Lobi comemora Dia Internacional da Woman no Japa do Shooping e oferece rosas a dona Ester Loura
No Dia Internacional da Mulher passei na floricultura da Barão de Cotegipe de propriedade da irmã de doutor Josenito dentista, comprei 1 dz de rosas vermelhas, cor do sangue, da vida, e levei minha esposa para jantar no Japa do Shooping Serra, presentenando-a com as rubras, enchendo-a de beijos e carinho.
São mais de 100 anos de casados, bem casados, sem uma rusga mais forte durante todo esse tempo, salvo o dia em que ela, por ciúmes deste galã, jogou-me um candeeiro aladim na minha direção e eu, em sendo ágil, abaixei-me a tempo e o dito espatifou-se na parede de nossa sala de jantar, por pouco não provocando um incêndio.
Daí que nosso jantar foi comemorativo a essa graça divina de termos alcançado o centenário em plena felicidade num momento em que, nosso nobre presidente Michel deu uma derrapada e disse que "ninguém mais é capaz de indicar os desajustes de preços nos supermercados do que a mulher", porque vigilantes de preços não existem iguais.
Creio que ao ínclito mandatário falta-lhe uma assessoria de relações públicas e humanas, além de uma outra de imprensa, pois, sempre que fala, comete deslizes.
As feministas não perdoaram o paulistano. E se já criticam quase tudo, ainda mais quando encontram um tombo desses. Fizeram a festa e chamaram o homem de 'mordomo machista' e outros adjetivos.
Daí que tomei emprestado do poeta Nestor Mendes Jr umas frases para que enaltecesse minha senhôra, exatamente para não ocorrer em erros, e imagino que agradei porque fui correspondido em beijos e galanteios e até convidado para terminarmos a noite na suite vip do Motel da Cidade Nova, bairro adjacente aqui do shopping.
Esse motel tem uma desvantagem que as garagens do dito não cabem os veiculos do clientes por inteiro e uma parte fica de fora, justo uns ficam sabendo sobre os outros, quem está pulando a cerca familiar e assim por diante. Mas, a suite vip cabia meu lobi móvel e mesmo se não coubesse, ninguém poderia dizer, nem soltar panfletos apócrifos contra minha honra, porque estava acompanhado da esposa legitima, única e eterna.
Ester não gostou nem um pouco das declarações do Michel e disse que o presidente cometeu mais uma 'gafe', imperdoável.
- Que 'golpe' mulher! O homem está lá no poder graças a Constituição, frisei.
- E quem falou de 'golpe' aqui seu surdo? Falei de 'gafe' .
- Entendi 'golpe'. Acho que o presidente tem razão, porque, eu mesmo não sei o preço de 1k de açúcar.
- Na próxima semana vou marcar um otorrino pra você. A gente fala em vinho você entende ninho, fala em Moro v entende moto, fala em Janot v entende sua prima Nonô. Assim não dá.
- Você fala pra dentro e vem reclamar de minha audição que é perfeita - resmunguei.
- O que disse a doutora quando foi renovar sua carteira de motorista no momento da perícia médica? - perguntou-me.
- O aparelho dela é que estava quebrado, daí que não ouvi o ruido que era pra ser ouvido - respondi.
- Quebrado coisa alguma! A doutora teve que colocar no nível 40 decibéis pra você ouvir o zumbido de um carro, falou
- Vocês mulheres querem mandar nos homnes e essa doutora tava errada, frisei.
- Pois, amanhã, já que você virou michelista, irá ao mercado de Sêo Toni, no Chama, trazer-me uma lista completa dos preços de tudo, inclusive do giló que v tanto gosta.
Desculpei-me com Ester e fomos à noite, apreciar o luar e namorar para concluir 'el dia en que te quiero'.
Houve uma época aqui na Serra em que a cultura era machista ao extremo. Quando dona Didia Brasil, a nossa primeira vereadora ingressou na Câmara, causou. Até então, anos 1950, só tínhamos marmanjos como edis. Depois tivemos uma das primeiras deputadas na Assembleia da Bahia, Ana Oliveira, mais conhecida como Nanu do distrito da Pedra.
