AS MUDANÇAS NAS ELEIÇÕES NORTE-AMERICANAS

Rosane Santana
31/10/2008 às 22:18
  Dia 4 de novembro, terca-feira próxima, 130 milhões de americanos deverão ir às urnas para escolher o sucessor de Gorge W. Bush. Se confirmadas as pesquisas de opinião, Barack Obama deverá ser o presidente dos Estados Unidos da América para o quatriênio 2009-2012.

  Embora setores da mídia tentem passar a idéia de que Obama seria o principal responsável pelo sucesso dos democratas nessas eleições, mudanças no processo eleitoral estão em curso, desde 2005, quando teve início uma espécie de êxodo em massa de eleitores do Partido Republicano, em 29 dos 50 estados americanos nos quais votantes estão registrados junto a instituições partidárias, segundo estudo divulgado recentemente pelo jornal The New York Times.

   Estudiosos e analistas políticos não têm dúvida: a Guerra do Iraque, as oscilações econômicas que resultaram na crise financeira e um presidente que mantém baixa auto-estima formam uma combinação de fatores que feriram o Partido Republicano, o GOP (Grand Old Party), como e conhecido aqui nos EUA.

  O grande cabo eleitoral de Barack Obama, ou melhor, dos democratas, responde pelo nome de George W. Bush, retratado no recente W. de Oliver Stone - autobiografia cinematográfica não-autorizada, lançaada no último dia 17 de outubro -, como um homem conflituado, obcecado pelo poder, fanfarrão e ex-alcoólatra convertido ao Cristianismo depois de um ataque cardíaco, que "recebeu um chamado de Deus para ser presidente".


  Na opinião de especialistas, a mudançaa no "número de registros pode sinalizar o começo de um movimento no caminho de republicanos que poderia afetar a política local, estadual e nacional, durante muitos ciclos eleitorais. Já tem sido um nitido revés para republicanos em muitas casas legislativas e governos", disse The New York Times.


  "Em muitos estados, incluindo o tradicional campo de batalha de Nevada e Iowa", de acordo com o jornal, "os democratas supreenderam o próprio partido com significativo ganho de registros. Em ambos os estados, existem agora mais democratas registrados do que republicanos, uma virada que vem de 2004.

   Nenhum estado tem mudado para republicano, durante o mesmo período, de acordo com dados de 26 dos 29 estados americanos nos quais eleitores registram-se pelo partido (três desses estados não têm dados completos)."


   Os dados revelam ainda que, em seis estados, incluindo Iowa, New Hampshire e Pensilvânia, os democratas cresceram mais do que 3%, enquanto republicanos declinaram. Às vésperas da eleição, nestes três estados, que representam um total de 32 votos no Colégio Eleitoral, as pesquisas indicam liderança de Obama.


   Em apenas três estados - Kentucky, Louisiana e Oklahoma - o registro republicano cresceu, enquanto o registro democrata caiu, mas o incremento republicano foi menos do que 1% em Kentucky e Oklahoma. Lousiana foi o único estado a registrar um ganho de mais de 1%, mesma proporção em que democratas declinaram, de acordo com The New York Times.


  Durante o mesmo período, o eleitorado registrado como independente cresceu mais rápido do que Republicanos e Democratas em 12 estados. Em estados como o Arizona, Colorado e Norte Carolina, eleitores não-partidários representam 30% dos votantes e devem decidir a eleição.


  O estudo indica também que as mudanças nos registros partidários são comuns de um ano para outro, e até dois anos, e que registros nao têm impacto sobre como pessoas votam atualmente, pois algumas migram de partidos, apenas, para participarem das primárias. Ocorre que a mudança tem se prolongado por cerca de quatro anos, o que é um fato "notável", na avaliação dos estudiosos.


  Os dados não estão disponíveis para 21 estados onde eleitores não são registrados por partidos, do total de 50 estados americanos. Mas, segundo o estudo, há sinais claros da existência do êxodo no Partido Republicano, com reflexos na composiçã das casas legislativas e de muitos governos.

  O Congresso americano, por exemplo, tem maioria democrata e deverá reforcá-la na eleição do dia 4, quando um terço da Casa será renovado, juntamente com toda a Câmara de Representantes.


   Bom para Barack Obama, que deve governar em um cenário de crise, cujo ponto mais alto, segundo especialistas, deverá ocorrer na metade do seu governo.