J O Ã O, S O B E J A M E N T E - No convívio dos santos de junho, João está por entre Antônio e Pedro, todos mais colados no seio da glória. Não havia carpir em suas mágoas nem sequer fechares de olhos. Ao mesmo tempo, meio minguado, resguardava-me do frio rogando às almas juninas que não se enlacem repetidas em seus vícios de licores.
As sacolas de arte em ziguezares entortavam o meu chapéu de palha. Das trevas saí tão logo o brilho das fogueiras, fogo do céu, alimpavam as nuvens à morada dos deuses. Imagens polidas fraseadas de estilo moviam-se em piedade e as formigas aladas em seus voos de orvalho noturno, suaves vozes que não feriam os grãos de cada espiga de milho verde. À margem das linhas das mãos, amuletos de caçoada rendiam-se ao santo do meio. João espichado e sem aparência enganosa.
Traços e esboços à farta dividiam o fogo da coivara em enviés às pancadas borbulhantes e ao queimar de gravetos. Cânticos e louvores em altas vozes iluminavam o zum-zum-zum de sanfonas, triângulos, zabumbas de brejos e suas flores cupidosas. A névoa de orgulho, de porta em porta, jornadeava sorrateiramente o sinal de visível no terreiro das danças.
Às baforadas um cheiro agradável em segredo azeitava a balbúrdia dos malandros na linguagem de repuxados becos sem lumiares.
João dos carneirinhos.
* A FRASE do titulo é da música de Luis Gongaza - São João do Carneirinho