O Chile era o grande favorito, mas deu Peru em campo. Zebra?
O fato é que os peruanos, dedicados, com humildade e muita vontade, disputando e ganhando as divididas, engoliram os chilenos, jogaram muito e fizeram por merecer; afinal, esse 3 x 0 é um placar incontestável.
Bom lembrar: na primeira fase da competição, o Brasil goleou o Peru por 5 x 0. A goleada motivou os peruanos. O Peru cresceu, superou-se, é uma outra equipe. E será mesmo outro jogo, no domingo. O Brasil não terá moleza na final, no Maracanã. Será um grande jogo. Os peruanos defendem-se muito bem e têm um bom repertório de contragolpes.
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Um Peru diferente
Chile 0 x 3 Perú, Arena do Grêmio, noite fria (10 graus) em Porto Alegre(RS), público aquém do esperado, pela importância da peleja, uma semifinal.
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- A rivalidade dos vizinhos do Pacífico vai além do futebol. Chile e Perú até já guerrearam por fronteiras, espaços, Séc XIX. Os chilenos venceram a parada. Daí, os peruanos encaram, então, cada confronto como uma batalha, brigam até no par-ou-ímpar.
- Time por time os chilenos da ‘Roja’ são mais rodados, atuais bi-campeões da América (2015/2016). E vinham jogando um melhor futebol até então na competição.
- Os peruanos têm dois títulos, conquistados em 1939 e 1975. E os atletas acreditam, lutam, peleam com fibra, agora sob o comando do tinhoso Gareca, um argentino milongueiro, conhecedor das manhas do jogo de bola - que também já trabalhou como treinador em SP, pelo Palmeiras.
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- Equipes em campo:
O Chile de Reinaldo Rueda (treinou o Flamengo, colombiano) – Arias, Isla, Medel, Marpán e Beausejour; Pulgar, Vidal, Aranguiz e Fuenzalida (Sagal); Vargas e Sanchez.
O Peru de Gareca – Gallese, Advíncula, Zambrano, Abram e Trauco; Tápia, Yotun e Cueva (Balón); Carillo (Polo), Guerrero e Flores (Gonzales).
- Arbitragem colombiana, Wilmar Roldán no apito, sem complicações.
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Com a bola rolando...
Um começo em que os peruanos logo mostraram-se mais bem arrumados em campo, marcando em cima e saindo pro jogo, bem movimentado.
- Com um minuto, o Peru já chegou forte: Guerrero recebeu na área inimiga, limpou e serviu Cuevas, livre, de cara, mas o avante chutou pra fora, desperdiçando.
- Aos 7’, veio a resposta chilena, trocando passes, varando a defensiva adversária, Aranguiz de cara com o gol, de frente, batendo para fora. Um a um em chances perdidas.
Um Perú mais aceso, mais ousado, ganhando as divididas, ocupando melhor o meio campo.
- Gol ! Peru, 1 x 0, Flores, completando de canhota, enviesado, um cruzamento rasante de Covas, na direita. A zaga chilena não resolveu e o peruano chegou batendo, de prima. Aos 20’.
Será que o gol peruano acorda a equipe ‘roja’? Gareca surpreendeu Rueda. Um Peru guerreiro, aplicado taticamente e mais objetivo.
- Gol ! 2 x 0 Peru, Yotun, matando no peito e batendo de canhota, da linha da grande área, após uma saída desastrada do goleiro Arias, a defesa chilena desarrumada, o gol vazio. Aos 38 minutos.
- Aos 43’, o goleiro Gallese espalmou um chute forte, de frente, do meia Fuenzalida, salvando o gol, na pressão chilena. Defesaça!
Um surpreendente banho peruano na primeira etapa. Mais focado, mais determinado em campo.
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Nos vestiários, o treinador Rueda trocou um meio-campista (Fuenzalida) por um atacante (Sagal). Precisa reverter o placar. Pra cima, tudo ou nada. Aos 4’, saiu Flores, machucado no tornozelo, entrou Gonzalez, no Peru.
