Em maio e junho, 7% disseram que votariam em branco, anulariam ou não votariam em nenhum desses candidatos; 6% em julho e em meados de agosto; e agora 4%. Quatro por cento responderam que não sabiam em maio e junho; em julho, 3%; e 2% nas duas últimas pesquisas. Esses são dados complementares importantes para se compreender a pesquisa.
Ora, se Ciro ganhou 2 pontos; Simone + 3 pontos; Soraya 1 ponto; D'Avila 1 pontos temos na soma 7%. Donde vieram esses eleitores se Lula só perdeu 2 pontos e Bolsonaro zero ponto. Ao que tudo indica de Lula, que já chegou a ter 52% e dos indecisos. Admite-se, ainda, que Simone Tebet conquistou o eleitorado feminino mais do que os outros candidatos.
Na realidade, observando-se os dois peincipais candidatos, o levantamento atual demonstra que Bolsonaro está diminuindo a diferença com Lula para 13 pontos. Em agosto, a distância era de 15 pontos e, em julho, de 18. O chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, entende que a diferença é menor e o DataFolha vai ajustar os números mais adiante. Essa é uma opinião política que também é compartilhada pelo núcleo duro da campanha Bolsonaro entendendo que o presidente já tem mais de 36%, como registram PoderData e outros.
É importante observar na leitura de uma pesquisa que representa a situação de um determinado momento e, sem dúvida, houve uma melhora da performance do governo Bolsonaro de julho para final de agosto. Segundo o Datafolha, 31% disseram considerar (ontem) a gestão do atual presidente como ótima ou boa, enquanto 42% a avaliaram como ruim ou péssima. A diferença entre um e outro, de 11 pontos, é menor do que os 13 pontos registrados em agosto, mas representa evolução ainda maior ante os 21 pontos registrados em junho, quando 47% reprovavam e 26% aprovavam o governo.
Ou seja, foi o governo Bolsonaro que melhorou aos olhos da população com a redução dos preços dos combustíveis, o Auxílio Brasil de R$600,00 para 22 milhões de brasis, a evolução do PIB em 1.4% no segundo semestre, a queda da inflação e melhora de salários de algumas categorias. Há, uma diferença considerável do governo Bolsonaro entre maio/junho deste ano e julho/agosto e foi por isso que cresceu para 32%. E Lula começou a perder a gordura inicial quando jogava solto.
Então, o possível ajuste citado por Ciro Nogueira não significa dizer que a direção do DataFolha vai chegar em meados de setembro ou no final do mês e modificar seus números ao bel prazer. Os números vão se mexer de acordo com as performances dos candidatos e as ações do governo. Ontem, por posto, houve uma nova redução dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha.
O DataFolha também aponta que o Auxílio Brasil não beneficiou Bolsonaro até agora e Lula se mantém com 55% dos votos das pessoas mais pobres, contra 23% do presidente. E Bolsonaro ganha entre aqueles de renda de dois a cinco salários mínimos, segundo o Datafolha. O presidente figura com 40% no grupo, contra 36% do petista. São números de bastidores que devem ser levados em consideração e o grande público não vê.
Além disso, grupos que compõem as principais fontes de apoio a Bolsonaro, como os evangélicos, passou de 32% para 35% na região Sudeste, que é decisiva para a corrida ao Palácio do Planalto. Lula, por sua vez, recuou na mesma medida, passando de 44% para 41%.
Vê-se, pois, que a eleição está em aberto. Em junho/julho a vitória de Lula no 1º era apontada como certa; hoje, o quadro se modificou com o crescimento de Bolsonaro, Ciro e Tebet empurrando a eleição para um segundo turno, segundo os números do DataFolha de ontem.
Ainda faltam 30 dias para o pleito e muita coisa poderá acontecer, nos debates (Lula perdeu muito no debate da Band) e nas ruas. Até julho, por exemplo, ninguém conhecia Simone Tebet, salvo os eleitores do Mato Grosso do Sul. Hoje, é identificada em qualquer parte do Brasil urbano. E Ciro Gomes, que parecia desiludido e chegou a dizer que está seria sua última campanha, ganhou fôlego como o marketingo político utilizado por João Santa, o "Partinhas", um craque nesta matéria.