Bahia

BAHIA TERIA MAIS DE 6 MIL CASOS DE CORONAVIRUS DIZ ESTUDO DA USP

Números na Bahia e no Brasil estão suibnotificados
Tasso Franco , da redação em Salvador | 14/04/2020 às 19:02
Coronavirus
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A Bahia tem quase 6 mil casos do novo coronavírus, um número mais de 7,3 vezes maior que os 776 confirmados pelo Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), em boletim divulgado nesta terça-feira, 14. Divulgada na segunda, 13, pelo portal Covid-19 Brasil, a estimativa foi realizada por professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB), além de outros centros de pesquisa no país.

Se levados em conta dados do dia 11 de abril, usados para calcular a projeção, o estado teria 5.704 infectados, e não 635, uma diferença de 898,27%. O dado chama atenção para a potencial subnotificação de casos na Bahia e no Brasil. Para o país, os pesquisadores projetam um número de contaminados 15 vezes maior: seriam 313.288 contra 20.727 confirmados, conforme divulgado pelo Ministério da Saúde naquela data.

O estudo traz uma série de estimativas para outros estados e capitais, como ocupação de leitos hospitalares e de UTI, além de fazer uma análise detalhada da situação em alguns deles. A Bahia não foi incluída neste detalhamento porque, segundo o doutor em Ciências, Enfermagem e Saúde Pública da USP, Rodrigo Gaete, um dos participantes da pesquisa, o número de mortes, a principal medida usada nas projeções, é pequeno no estado – são 25 óbitos, de acordo com a Sesab – o que poderia levar a erros nos cálculos.

Para chegar aos números, os pesquisadores usaram como base a quantidade de óbitos, que, apesar de subnotificada, é um dado mais consolidado e confiável no Brasil, segundo Gaete. Aos números, foi aplicada a taxa de letalidade da Coreia do Sul, ajustada à pirâmide etária brasileira. O país asiático foi usado como base porque fez testes em massa na população e, por isso, tem números mais acurados de como a pandemia tem afetado a população.

A pesquisa ainda levou em conta o período entre o registro da morte e a confirmação da doença. Com isso, a taxa de letalidade foi calculada com base no dia da infecção, e não da morte. Como o Brasil tem testado apenas pessoas em caso grave, a data foi fixada em 10 dias antes do registro, e não 14, que seria o período do ciclo completo da doença, de acordo com a literatura internacional sobre o tema. Por essa perspectiva, a taxa no estado seria de 1,03% – oficialmente, ela seria de 3,22%, segundo informou a Sesab nesta terça.

Para Gaete, os números apontam a necessidade de aumentar a quantidade de testes no país. “É esse o alerta que a gente quer trazer. Quando a gente fala em taxa de letalidade, temos que entender que esse número é de 15 dias antes, que não estamos monitorando. Precisamos olhar mais para o número de óbitos que de casos confirmados. Quando as pessoas começam a morrer, é porque a situação já se agravou”, afirmou ele, em entrevista ao A TARDE. Ainda segundo o pesquisador, é necessário tomar medidas mais rígidas de isolamento social no país porque a população não está fazendo o dever de casa de diminuir a circulação nas ruas.