A PANDEMIA E O IMPACTO NA CULTURA ORGANIZACIONAL, p MARISILVIA COSTA

Marisilvia Costa
23/03/2021 às 11:07
  A pandemia acelerou mudanças já em curso nos formatos de trabalho. No universo digital, tecnologias possibilitaram que profissionais exerçam suas atividades sem estar fisicamente na empresa. E, se por um lado as estruturas e modelos híbridos, que alternam dias presenciais e remotos de trabalho, ganharam força pela necessidade de adaptação ao novo cenário, com benefícios para empresas e colaboradores, a perda do contato físico no ambiente corporativo desvelou também novos desafios.  

Uma pesquisa realizada pela AL+ People & Performance Solutions, a partir do recorte de executivos e empresários de todo o país, em 2020, mostra que mais de 33% dos entrevistados acreditam que o obstáculo principal, em um contexto de modalidades de trabalho à distância, seja manter a cultura organizacional.  

Para manter a cultura viva, valores que norteiam a organização precisam ser lembrados e vivenciados em todas as situações de interação entre pessoas, nas reuniões e encontros com colaboradores e na aplicação de políticas e formas de reconhecimento estabelecidas pela empresa.

Em uma lógica de trabalho remoto, é fundamental buscar o engajamento das pessoas com o propósito da empresa e o alinhamento de metas, papéis e responsabilidades, criando um senso de pertencimento e identificação com os valores e objetivos da organização. E isso requer um conjunto de medidas e mudanças no papel da liderança, na comunicação interna e na forma como as pessoas se conectam.

Na transição para formatos híbridos, as lideranças ocupam posição estratégica. Líderes precisam dedicar mais tempo às pessoas e às equipes, cuidando do seu bem-estar, reforçando valores organizacionais, fornecendo feedbacks constantes sobre comportamentos e aspectos que norteiam o trabalho. A liderança assume uma postura empática, de mais confiança e menos controle.  

Adaptar e cuidar do processo de comunicação interna é também fundamental. Além da disponibilidade e acesso ao uso de ferramentas tecnológicas e redes sociais, que facilitam o contato entre os colaboradores e deles com a empresa, alguns cuidados devem ser observados para manter a comunicação contínua e integrada. Adotar uma postura transparente, compartilhar resultados, criar espaços de conversas online e realizar reuniões periódicas com a liderança, garantindo que informações relevantes cheguem a todos, são alguns aspectos a serem considerados pela gestão.  

Outro fator importante é o estímulo ao trabalho colaborativo. Mesmo à distância, é possível criar ambientes virtuais onde times desenvolvam projetos de forma colaborativa, troquem experiências e informações, possibilitando atingir resultados com maior sinergia e aumento de produtividade.  

A formação de um senso de comunidade e a necessidade de descontração foi outro ponto identificado para reforçar a cultura. Na ausência de reuniões presenciais e espaços comuns que facilitem a comunicação informal, as plataformas digitais e as redes sociais estão sendo usadas para celebrar conquistas, falar das coisas que estão acontecendo na organização e na vida pessoal, contribuindo para manter e criar vínculos. Existem times fazendo happy hours à distância, encontros envolvendo a família, cursos, bate-papo online.  

O trabalho remoto tem se mostrado viável e as empresas que se adaptaram, conectando seus colaboradores através do fortalecimento de sua cultura, principalmente nesse momento de crise, estão conseguindo se reinventar e superar desafios. Para as empresas que ainda possuem dúvidas com relação ao trabalho à distância, essa transição não precisa ser imediata. É possível experimentar novas formas de organização do trabalho em grupos pilotos e avaliar os resultados. Porém, é fato que o trabalho remoto veio para ficar.