Tem que se dar algum crédito de confiança para que as coisas melhorem, porém, quanto mais de mexe no assunto, novas revelações veem à tona e nunca se sabe onde isso vai parar.
A ex-diretora da Funceb, Piti Canela, desmentiu que foi exonerada a pedido (artificio usado pelo governo para amenizar a situação) e numa entrevista a uma emissora de rádio disse que o secretário Monteiro, no ápice do atrito, lhe ofereceu a direção de um museu para um seu possível conforto ou cala boca, e ela não topou e disse não ser museólogo e sim uma pessoa da "resistência".
Recentemente, também, sem tanto alarde, em 3 de abril, Daiane Silva assumiu como nova diretora interina da Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia, unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (DIMAS/FUNCEB/SECULTBA). Caiu Pedro Caribé.
Vê-se, pois, que a base administrativa da Secult está em mudanças, em reviravoltas, e a Secult sem um prumo, um projeto para as atividades culturais da Bahia que possa ser mais visível, salvo o Neojibá, vindo do governo Jaques Wagner e que tem vida própria. Anuncia-se, um protocolo de intenções para se instalar no antigo Palácio da Aclamação (vide foto) um centro de cultura do Banco do Brasil.
Na OSBA, criada em 1982, e que já se apresentou-se ao lado de grandes companhias como o Ballet Kirov, Ballet Bolshoi (Rússia) e Ballet da Cidade de Nova York vive se arrastando. Era administrada desde 2017 pela Associação Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) – entidade sem fins lucrativos qualificada como Organização Social (OS), sendo ainda mantida com recursos diretos do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura (Secult-BA).
Ano passado, pipocou uma briga enorme para quem iria comandar a OSBA e o caso chegou a Justiça, isso desde que foi publicado no Diário Oficial do Estado que a Associação dos Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) não iria mais administrar a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) após a empresa ter sido desclassificada da licitação por “incapacidade técnica”.
A partir de então anunciou-se que quem iria gerenciar a Osba era o Instituto de Desenvolvimento Social pela Música (IDSM), mesma instituição que administra o Neojiba (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), orquestra que também é mantida com recursos públicos na Bahia. No fundo, atritos entre dois maestros: Carlos Prazeres x Ricardo Castro.
O TCA pegou fogo na cobertura no inicio do governo Jerônimo. O secretário Bruno MOnteiro bateu na porta da ministra Margareth Menezes e ela disse que não tinha dinheiro para recuperar o teatro. O secretário Monteiro voltou de Brasília de mãos vazias e sem articulação política no Planalto (a Casa Civil é da Bahia, o Ministério da Cultual a titular é da Bahia; Lula teve 67% votos em Salvador) nada aconteceu.
Mais de um ano depois do incêndio, o governador Jerônio anunciou uma reforma com investimentos de R$110 milhões (investimento do estado) obra que está sendo realizada pela Conder. Resultado: o TCA só volta a funcionar em 2025. É o mais importante equipamento da cultural estatal da Bahia. Serão, portanto, 3 anos sem teatro.
A Bahia perdeu de arrematar o acervo que foi a leil]ão de Emanuel Araujo. A coleção de mais de 5.000 obras deixada pelo artista plástico baiano, que foi diretor e curador do Museu Afro Brasil, foi leiloada por R$ 30 milhões para a Fundação Lia Maria Aguiar, de Campos do Jordão, em São Paulo.
A coleção do artista baiano, que também foi curador, intelectual e fundador do Museu Afro Brasil, inclui peças de autores históricos, brasileiros, esculturas, peças de design, fotografia, arte sacra, joalheria colonial e artesanato, entre outros trabalhos. A maioria das peças tem relação com a Bahia.
O acervo de Franz Kracjberg já virou novela.
Agora, estão à venda, o Sebo Brandão (600.000 livros), a biblioteca do historiador Cid Teixeira (17 mil livros), a biblioteca do colombiano Nelson Cadena (dezenas de livros raros da Bahia) e onde estão a Secult e o Ministério da Cultura. A Secult em briga; e o Minc nem parece que é dirigido por uma baiana.
Todos esses acervos têm obras rarissimas da Bahia e podiam integrar o acervo da Bibklioteca Central dos Barris, cujo prédio inaugurado por Luis Viana ainda é belo, majestoso, mas precisa de investimentos no acervo, na digitalização, sobretudo.
Os politicos não se interessam pela cultura. A Bahia tem 3 senadores, 39 deputdos federais e 63 deputados estaduais. Esses assuntos nunca entram em pauta. Politico gosta, de estradas e hospitais, tudo como na época da República Velha. A politica está na cultura apenas para indicar os cargos: jornalista no lugar de produtor cultural; empresário de rádio na Sofitur; e por ai segue.
Fazer o que? Nada. Quem antes protestava, colocava a boca no trombone no meio intelectaual, está agasalhado em projetos do governo - Lei Rouanet, Lei Paulo Gustavo, etc. Daqui a pouco teremos bolsa artista. ]
Enquanto isso, a Bahia vai afundando na cultura. Como diria Gilberto Gil, hoje acadêmico da ABL, imoprtal, morador do Rio: "A Bahia já me deu régua e compasso/quem sabe de mim sou eu/aquele abraço". Ou cantando como outro famoso baiano residente no Rio: "Caminhando contra o vento/ sem lenço sem documento. (TF)