINTEGRADA À NATUREZA EM RESERVA NA BA

Ave está entre os 32 animais silvestres recuperados pelo Cetas Salvador
Juracy dos Anjos , Salvador | 03/03/2024 às 10:59
Lendária coruja-murucututu
Foto: Divulgação

Os hábitos noturnos, como os da maioria das aves do seu gênero, os olhos de intenso amarelo, o canto poderoso e sombrio e sua facilidade para se camuflar entre as árvores - a que a torna fácil de ser ouvida, mas difícil de ser avistada - alimentam o mistério em torno da coruja-murucututu. Tanto que o escritor e folclorista Luís da Câmara Cascudo a retratou como aquela que, segundo a lenda indígena, é invocada para dar seu sono às crianças que demoram a dormir. E é um exemplar da murucututu, de nome científico Pulsatrix perspicilata, está entre os 32 animais silvestres reintegrados ao meio ambiente nesta sexta-feira, 1º, no Projeto Cachoeira, reserva ambiental pertencente à Bracell no município de Entre Rios.

 

"Além da beleza estética, a murucututu, como outras aves de rapina, atua no controle de roedores que podem causar doenças, anfíbios e serpentes, sendo considerada um importante bioindicador de qualidade ambiental. Por isso, sua presença no ambiente é tão importante para a dinâmica do ecossistema e para a sociedade", afirma o biólogo Igor Macedo, especialista em Meio Ambiente da Bracell. A espécie, também conhecida como coruja-de-óculos, mede entre 37 e 55 centímetros e pode ser vista da Bahia até o Rio Grande do Sul e ainda em regiões do Paraguai e Argentina.

 

Os demais animais reinseridos na natureza foram 10 jiboias (Boa constrictor), uma cobra-cega (Amphisbena vemicularis), uma cascavel (Crotalus durissus), uma jararaca (Bothrops sp.), seis sariguês-orelhas-pretas (Didelphis aurita), dois cágados-pescoço-de-cobra (Mesoclemmys tuberculata), um cágado-de-barbicha (Phrynops geoffroanus), duas corujinhas-do-mato (Megascops choliba), dois gaviões-carcará (Caracara plancus); dois gaviões-carrapateiros (Milvago chimachima), um gavião-pernilongo (Geranospiza caerulescens), um iguana-verde (Iguana iguana) e um socozinho (Butorides striata).

 

A soltura foi realizada por uma equipe do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Salvador, órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente da Bahia (Sema) com apoio de técnicos da Bracell.

 

O Projeto Cachoeira foi escolhido para a soltura por ter condições naturais adequadas para acolher as espécies. A propriedade, parcialmente utilizada pela Bracell para o cultivo de eucalipto, tem uma importante área de reserva ambiental banhada pelo rio Sauípe e foi certificada pela Secretaria de Meio Ambiente como Área de Soltura de Animais Silvestres (Asas). Além dessa unidade, a Bracell possui mais duas Asas: o Projeto Sergipe, em Jandaíra, e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Lontra, em Entre Rios e Itanagra.