Até hoje, no entanto, continuamos sem ter uma prefeita. Sequer, uma candidata competitiva. Quando dona Aidil Franco Lima foi a primeira diretora do Ginásio Estadual, outro espanto. Mas, impôs sua autoridade.
E quando os cartórios da cidade eram comandados por mulheres, donas Nyanza Caria, Diva Pedrosa, as irmãs Zina e Alice Hortélio, e mais dona Valda, era o clube da Luluzinha quem mandava. E lembro como hoje quando a filha de Sêo Manelão Mascarenhas, dona Nelma, quase conquista o titulo de Missa Bahia para a glória dos serrinhas.
Então, nossa gloriosa terra sempre foi feminista e respeitou os direitos das mulheres e se ainda não temos uma bispa, nem uma prefeita, muito menos uma senadora ou uma desembargadora, nunca foi novidade que as mulheres se sobressairam em nossa sociedade e poderia aqui destacar já no final do século XIX e inicio do XX, na época dos primórdios da República Velha, uma Orquestra de Bandolins formada por mulheres na Sociedade 30 de Junho, uma maestrina no coro da Igreja Católica comandando o coral, dona Pipe Paes dirigindo a cena teatral, dona Maria de Lourdes Nogueira e maior píanista da região promovendo concertos pelo interior, e centenas de professsores da maior grandeza, empresárias, advogadas, costureiras, policiais, em todas as profissionais.
Porque as mulheres avançam a cada dia e aquele ditado de união das tais, 'elas por elas', agora também é 'elas por eles'. O homem não é bobo e viu que a mulher trabalhando além dos chamados afazeres do lar, ajudando e muito no sustento das familias, teve logo uns espertos que se encostaram e viviam as custas das mulheres.
Não vou citar nomes porque não sou doido. Público e notório na Bahia é o caso de um violeiro que vivia na rede às custas da esposa, só tocando a viola de papo pro ar, e o irmão da cantante um dia chegou na casa da sua mana e quando viu aquela cena pegou um pedaço de madeira e mandou o camarada armar sua rede noutro terreiro.
Sou da teoria que uma mão ajuda a outrao. E digo isso com conhecimento de causa porque minha esposa, Dona Erter, é empreendedora e quando atravesso momentos de crise, como agora, é ela quem me salva.
Diria, no entanto, que o jantar no Japa eu que paguei a conta, ainda que ela tivesse dito que o Casal Garcia ela pagaria e eu cedi, obedecendo o slogan 'elas por eles'. Até porque, se não cedo, iria ser chamado de temista, de machista, de não respeitar os direitos igualitários das mulheres com os homens.
Queria também cumprimentar neste espaço a nobre Câmara de Vereadores local que fez uma linda homenagem às mulheres da Serra e ao prefeito doutor Lima que engalanou a Praça Morena Bela e ofereceu serviços os mais variados, tudo de graça, desde embelezamentos a consultas médicas.
Ester interveio: - Mas nenhum vereador fez como Sêo Zé Filé, da Feira, que apresentou um projeto de lei que dispõe sobre normas para desembarque de pessoas do sexo feminino, no período noturno, no transporte coletivo do município.
Contrapus: - Mas aqui a gente não tem linha de ônibus noturna.
- Mas os assaltos as mulheres na feira livre são constantes, os assaltos nos bairros da Rodagem, da Vaquejada e de Nossa Senhora de Fátima são frequentes e alguma coisa tem que ser feitta.
- Vou reunir o nosso Conselho Político e falar com o vereador Reizinho.
- Esse Conselho seu e nada é a mesma coisa. Só tem biriteiros. Parece até com o Sínodo dos Bêbados, o Grande, o tzar da Rússia, que se divertia com anões e amantes importadas da Alemanha.
- Você foi longe, comentei.
- Cultura não é pra todos, sorriu pedindo que eu abrisse mais um casal Garcia que haviamos comprado no Japa e levado para o motel.
Nisso um galo cantou bem alto e vi frestas do sol entrando pelas relhas da suite.
- Vixe, o dia tá amanhecendo, falei para Ester.
- Agora é que a coisa vai ficar boa, respondeu ela.
Aumentamos a velocidde do ventilador de teto e caimos embaixo do edredon, como no BBB.