NAS MASMORRAS DA SECULT

Geraldo Maia Santos
24/04/2009 às 14:23

Fui convidado pelo professor Ubiratan Castro

A assumir a coordenação da área do livro, leitura e literatura

Da Fundação Pedro Calmon

Como lutei toda a minha vida junto com

O povo para a mudança da

forma de governo na Bahia,

até então há décadas sob o tacão da bota carlista

ao conseguirmos a vitória

me senti responsabilizado a contribuir com esse processo de mudança

jamais pensei em pleitear um cargo no governo do estado

confesso que fui chamado várias vezes pelo carlismo

mas nunca aceitei

(afinal bem sei que o dinheiro não é tudo, se o fizesse estaria rico como todos os que fizeram isso e estão aí hoje tirando a maior onda de primadonas)

sempre sobrevivi a duras penas de forma independente

quando resolvi ingressar no serviço público o fiz através de concurso

na cidade de Camaçari

onde trabalhava até então

como professor de teatro na Casa da Criança e do Adolescente

Diante do inusitado convite do professor Bira

Aceitei de pronto

Apenas e tão somente por ser o governo

Que eu ajudei a eleger

Aceitei pensando que seria bem simples

Mas não foi bem assim

A literatura, livro e leitura estavam na Fundação Cultural do Estado

Mas resolveram mudá-la para a Fundação Pedro Calmon

Que trabalha com bibliotecas, arquivos e memória

Tudo a ver com livros, leitura e literatura

Mas quando fui apresentado ao público como o novo coordenador de literatura

No auditório da Facom

Uma emérita doutora mestra professora Eneida Leal Cunha

Manifestou-se contrária à mudança

E à minha nomeação para o setor

Acontece que a doutora Eneida é muito amiga da diretora geral

Do fundação cultural, dona Gisele Nussbaumer

Que também não gostou muito da idéia de perder seus cargos

E orçamento para a Fundação Pedro Calmon

E muito menos a minha nomeação

Aí a guerra foi declarada

E desde então a diretora geral da fundação cultural

Fez de tudo para atrapalhar a gestão do setor de livro leitura e literatura

Formado por seus funcionários à serviço da FPC

E essa confusão perdura até hoje

Como fui nomeado para coordenar essa bagunça

E não era "doutor" ou coisa que o valha

Mas um valoroso e indomável "poeta na praça"

Começou a temporada de caça ao "poeta na praça"

Pensei que a coisa era restrita à dona Gisele e sua amiga

Mas logo depois vim a saber

Que o próprio secretário estava zangado

Porque a minha nomeação não passara pelo crivo dele

A partir daí começou uma série de acontecimentos

Para desestabilizar a minha gestão desse caos administrativo

Rolou de tudo: assédio moral (posso provar), humilhações (idem)

Agressões verbais, desrespeito público, enfim, perseguição total e constante,

Uma falhazinha virava um pandemônio,

O dedo acusador bradava: "foi ele, foi ele, foi ele, incompetente, inexperiente, e não é doutor!"

Como se eu fosse diferente da maioria que chegava

Inclusive o governador

Em sua primeira experiência de gestão executiva de um estado

O próprio diretor geral me relatou toda a pressão que sofria

Para que fosse processado o meu afastamento imediato

Mas ele leal, digno, corajoso, imenso,

Lutou o quanto pode para manter-me na função

Para a qual me convidara

E sou imensamente grato e sensibilizado

Pelo seu gesto humano e solidário

Para tirar-me da linha de frente

E me poupar dos constantes ataques

Afastou-me da coordenação

Colocou a Lúcia Carneiro

Que era a gerente

E  me passou o cargo dela

Uma manobra

Na tentativa de amainar o apetite do secretário Márcio Meirelles

E da dona Gisele

Não adiantou nada

Aliás, piorou

Porque o secretário no alto de sua vaidade, orgulho, arrogância,

Mandonismo, intolerância, violência, estupidez e mesquinharia

partiu para a tática da humilhação total

Como forma de me obrigar a pedir demissão

Jamais alguém agüentaria o que suportei

Nas masmorras da Secult

Fui jogado embaixo do tapete como lixo

Como dejeto sem valor algum

O secretário organizou a segunda conferência

Mandou vários funcionários da FPC para os municípios

Eu que "ostentava" o cargo de "gerente de literatura"

