ENCONTRO PT/PP NÃO ABALA CONFIANÇA MARCELO NILO PELO 3º MANDATO NA AL

Tasso Franco
09/12/2010 às 21:02
O encontro realizado nesta quinta-feira entre as bancadas do PT e PP na Assembleia Legislativa, já com os novos deputados que tomarão posse em fevereiro, para que, consensualmente, encontrem um candidato a presidência da Casa (biênio 2011/2012), não assustou o deputado Marcelo Nilo (PDT), ainda apontado como favorito à releição emplacando um possível terceiro mandato. 

 Como era de se esperar, tanto o presidente do PT, Jonas Paulo; quanto o do PP, deputado Mário Negromonte, não colocaram lenha da fogueira e pactuaram que qualquer nome da base de apoio ao governo Wagner será bem vindo. É a abertura para Marcelo. Se dissessem que o candidato só poderia ser do PT ou PP seria outra história. Marcelo é do PDT.

  Em muxoxos aqui e acolá, até porque o candidato lançado pelo PP, deputado Ronaldo Carletto, representante do Extremo-Sul da Bahia, não tem densidade eleitoral para enfrentar Marcelo e sua presença na Casa Legislativa é esporádica, sem uma ligação mais efetiva com o legislativo e com os deputados, PT e PP, em consenso, acertaram a possibilidade de promover mudanças regimentais para facilitar a aprovação das matérias oriundas do Executivo nas Comissões Temáticas, e acordaram um veto a reeleição do presidente na mesma legislatura.

  Marcelo também se diz adepto dessa tese, a não reeleição. A questão é que, hoje, o Regimento da Casa permite isso, e, óbvio, não seria o atual presidente, beneficiário com reeleição, que encaminharia essa proposta à Mesa. Seria até piegas da parte do atual presidente tomar uma atitude dessa natureza, ele que é detentor de um segundo mandato e pleiteia um terceiro. 

  No mais, PT e PP falaram em autonomia do legislativo e importância de diálogo com o governador, uma retórica boba, como se uma coisa dependesse da outra. Todo mundo sabe que o Poder Legislativo tem autonomia em termos, pois, a força do Executivo (a caneta) supera em alguns casos esse desejo autônomo. 

  Sempre foi assim e vai continuar sendo. Não tem jeito. Salvo se os deputados fossem independentes, eleitos pelo voto de opinião, e não necessitassem de apoio do governo para algumas de suas ações.

 Para pirraçar Marcelo Nilo, Jonas Paulo foi almoçar com o deputado Carletto no restaurante da ALBA para assanhar o ninho legislativo. Existem duas interpretações para esse fato: a) Jonas Paulo apenas acalentou Carletto e deu a idéia para outros, de que ele (Carletto) está forte numa provável disputa com Marcelo; b) Jonas Paulo pirraçou Marcelo mesmo sabendo que ele (Marcelo) é o preferencial do governador Wagner. E tapeou Carletto.

 O PT usa o expediente do seu papel democrático para dizer que a diretriz partidária prevalece sobre o Executivo e tem poder e autonomia para decidir sobre o apoio a um determinado candidato. Na prática, a história é outra. Consulta-se Wagner (o que é natural) e este é quem estabelece algumas diretrizes. Nem todas, óbvio. Mas, as decisivas. E Wagner, ao que tudo indica, quer Marcelo, tanto que desarmou a candidatura Paulo Rangel, líder do PT, lançada intempestivamente pelo próprio.

   Ter Marcelo na presidência é mais significativo para Wagner do que qualquer outro candidato, ainda que a alternância do poder seja salutar. Colocar um nome novo nessa posição estratégica, em fevereiro próximo, início de novos governos, no Brasil e na Bahia, com sinais de desaceleração da economia nacional, é um provável risco desnecessário. Em 2013, aí, sim, será a vez do PT comandar a Casa na presidência. Agora, deve dar Marcelo.
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