Colunistas / Crônicas
Jolivaldo Freitas

ANO NOVO, ROUPA VELHA, velhas resoluções

JF é escritor e jornalista – Jolivaldo.freitas@yahoo.com.br
01/01/2017 às 21:36
  Todo ano é a mesma coisa. Olho para trás, e você também caro senhor e caríssima senhora, e vejo pelo retrovisor que nada daquilo que foi resolução para ano novo foi resoluto e assim segue a vida a cada ano e o tempo passa e ficamos devendo para nós mesmos. 

  Mas é assim, como assim é a fraternidade que vemos no Natal e se você passa por aquela pessoa que no dia do nascimento de Cristo chorou vendo o pobre na rua, a criança descalça e a idosa abandonada pelos filhos, com certeza será a mesma que vai fechar o vidro do carro ao vendedor da sinaleira e que vai estacionar seu veículo na vaga dos idosos e deficientes nos shoppings da vida.

   Mas é ano novo e temos de novo, de pensar em novas resoluções, pois segundo o centrado indiano Ravi Shankar - aquele que conseguiu até mesmo pirar a cabeça de John Lennon e George Harrison -, não se pode olhar para trás, embora ele também ache que não se deve criar expectativa com o futuro, canalisando as energias para o presente; e Einstein olha para a frente com sua Teoria da Relatividade, que vem dar na mesma coisa quântica. 

   Estou falando que nem Caetano Veloso e Gil, ou seja, tanto faz como tanto fez e fico entre uma linguagem Tropicalista ou Barroca e tenho uma teoria que o Tropicalismo é barroco. 

   Aliás, fiquei sentido quando vi Gilberto Gil no especial de Roberto Carlos. Aliás, o Rei tem me decepcionado muito desde quando processou o escritor que fez sua biografia; desde quando processou um senhor chamado Roberto Carlos que, diz o idoso, por causa dele sua empresa de venda de imóveis faliu e o cara não está nada bem e desde que assisti ao filme sobre Tim Maia que se sentindo traído por ele, pica comida em cima dele.

   Estou tergiversando, pois na realidade, indo de encomtro ao Ravi Shankar e sua filosofia constante de “A Arte de Viver”, decidi, de novo, apresentar minhas resoluções de ano novo, lembrando que talvez sejam  as mesmas aquelas que vociferei neste ano que já se vai tarde, pois nunca na vida tive um ano tão ruim, e olha que não estou na lista dos presidiários do Lava Jato.

   Decidi então que em 2017 vou mesmo aprender a tocar piano para compor jazz e blues.

   Não vou mais brigar com filha para arrumar o quarto e lavar os pratos nos dias em que a diarista não vem.

   Não vou dar trela para motorista de ônibus que fecha o carro e ainda acha que tem razão.

   Não pretendo comprar fiado.

   Vou me recusar a ser avalista. Fiador. Ou emprestar dinheiro a parente.

   Vou parar de brigar com taxista no trânsito, ainda mais que descobri, que não sei porque cargas d´águas, boa parte é formada por PMs que fazem este bico quando estão de folga. Todos armados e perigosos, como diz o título de um filme B de Hollywood.

   Vou parar de criticar Simone quando canta as músicas de Natal.

   Vou parar de debochar de quem chora assistindo ao especial de Roberto Carlos.

   Deixarei de tomar roscas antes do almoço e de comprar coisas baratas que se autodestroem semanas depois de uso.

   Pretendo esquecer as pendências com o Imposto de Renda e espero que  Receita Federal me esqueça.

   Não vou mais correr risco de ir ao Pelourinho tarde da noite.

   Deus me livre das piriguetes.

   Nada de automedicação e eu acho que vossa excelência que me lê devia fazer a mesma coisa.

   Vou entrar de vez num curso de Inglês.

   Vou viajar para a Croácio.

  Vou ver a Aurora Boreal.

  Vou ver as estrelas lá do Vale do Aconcágua.

  Vou terminar de escrever o maldito romance histórico.

  Vou comprar roupas novas e dar as velhas. Nem que seja na Mariza.

   Garanto que irei dar mais atenção aos verdadeiros amigos e mandar tomar no Curuzu as falsas amizades.

  Vou ligar mais para os elogios e não dar valor às críticas.

   Pretendo ser menos raivoso e mais romântico.

  Juro que vou mentir menos (acho que vou deletar as resoluções de ano novo, já que vai ser assim).
Esqueça tudo.