Sonia Maria dos Santos, 82 anos de idade, solteira, dois ex-casamentos sem filhos, natural de São Sebastião do Passé, ex-técnica de enfermagem aposentada que atuou em hospitais de Santo Amaro, manicure e doceira em horas que não se dedica aos acarajés e abarás, atividade que toma todo seu tempo entre quintas e domingos, no Porto da Barra, diz que vive plena de felicidade, nada sofre em dores e doenças, e curte o que pode da vida.
"Tenho minha casinha na ilha de Itaparica, tenho minha casinha no Resgate, onde moro (bairro na área do Cabula), como de tudo - hoje, mesmo, comi um mocotó logo cedo antes de vim trabalhar aqui na Barra - não devo nada a ninguém, não tenho filhos nem obrigações com outrem e vivo minha vida", comenta. E adiciona: "Tomo minha cervejinha que é de lei, quase diariamente".
Sônia tem uma clientela cativa na Barra além de turistas e banhistas que frequentam o local. No verão está presente quase todos os dias no seu cantinho porque o movimento de vendas aumenta muito. Presta-lhe ajuda uma jovem chamada Ana, que coloca a massa pra fritar, recolhe os acarajés do tacho, às vezes serve aos clientes e cobra através das maquininhas eletrônicas. Sônia está ligada nas novas tecnologias com QrCode à mostra no taboleirto, pix e a amarelinha. Além, claro, de receber em efetivo.
Seu acarajé é crocante e delicioso e serve puro ou com todos os ingredientes - caruru, vatapá, camarão e salada - que ela mesma prepara, em casa, e leva-os em panelas inox. Seu taboleiro contém apenas acarajes e abarás, nada de cocadas, passarinha e bolinhos.
"Sou prática, meu querido, diz, muita coisa só dá trabalho e as pessoas gostam mesmo é de acarajá, especialmente o completo, e depois do abará", confessa.
Bem, os preços variam entre R$10,00 e R$20,00 a depender da quantidade - se unidade ou no prato, bolinhos menores. Eu mesmo sou cliente de dona Sônia e adoro seu acarajé e tenho até uma cadeira cativa para saborear os crocantes. Eventualmente, também, frequento a barraca da Ana, que fica na prainha. (TF)