O DRAMA JUVENIL EM ITABUNA

José Nilton Azevedo
25/11/2009 às 14:21
Foto: ASCOM
José Nilton Azevedo, prefeito de Itabuna, comenta essa situação
  O trabalho de um governo pode ser medido pelas obras que ele realiza, mas nem sempre as obras físicas - por mais importantes que elas sejam - traduzem realmente a eficiência da gestão pública. Em um país carente como o nosso e, mais precisamente, em um estado e uma cidade tão necessitados de tudo, como são, respectivamente, a Bahia e Itabuna, as políticas sociais crescem em relevância. Dentro dessas políticas, a atenção à juventude é ainda mais necessária e imperiosa.


  Há décadas, vemos os jovens serem relegados ao segundo plano. Os governos têm sido imprevidentes, sem a menor preocupação com o futuro. Por conta de uma tradição equivocada, o foco sempre esteve no presente, o que se traduz pela falta de planejamento e projetos consistentes, o que atinge setores essenciais, como educação e a ação social.


  Nas escolas, é comum se dizer que o professor, desestimulado, finge que ensina enquanto os alunos simulam aprender alguma coisa. Em casa, famílias muitas vezes não-planejadas e desestruturadas não têm a menor condição de educar seus filhos. São crianças que viram adolescentes e chegam à fase adulta com chances praticamente nulas de obter uma boa colocação no mercado de trabalho, situação que contribui para perpetuar a miséria.


  Não é de espantar que a Bahia seja o estado que mais aparece no Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência. Três cidades baianas entre as que têm mais de 100 mil habitantes estão na lista das dez com maior IVJ, e todas ficam no interior: são elas, lamentavelmente, Itabuna, Teixeira de Freitas e Camaçari. Cidades de porte médio, que cresceram fomentando desigualdades.


  Em Itabuna, ainda houve a devastadora crise da lavoura do cacau, que expulsou milhares de agricultores desempregados e sem instrução para a cidade. Sem alternativa, eles formaram as invasões que hoje são bairros populosos e carentes de infraestrutura. Não é à toa que o atual governo tem dado sua maior atenção a essas localidades, a exemplo do Maria Pinheiro, Jorge Amado, Pedro Jerônimo e Zizo, onde a população sofria há mais de 20 anos por conta da ausência do poder público.


 Na área social, temos procurado investir na ampliação dos programas executados em parceria com o Governo Federal. Não apenas os de complementação de renda, como o Bolsa Família, mas também os que atuam diretamente na orientação e reintegração de jovens à sociedade. É o caso do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas), que atende jovens vítimas de abuso, exploração e violência sexual. Há ainda o Centro de Referência em Assistência Social (Cras), que tem duas unidades no município, cada uma atendendo cerca de 5 mil famílias. Sem falar no Agente Jovem, AABB Comunidade e Fundação Marimbeta.


 A preocupação com o jovem é tão relevante, que fomos pioneiros na criação de uma Divisão da Juventude, dentro da estrutura da Secretaria de Assistência Social. E estamos fomentando a discussão sobre políticas específicas para os adolescentes e pós-adolescentes, por meio de instrumentos como a Conferência Municipal da Juventude. 


Todos sabem que as ações sociais amenizam, mas não resolvem o problema, que tem fortes raízes econômicas e, portanto, a solução está diretamente relacionada ao surgimento de condições favoráveis à geração de oportunidades. Sem capacidade financeira, o município cobra a presença do Governo Federal, com projetos para a educação superior (apoiamos o movimento pela Universidade Federal do Sul da Bahia) e ensino técnico de qualidade.


Nossa região está prestes a receber o maior pacote de investimentos em logística de transportes de toda a sua história, o Complexo Intermodal Porto Sul. Em breve, estaremos exportando minério de ferro pelo litoral norte ilheense e a previsão é de que o empreendimento atraia novas e grandes indústrias para toda a região. Estamos em um momento ímpar e que vai desencadear um novo ciclo de desenvolvimento. É tudo o que precisamos para dar perspectiva e esperança à nossa juventude.


Por outro lado, o governo baiano precisa atentar para a situação dos jovens no Estado, pois é espantoso que a Bahia concentre o maior número de municípios entre os de maior vulnerabilidade juvenil. Por aqui, estar entre os 15 e os 29 anos é atravessar uma fronteira de incertezas: Educação ou Abandono? Oportunidade ou Desemprego? Vida ou Morte? Quando se trata de juventude, a Bahia não é a terra de todos os santos, mas de todos os temores e apreensões diante de um futuro altamente duvidoso.


Até quando?