Bahia

SEM ACORDO, UEFS MANTÉM GREVE E UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA PARADA

Expectativa de que seja encontrada solução ainda hoje
Tasso Franco , Salvador | 11/10/2023 às 11:27
Imagem do Acorda Cidade
Foto: Miriam Rios
     Estudantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) estão em greve desde a última sexta-feira (6). O movimento reivindica a reposição por convocação e concurso de todo quadro efetivo de docentes; e reformulação e reajuste imediato do "Mais Futuro"; a ampliação da permanência estudantil, através do 1% da Receita Líquida de Impostos (RLI); a recomposição e ampliação do orçamento universitário para 7% da RLI.

A mobilização que começou com o fechamento do pórtico da universidade com a presença estudantes de alguns cursos, alcançou um momento histórico ao reunir 1790 estudantes para discutir os rumos do movimento e decidir pela paralisação das aulas, de forma democrática, mediante votação. Na quinta-feira (5), um Conselho de Entidades de Base (CEB), que organizou a assembleia geral de estudantes, já tinha contado com a participação todas as entidades estudantis.

Em nota, a Associação de Docentes da Uefs (Adufs Seção Sindical do ANDES-SN) reconhece a legitimidade da greve estudantil e enfatiza a sua importância, diante de um cenário de anos de extremo descaso dos governos estaduais. “Temos denunciado ao longo dos últimos anos que os governos do Partido dos Trabalhadores (PT) comprometeram significativamente, entre outras coisas, o orçamento destinado às Universidades Estaduais da Bahia (UEBA), impactando diretamente as atividades de ensino, pesquisa e extensão. A mobilização de agora é o resultado de gestões que não priorizaram a educação pública superior e colocou o desmonte das universidades públicas como um projeto nestes governos”, afirma a Adufs SSind.

A Seção Sindical lembra ainda que a greve estudantil da Uefs não é um movimento isolado, nem se distancia das demandas que vêm sendo exaustivamente discutidas pelo movimento docente. A mobilização crescente em defesa das universidades públicas, pela ampliação do quadro docente e da assistência estudantil, entre outras pautas, também resultou em paralisações das atividades nas universidades de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp).

Também o ANDES-SN se pronunciou em apoio à greve dos estudantes da Uefs. Em nota publicada nesta segunda-feira (9), o Sindicato Nacional aponta "que a pauta dos e das estudantes é uma resposta ao desmonte da educação pública realizado pelo governo do estado. A mobilização estudantil que ocorre na UEFS é legítima, mostra que apenas a mobilização pode fazer avançar nossas lutas e deve ser apoiada por todos e todas que defendem a educação pública e as Universidades Estaduais da Bahia".

O documento expressa ainda o apoio do ANDES-SN à greve dos e das estudantes e reafirma seu compromisso histórico na defesa de uma educação ancorada em valores democráticos que perpassam, dentre outras questões, pelos investimentos públicos indispensáveis ao pleno funcionamento das universidades, com qualidade nos quesitos Ensino, Pesquisa e Extensão, dirigidos aos(às) seus(suas) estudantes e docentes, como no caso, das estaduais da Bahia.

CORREIOI

 Os estudanbtes foram surpreendidos por uma viatura da Ronda Escolar da Polícia Militar (PM) na noite de segunda-feira (9), enquanto estavam reunidos na universidade. Segundo relatos, policiais tentaram entrar no local através do portão lateral, mas foram impedidos pelos alunos, que acreditaram que estavam sendo alvo de intimidação em função da greve.

"Recebemos uma mensagem dizendo que um carro da polícia estava tentando entrar no portão lateral. Todo mundo foi para lá [com intuito de] impedir que eles passassem, porque a polícia não tem autorização para entrar na Uefs normalmente. Existe a autonomia da universidade. Eles [PMs] alegaram que era para fazer a Ronda Escolar, porque a Uefs tem uma escola municipal que funciona NO LOCAL. Mas não fazia sentido, porque a escola não funciona naquele horário", afirma a estudante Raiane Ferreira, de 21 anos.