O lançamento acontece após a estreia internacional no WebSummit, em Lisboa, consolidando a plataforma desenvolvida pela startup Biografia Preta como uma referência global em edtechs.
Ana Virginia Vilalva , Salvador |
01/12/2024 às 19:34
Paulo Rogério Nunes, criador da Casa Vale do Dendê
Foto: bRUNO cONCHA
Na última sexta-feira (29), Salvador recebeu o lançamento nacional da Wini.IA, a primeira inteligência artificial afroreferenciada do Brasil, durante o Festival Afrofuturismo. A Casa Vale do Dendê, localizada no Centro Histórico da cidade, foi escolhida para sediar o evento, que integra a programação do Novembro Salvador Capital Afro da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) da Prefeitura de Salvador, promovendo diversidade, tecnologia e inovação.
“A Prefeitura tem sido um parceiro fundamental para nós, já é o terceiro ano de apoio ao Festival Afrofuturismo, já foram três edições presenciais que a gente fez e a gente está integrando esse calendário grande, do Salvador do Capital Afro, que é um calendário importante da cidade. Neste ano, a gente aumentou o número de casas, ano passado foram dez casas, esse ano são quinze, ano passado foram oito mil pessoas, esse ano temos a expectativa de superar esse número porque teremos, além da programação de palestras, talks, e também shows”, destacou Paulo Rogério Nunes, criador da Casa Vale do Dendê.
O lançamento acontece após a estreia internacional no WebSummit, em Lisboa, consolidando a plataforma desenvolvida pela startup Biografia Preta como uma referência global em edtechs. A Wini.IA utiliza blockchain, curadoria de conteúdo e IA regionalizada para oferecer uma experiência educativa imersiva, permitindo aos usuários interagir com personalidades históricas afro-brasileiras, como Maria Filipa, Luiz Gama e Machado de Assis.
A Wini.IA é composta por três pilares principais: Inteligência Artificial Afroreferenciada, que fornece respostas baseadas em saberes afro-brasileiros e promove a interação com perfis regionalizados (nordestino, paulista, carioca e gaúcho); Biblioteca de Biografias, com informações validadas por pesquisadores negros para garantir a autenticidade histórica e Metaverso Afroreferenciado, um espaço virtual inovador que complementa a plataforma.
O projeto tem como objetivo apoiar a implementação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obrigatória a inclusão de temas afro-brasileiros e indígenas nos currículos escolares. A iniciativa é gratuita e pode ser acessada pelo site www.biografiapreta.com.br.
A equipe da Biografia Preta é composta por três sócios: Leo Oliveira, fundador e líder do time de desenvolvimento, e as baianas Mel Campos e Tata Ribeiro, que atuam como designer estratégica e gerente de projetos, respectivamente. O time conta ainda com Ana Dindara, pesquisadora especializada em racismo algorítmico e discurso de ódio, reforçando o compromisso da startup com a inclusão e o combate às desigualdades no ambiente digital.
Para Oliveira, estar em Salvador é um marco para a história, como pessoas negras e também para o biógrafo. “Nós entendemos que Salvador foi parte da construção, foi o início da construção da história negra no Brasil, a história afrodiaspórica. Então trazer, reviver essas histórias, fazer com que as pessoas tenham a possibilidade de interagir com nossas plataformas e através da nossa plataforma, ter outras perspectivas do que a perspectiva do colonizador, isso é uma grande felicidade. E também é importante para a Biografia Preta como negócio, porque nós entendemos que Salvador com certeza vai ser um grande espaço que nós conseguiremos levar ao plataforma para as escolas, instituições educacionais e outros lugares”.
Segundo o fundador, a ideia é sair de Salvador para o resto do país, já que a história afrodiaspórica está no mundo. “Ela não está apenas em Salvador, não está apenas no Brasil, em São Paulo, mas em todos os lugares onde houve a migração afrodiaspórica, existe a história negra, então nós queremos recuperar essa história, para que as pessoas tenham esse contato e tenham essa proximidade”.
“Salvador tem um tempo todo criando tecnologias e nada mais justo e correto e honesto com a cidade do que a gente trazer o projeto para ser lançado aqui. Toda essa movimentação que surge desde os primeiros eventos do festival Afrofuturismo e todas essas conexões de tecnologia para a população preta que tem sido construída são fundamentais para que a gente olhe para Salvador com outros olhos. Salvador é um grande centro tecnológico e a gente tem fomentado isso há alguns anos, e esse projeto é um lugar que a gente tem chegado com esse processo”, disse Tata.
Desde sua fundação, em dezembro de 2022, a Biografia Preta já conquistou mais de 31 mil seguidores nas redes sociais e acumulou 3 milhões de visualizações em materiais audiovisuais. Com alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a plataforma promove educação de qualidade (ODS 4), inovação (ODS 9) e cidades sustentáveis (ODS 11), posicionando-se como uma ferramenta essencial para inclusão digital e transformação social.