Fui exilado no próprio cargo

E não participei de uma reunião sequer

Nada

Passei a não existir dentro da Secult

E a sofrer todo tipo de humilhação

A minha exclusão da conferência de cultura

Foi mais uma humilhação

Todos os projetos que criei a pedido da direção geral

Foram proibidos pelo secretário

Todas as contribuições que dei foram descartadas pelo secretário

Não quero ser melhor ou pior que o secretário

Nada contra ser exonerado, normal, já sabia que isso poderia acontecer

Mais cedo ou mais tarde

Só questiono a FORMA como isso se processou

Que julgo de cunho nazi-fascista

Mas é só o meu julgamento

 A partir de tudo o que sofri nas masmorras da Secult

E tenho inúmeras testemunhas de tudo o que relato

Quero apenas narrar o que se passou comigo nas masmorras da secult

Para que conheçam melhor o caráter do secretário Márcio Meirelles

Pelo menos na sua relação comigo

E com a FPC

Não se trata de certo ou errado

Mas de fatos

A história também julgará

Eu estava diante de um dilema

Não podia pedir demissão

Estava com graves problemas de saúde na família

E precisava encontrar forças para resistir aos ataques do secretário

E de todos os que se juntaram a ele

Antigos e novos desafetos da mesma estatura

Detratores de "disse-me-disse"

Pústulas contumazes

Viciados na mesma covardia

Mais recentemente foi o parecer do Limeira

José Carlos Limeira

O capitão do mato de Márcio Meirelles

E seu odioso parecer contrário ao projeto de Festival apresentado pelos Poetas na Praça

Um absurdo que contou com o aval do secretário.

A humilhação foi extensiva a todos da coordenação do festival

Chamada por Limeira de "um bando de incompetentes"

À promotora do festival, A FENACAB, chamada de "ilegítima" pelo José Carlos Limeira

Aos convidados locais chamados por Limeira de "pretensos escritores"

Aos que construíram e apoiaram o projeto classificado por Limeira como um monte de "disparates".

Depois de tudo isso,

Depois de anos de trabalho ser inviabilizado dessa forma ultrajante

Logo a seguir veio a declaração do secretário de fazer um evento de igual teor

Na mesma data passando por cima do projeto jogado na lata de lixo

Por um parecer venal, covarde e abjeto

Por fim o doutor Ubiratan fica doente

Eu acuso o secretário como o responsável principal

Pela sua doença

Ninguém agüentaria o que ele sofreu (e sofre) nas mãos

De Márcio Meirelles e Gisele Nussbaumer

Os fatos estão aí ao alcance de qualquer pessoa

O secretário tem inveja do diretor geral da FPC

Inveja a sua pessoa humana, a sua inteligência, sua sabedoria, sua simplicidade, sua bondade e seu carisma

Sabe que está num plano bem inferior ao professor em tudo

Como covarde que é

Márcio Meirelles aproveitou a doença do professor

E resolveu pedir a minha exoneração conluiado com Gisele Nussbaumer

Persegui, persegui, até que consegui

Não foi para isso que elegemos Jaques Wagner governador da Bahia

Para perseguir e excluir os que pensam diferente

O governador fala nisso o tempo todo

Acabou a era da perseguição ao diferente

Ao oposto

O governador inicia uma nova era na política baiana

De conviver em paz com as diferenças

Que vem do Presidente Lula

Mestre em se relacionar com os oponentes

Mas aqui temos um exemplo de perseguição a um poeta

Que nada fez contra o senhor secretário Márcio Meirelles

A não ser o fato de ser o único petista na Fundação Pedro Calmon

E que não foi nomeado por indicação do partido

Mas por reconhecimento ao seu potencial de trabalho

Ao seu talento e à sua experiência de mais de

Trinta anos de trabalho na cultura, notadamente no campo do livro, da leitura e da literatura como poeta, escritor, ator, editor, vendedor de livros, educador, contador de histórias, consultor literário, dramaturgo, professor, criador, coordenador e executor de vários projetos nessa área, na Bahia e fora dela

E por ter sido um lutador incansável

Contra as forças reacionárias

 A quem Márcio Meirelles serviu lealmente

Não, senhoras e senhoras, Márcio nunca lutou para eleger Jaques Wagner

Sempre esteve ao lado da ditadura militar e da ditadura civil do carlismo

Sempre tirou onda de talento graças às benesses que recebeu em troca de apoio

Conheci Márcio Meirelles em 1978 na Escola de Teatro onde fui fazer o curso de Formação de Ator

E desde aquele momento sua postura é a mesma: arrogante, ditadora, mandona, intolerante, violenta, racista, o que lhe valeu um murro de um companheiro na época.

