A VIDA CONTINUA PARA GREEN

Antonio Jorge Moura
29/11/2008 às 06:18
A vida continua.
 
    Contaram a Green que ele foi atirado a 20 metros de distância do local onde ficou a cabine dupla, presa no graed-rail da Linha Verde, que separa as duas pistas, entre Barra do Jacuípe e Arembepe.
 
   Era o único que viajava sem cinto de segurança quando um motoqueiro deu uma "roubada" para entrar na Estrada da Cetrel e cruzou a pista provocando o acidente.
 
   Os outros três companheiros de viagem, depois de sairem pela porta do veículo, que estava de banda, procuraram por Green, não o encontraram e viram de longe os motoristas parando e começando ajuntamento de gente na pista do lado oposto.

   Caminharam em direção ao ajuntamento e viram o corpo caído no acostamento e os passantes comentando que "aquele já era".
 
   Uma médica que passava de carro naquele momento parou e deu as primeiras atenções ao acidentado. Ajoelhou na pista e colocou a cabeça do dito cujo no colo e viu que ele respirava com dificuldade.
 
   E gritava, desesperada: "peguem um pouco de água para imudecer os lábios dele, não é para beber".

   Green acordou num quarto de hospital. Não entendeu nada! E foi reconhecendo as pessoas em volta: o caçula Juninho, Bruno, Silvana e Daniel, todos filhos que estavam ao lado dele.
 
   Focou sabendo o que se passara: na véspera da eleição de 2006, na companhia de amigos, fora a uma caminhada em Camaçari e, na volta, passou na casa de Alexnaldo para comemorar o aniversário dele, em Barra do Jacuípe.
 
   Quando retornava a Salvador aconteceu oacidente.

   Tinha passado dois meses em coma na UTI do São Rafael, com traumatismo craneado gravíssimo, segundo a Escala de Glasgow, que mede a intensidade das contusões no crâneo.

  Mas não se lembrava de nada. E brigava com quem estivesse ao lado dele, fosse quem fosse. A porrada na cabeça ainda vibrava.

   Ficou sabendo, então, que no dia do acidente integrantes do Terreiro do Bogum, da nação jêje, localizado no Engenho Velho da Federação, estiveram no hospital e começaram a fazer oferendas.

   Pessoas amigas de vertentes religiosas diversas - espíritas, batistas, católicas, umbandistas, evangélicas, etc - faziam orações e correntes de pensamento pelo seu restabelecimento.

   Green lembrou que, durante a coma, discutia com quem não sabe, dizendo que não queria sair da Terra, que queria ficar e fim de papo.

   Uma prima espírita lhe disse que ele havia batido boca com a espiritualidade porque queria se recuperar do acidente, continuar vivendo e retomar a vida.

    Teve uma intuição de que o acidente fora "encomendado" por forças espirituais e que a vítima não seria ele e, sim, outro. E que se a porrada não tivesse caído no lombo de outro viajante que estava no cabine dupla poderia ter havido desencarne no acidente.

    Que foi o escolhido porque tinha muito boa proteção espiritual e que, apesar da gravidade do acidente e de ter sobrevivido, não ficaria seqüelas graves. E a vida iria continuar.