- Os chilenos tentam sufocar. Aos 5’, Vargas cabeceia e a bola caprichosa bate no travessão de Gallese. Um Chile bem melhor na segunda etapa. Os peruanos se defendem com bravura, apostam num contragolpe.
- Aos 14’, num contra-ataque bem urdido, a defesa ‘roja’ pastando, Yotun perdeu a chance de ampliar, sem marcação, na linha da pequena área; chutou por cima. Fecharia o caixão.
- Aos 17’, Cueva arriscou de fora, assustando. Aos 19’, Aranguiz respondeu, de longe, mas também errou o alvo. Aos 22’, Baeusejour tentou cruzar de prima, da esquerda, e quase faz; Gallese espalmou no alto. Aos 25’, saiu Carillo, entrou Polo, no time peruano.
- Os chilenos arrefeceram, já não conseguem mais pressionar. Os peruanos respiram, marcam, defendem-se bem e chegam em velocidade. Mas...
- Aos 30’, num erro bobo de passe no meio campo peruano, Vargas entrou livre, com a bola dominada, mas perdeu o gol ante a boa saída de Gallese. Um minuto depois, uma bomba de longe, de Islas, passa tirando casquinha no poste de Gallese.
- Os chilenos voltam a pressionar inteiro, com todos na frente, os peruanos resistem, suportam, e o goleirão Gallese, antes tão criticado, fecha o gol. E os ponteiros do relógio correm... para desespero dos bi-campeões, cada vez mais distantes da final. Quem diria !
- Gol ! 3 x 0, Peru, aos 45’. Paolo Guerrero, lançado em profundidade, livra-se da marcação, dribla o goleiro e entra com bola e tudo, fechando o barraco.
- Aos 49’, Aranguiz foi derrubado na área peruana. O árbitro marcou o pênalti. Vargas, displicente, bateu com cavadinha e tudo, mas o goleiro Gallese não comeu o reggae e defendeu com uma só mão. Esnobando.
Destaques
- A entrega, a aplicação tática dos atletas peruanos. Patidaço do goleiro Gallese, brilhante; do miolo de zaga – Zambrano e Abram; os incansáveis marcadores Tapia e Yotun; os meias Cueva, Carillo, enquanto tiveram pernas, e elogios para o grande artilheiro e lider da equipe: Guerrero, fechando a boa atuação com um golaço.
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Trabalho espetacular do treinador Gareca; estratégia, plano tático, motivação, garra, vontade... show de apresentação dos peruanos. Amassaram a máscara de superioridade dos chilenos.
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Disputa do terceiro
No sábado, a Argentina de Messi briga pelo terceiro lugar contra o Chile; o jogo acontece às 16h, na Arena Corínthians.
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MUNDIAL FEMININO : EUA OU HOLANDA?
- As jovens meninas da Holanda farão a final da Copa do Mundo contra os EUA, domingo, meio dia. O jogo acontece em Lyon, França. Inglaterra e Suécia disputam o terceiro lugar, no sábado, 12h, em Nice.
- A Holanda venceu a Suécia com um gol de Groenen (formada em Direito) aos 10 minutos da prorrogação, depois de 90 minutos regulamentares sem gols. Jogo duro, equilibrado, com bolas na trave lá e cá.
- As louras holandesas fazem sua segunda Copa e já chegam a uma final. Surpreendente. É uma equipe de moças formosas, robustas e fogosas em campo. Mostraram-se atleticamente superiores às suecas, que já disputaram quatro semifinais em Copas do Mundo.
- No duelo de domingo, as norte-americanas (tri-campeãs) são favoritas, possuem um jogo coletivo mais assentado, mais experiência em decisões. Mas ... o jogo é jogado. E as meninas da Holanda vêm mostrando muito frescor. Uma bela decisão.