Na verdade ninguém tolera Márcio Meirelles

Nem mesmo seus parceiros de puxa-saquismo

Como Aninha Franco, Fernando Guerreiro, Luiz Marfuz, Deolindo Checuchi, etc, etc

Todos alinhados e bem alinhados com o carlismo e a ditadura

Nem mesmo o monte de carlistas de carteirinha que hoje estão na secult

Como carcereiros de Márcio Meirelles

Nenhum gosta dele verdadeiramente

Porque o conhecem melhor que ninguém

Durante esse tempo na secretaria

Inventou uma monopolítica pública de editais

Para continuar excluindo a maioria

Vejam como é perversa essa política: mais de duas mil pessoas inscreveram projetos nos editais, mas apenas menos de quinze por cento foram aprovados. E a maioria? O que vai fazer? Os editais são anuais. Vão para onde? Para o crime? Para as drogas? Para a prostituição?

Mesmo assim tem dezenas de projetos vencedores que não foram pagos mesmo tendo passado um ano. Quando?

Nada fez para o livro, a leitura e a literatura. Absolutamente nada.

No jornal "Cultura em Movimento" onde apresenta os "feitos" da secult, a Fundação Pedro Calmon não aparece nem em uma palavra, como se biblioteca, arquivo, memória, leitura, livro, literatura não tivessem importância nenhuma. Todas as três vinculadas estão contempladas, menos a FPC

Mais uma prova da perseguição do secretário

Então, o secretário não fez nada com relação ao livro, leitura e literatura, e o que fez, fez errado, na contramão da vontade do povo.

O mesmo com relação à cultura de um modo geral

Botou quinze doutores e mestres no Conselho de Cultura

E apenas três representantes legítimos dos setores excluídos

Cujas demandas deveriam ser o principal objetivo das políticas da Secult

No setor do livro, leitura e literatura impediu a continuação das Caravanas de Leitura com o argumento absurdo que estavam fazendo oficinas de leitura em dança, teatro, música, artes-plásticas e isso é "monopólio" da dona Gisele da Funceb. Eu mesmo recebi um violento email do secretário "gritando" a proibição do uso dessas linguagens.

Com a proibição mudou-se o nome para Jornadas de Literatura com oficinas apenas de criação literária na tentativa de se fazer algo mesmo indo contra a vontade do secretário. E essas jornadas também foram proibidas, mas por insistência da direção geral um novo projeto foi criado e por mim nomeado de "Terra de Leitores". Estava iniciando uma parceria com a Uneb para levá-lo aos seus campi em todo o estado quando me foi comunicada a exoneração, segundo o que me foi informado por Vera Sales, chefe de gabinete da FPC, porque eu não trabalhava (o fazia, e bem, mesmo contra a vontade do secretário), porque o cargo era de Gisele, e porque o secretário não queria mais a minha presença na Secult. Bom, assim ganhei minha carta de alforria e escapei da masmorra onde estava trancafiado (autotrancafiado) por força dos desmandos e da arrogância do secretário Márcio Meirelles.

Além dessas coisas o que mesmo ele fez mais na Secult?

Resolveu colocar em prática o processo de descentralização

Em cima de um projeto já existente chamado "territórios de identidade"

Fizeram um fórum de dirigentes municipais

Menos da metade dos municípios compareceu

Ninguém gosta de Márcio Meirelles

E sua empáfia

Sua fala dissimulada, sem alma, acovardada

Fora Márcio Meirelles!

Um novo secretário de Cultura urgente!!!

De preferência um secretário negro.

Que não seja racista como Márcio Meirelles

Que não gosta de quem é negro e inteligente, sábio, belo e bom caráter

FORA MÀRCIO MEIRELLES!!!

FORA JOSÉ CARLOS LIMEIRA, o capitão do mato de Márcio Meirelles.

FORA COM A MONOPOLÍTICA EXCLUDENTE DE EDITAIS!

Como Bira não gosta dessa política

Márcio só não o demite porque sua covardia não deixa

E o professor está doente por causa dele, da perseguição dele, da vaidade dele

Do ódio dele para com o professor

Quero deixar bem claro uma coisa

O professor Ubiratan Castro não me passou procuração para dizer tudo isso

Com certeza não gostaria que eu o fizesse

Ele mesmo sabe se defender, não precisa de mim para isso e nem para nada

Mas às vezes temos que contrariar a quem amamos

Quando o que estamos vivenciando

Excede o limite da nossa sensibilidade

Obrigado,


Geraldo Maia Santos (Geraldo Maia)

Poeta