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Rosa de Lima

LITERATURA: ROSA DE LIMA ANALISA O LIVRO ROSEMAR E O POTE DE OURO

Obra de José Cabral Ferreira editado pela Chiado e a venda na internet
02/04/2022 às 12:04
     O administrador de empresas José Cabral Ferreira não é um escritor profissional. Integra um grupo de baianos que se aventura pela literatura o que representa algo bastante positivo, pois, além de brindar os seus leitores com publicações regionais trilha por outros caminhos além do seu labor profissional, o que é bom para exercitar a mente. 

  Já li, de Cabral, sua obra "Laurentina Ferreira - a saga de uma educadora e memórias afetivas" quando narra a vida de uma das suas tias residente na cidade de Amargosa, o que, em si, também representa parte da história da cidade, e agora o ensaio "Rosemar e o pote de Ouro (Editora Chiado, 97 páginas, vide na internet) em que o autor segue em pegada literária parecida contando a a história de um pote contendo 'ouro' enterrado por um velho coronel produtor de café (Theófilo) morador de um município do interior da Bahia, num vale considerado misterioso.

  Localidade que pode ser de qualquer outro estado ou país, cujo tesouro só vai ser descoberto por uma bisneta do coronel, a qual foi informada por um ser sobrenatural (o espírito do Theófilo) onde se encontrava o tesouro, pois, se assim não contasse a alguém sua alma não descansaria em paz. 'Vivia' (a alma) atormentada em levar consigo para o além esse informação preciosa que ninguém da familia sabia, necessitando desencarná-la de si.

  Esse tipo de história de tesouro enterrado ou escondido é comum na literatura mundial e há inúmeros livros abordando esse tema desde "As aventuras de Tom Sawyer", de Mark Twain; ao "Tesouro Escondido", de Maichel Massefoli - segredos da maçonaria. 

  Mas, cada autor tem uma versão diferenciada para essas narrativas e até na historiografia geral, a história de reis, rainhas e membros da igreja católica, há casos bem interessante como o Tesouro de Rennes-le-Chateau, quando um arqueólogo e um físico mergulharam na versão do livro "O Santo Graal e a Linhagem Sagrada" – que serviu de ponto de partida para Dan Brown escrever seu maior best-seller – e revelam novas descobertas sobre os segredos do Cristianismo e a vida do padre Bérenger Saunière.

  O maior mistério que envolve o conteúdo desta obra concentra-se no fato de um simples sacerdote do vilarejo de Rennes-le-Château, Sul da França, ter se tornado, repentinamente, o homem mais rico daquela região. 

   Uma das histórias que se conta diz que Bérenger Saunière, em 1891, deu início a uma reforma em sua humilde paróquia e, quando os trabalhadores começaram a consertar o altar, encontraram uma série de cilindros de madeira escondidos entre as pedras. 

  Que tesouro seria esse e onde estaria no momento? Para tentar desvendar esse mistério, os autores visitam lugares como Rennes, o Louvre, a Tumba de Arques (no sul da França) e Shugborougn Hall (na Inglaterra) e acreditam que as sociedades Rosa-Cruz, os Templários e o Priorado de Sião tomaram contato com esse tesouro de Rennes-le-Château.

  O livro de Cabral é mais simples e apresenta uma versão bastante pitoresca. Quando o velho Theófilo morreu, morre consigo um capataz (Kizumba) únicos que sabiam onde o tesouro fora enterrado. A filha de Teófilo, de nome Pureza, casa-se (o coronel ainda vivo) com um camarada tido como mulherengo (Archibaldo), que consegue um titulo da Guarda Nacional (major) para conquistar a filha do Barão do Café (Theófilo).

  Cararam-se e tiveram vários filhas todas como nomes com a letra Z. A história é rápida e uma dessas Z, a Zizi, engravidou e deu a luz a Marie Rosemar - Marie de origem frnacesa e Rosemar combinação de rosas e margaridas. 

  E é essa Rosemar, já adulta, que se muda para a capital fugindo do tédio de uma pequena cidade e com os dotes que possui instala uma casa noturna no modelo parisiente do Mollin Rouge intitulado "Le Pot D'Dor" - O Pote de Ouro, nome fantasia que deu numa alusão a história que ouvira desde a adolescência do Pode de Ouro do Vale Assombrado, região onde vivia.
 
   A casa de Rosemar - a mademoiselle Marie Rosemar - foi um tremendo sucesso com belas girls e muita sedução e dinheiro gordo rolando no caixa. Lá um dia, o velho coronel Theófilo aparece do além e conta-lhe onde se encontrava o pote de ouro.

    Em seguida, Rosemar volta a sua terra natal e com a ajuda do avô Teófilo e de um filho do Kizumba seguem as instruções do coronel do café e desenterram o tesouro que continham moedas antigas e que nada mais valiam, salvo para colecionadores. Desde a reforma de 1942, o governo havia implantado o cruzeiro e os réis que não foram trocados se perderam no tempo, em valor.
 
   Final feliz para o enredo, o segredo sendo mantido - nunca revelaram na cidade a descoberta do pode das moedas - Teófilo foi eleito prefeito e Rosemar voltou para a capital com o objetivo de ampliar a sua casa de shows  e visitar Paris. E o Vale do Assombrado continuou com sua fama.