AMIGO VARJÃO, A 'RESENHA' VAI TER QUE FICAR ADIADA, por ANTÔNIO MATOS

Antônio Matos
08/04/2021 às 11:18
  No 'Dia do Amigo' - 20 de julho - do ano passado, com Eliezer Varjão já internado no Hospital da Bahia, encaminhei um 'zap' para o celular de seu filho Elmar, falando de nossa amizade e programando uma 'resenha', assim que tivesse alta e que a pandemia do Covid-19 passasse.

  Não houve 'resenha', a alta não veio e o coronavírus teimou em continuar. Ontem (terça-feira, 6 de abril), no final da manhã, meu 'brother' Varjão, após quase 10 meses de luta para permanecer vivo, cansou de guerrear.

  Não sei quando, mas um dia, em outro lugar que, certamente, não será o combinado 'Barbacoa', a resenha prometida vai acontecer.

   Permitam-me transcrever o texto que mandei para ele há pouco mais de oito meses e que, apesar de sonolento, respondeu com um leve sorriso, após a leitura de Elmar.
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  Amigo (e irmão) Varjão:

  Nossa amizade tem mais de 60 anos, desde o bairro da Saúde, onde morávamos.

  Na verdade, por conta das idades - você, adolescente, servindo ao Exército no Quartel de Amaralina, eu, ainda menino, com 10, 11 anos - tínhamos pouca aproximação.

   Era o Eliezer 'Cabeção', para diferenciar de um outro Eliezer, o Nery, o 'Eliezer Preto', e eu, simplesmente, Nininho.

  Voltamos a nos encontrar em 1968, estagiando na editoria de esportes da 'Escolinha TB', uma oficina criada para treinar os jornalistas, que iriam trabalhar na 'Tribuna da Bahia', com previsão de circular no ano seguinte.

  Fiquei na 'Tribuna' e você foi para o 'Diário de Notícias' e nos afastamos novamente. 

  Independentemente do nosso trabalho, continuávamos estudando na Universidade Federal da Bahia: você, na Escola de Biblioteconomia e Comunicação, e eu, na Faculdade de Direito.

  Nossos caminhos se cruzaram novamente em 1981, quando fui ser reescrevedor em 'A Tarde.

  Ali, já o encontro como destacado repórter, integrando a editoria política, sob o comando de Samuel Celestino. Nossa amizade se fortaleceu, com o relacionamento de nossas famílias.

  Anos depois, ao assumir a chefia de reportagem do jornal, indicou (e avalizou) o meu nome para ocupar a subchefia. Estivemos juntos também no Tribunal Regional do Trabalho, como juizes classistas, um experiência ímpar. Saímos de 'A Tarde', quase na mesma época, numa fase de 'caça às bruxas' e, apesar disso, não mais nos afastamos.

  Hoje, neste 'Dia do Amigo', estou torcendo para acabar logo esta pandemia da Covid-19 e para que você tenha rapidamente alta hospitalar, a fim de voltarmos ao 'Barbacoa', onde daremos boas risadas com as bobagens que escrevem os coleguinhas, falaremos mal de Bolsonaro (e de Lula também),  lamentaremos a atual situação de nosso Ypiranga, recordaremos do nosso período em 'A Tarde' e das histórias de 'Seu Porreta'.

   Estou até disposto a escutar os seus carões, porque uso muito gelo no uísque e coloco suco em vodca de qualidade. Saúde, irmão".