AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS E O VOTO VOLÁTIL

Cesar Maia
10/09/2008 às 11:27
1. Poucas semanas atrás, numa palestra para a imprensa, prévia ao processo eleitoral de 2008, a diretora técnica do Ibope chamou a atenção para uma característica de eleições municipais -e o Rio certamente como referência- que é um voto sempre volátil que muda pelos argumentos diretos entre eleitores até o último dia.

2. Disse ela que os resultados das pesquisas podem mudar até o último momento, pois a intenção de voto é muito mais plástica a nível municipal só se tornando decisão definitiva na hora do voto.

3. A última eleição para prefeito do Rio -em 2004- é exemplo disso. No dia 29 de setembro o Ibope divulgava pesquisa onde o atual prefeito do Rio estava bem na frente com 45% das intenções de voto. Em segundo lugar, a luta era renhida, com empate quase absoluto: Crivella do PL tinha 15% das intenções de voto e Conde do PMDB tinha 13% das intenções de voto. O Ibope dizia que o segundo turno estava indefinido assim como quem iria para este -se houvesse- com Cesar Maia.

4. No dia 2 de outubro, dois dias depois, o Ibope publicava outra pesquisa. Surpreendentemente, nesta, Crivella tinha passado de 15% para 23% em dois dias e Conde oscilava para 14%.

5. No dia da eleição -incluindo brancos e nulos- Cesar Maia vencia com 48%. Crivella obteve 21% e Conde 10%. A diferença do dia 29 de setembro para o dia 2 de outubro, entre Crivella e Conde era inexplicável. Crivella havia crescido 8 pontos em dois dias. Conde havia caído 4 pontos nestes dois dias.

6. A explicação agora, dada pela diretora do Ibope ajuda a compreendermos que as flutuações e volatilidade em eleições municipais numa grande cidade como o Rio não permite aos que estão na faixa dos 10% e 20% dos votos se sintam seguros. Eles, conforme o Ibope indica em 2004, podem subir como foguete ou mergulhar como submarino.

7. Em 1992 ocorreu o mesmo com Cesar Maia. Na véspera da eleição o Ibope dava a ele 12% e a Cidinha 19%. No dia seguinte, Cesar Maia teve 16% e Cidinha 13%. Cesar Maia em um dia subiu 4 pontos e Cidinha caiu 7 pontos. Isso tudo em um dia. Nesse caso até na boca de urna a imprevisão se repetiu (tanto no Ibope quanto no Data-Folha), o que levou os jornais no dia seguinte à eleição estamparem que disputariam o segundo turno Benedita e Cidinha, em grandes manchetes ficando mal com seus leitores.