Há, um sofrimento explicito nas encenações e também cenas da peregrinação de Jesus a semelhança do que aconteceu na Palestina, personalidade moldada com as características de um europeu jovem, de cabelos compridos, olhos azuis, quando a antropologia em estudos da vida social da Judéia (Palestina) - Jerusalém, Nazaré, Belém, Jericó - apontam que o homem judeu era de estatura mediana e da cor de bonze (devido exposição ao sol) ou assemelhada.
Também se atribui nos festejos religiosos um papel de algoz a Judas Iscariótis, o qual era um dos melhores amigos de Jesus e não seu delator, assim como, Heródes, o Grande (governou a Palestina de 37 d.C a 4 d.C), quando, na realidade, no momento da execução de Jesus havia instabilidade na dominação romana e o governador regional era Póncio Pilatos, nomeado pelo imperador Tibério (governou de 14 d.C. a 37 d.C) para tentar controlar as revoltas na Palestina cujo lider político, a essa época, era Heródes Antipas (filho de Heródes, o Grande).
Jesus era um dos revoltosos e pertencia a tribo Zelota e outros messias (das várias tribos da Palestina) também pregadores do judaismo e defensores da expulsão dos romanos foram crucificados muito antes. Quase 200 anos antes do nascimento de Jesus, a perseguição pelo rei dos selêucidas Antíoquo IV (governou de 175 a.C. a 164 a.C) instigara os judeus a uma longa revolta. Anseios apocalípticos (estavam sempre presente nas pregações) e que viria um salvador, um "ungido" para vencer a grande batalha.
O Império Romano era politeista e seus povos (espalhados pela Europa e Ásia Menor) cultuavam vários deuses sendo o principal Júpiter - o deus dos deuses - e os imperadores permitiam nas suas conquistas que alguns povos praticassem suas religiões. No Egito, Isis era a deusa mais cultuada. E, na Palestina, cultuavam-se os ensinamentos de Davi e Abraão.
Como governador romano Pôncio Pilatos era o chefe do sistema judicial e tinha o poder de infrigir a pena de morte a quem provocasse revoltas contra o Império, assim aconteceu com Jesus, acusado, inicialmente, pelos fariseus de perturbador da ordem social. Denúncias aceitas por Pilatos que compartilhava o poder com o sinédrio judeu, este detentor de poderes civis e religiosos, cujo sumo sacerdote era Caifás. Diz-se que Pilatos podeeria ter perdoado Jesus, mas, sofria a pressão do Sinédrio, e determinou sua execuação "lavando as mãos".
Veja, portanto, que a decisão de executar Jesus passou por todas essas instâncias, mas, hoje, aos olhos do povo brasileiro (diferente, por exemplo, da Etiópia onde Pilatos é cultuado como cristão, quase um santo) Caifás e Pilatos representam uma espécie de encarnação do diabo. Os fariseus, idem.
Mas essa era uma prática corriqueira no Império, não só na Palestina, mas também nos territórios dos gauleses (França), lusitanos (Portugal), godos e visigodos (Norte da Europa), Siria, Turquia, etc, com outros métodos e muitas revoltas. O derramento de sangue nas conquistas (e derrotas) romanas foi muito grande.
Por que o culto a Jesus (diferente de outros messias também executados) prosperou sendo cultuado até os dias atuais?
Graças a implementação de uma nova religião que nasce dentro do judaismo a partir, sobretudo, da conversão de Paulo de Tarso (que era judeu e depois se tornou São Paulo) suas pregações e seus escritos.
O evangeliário (o conteúdo dos evangelhos) só vai surgir 70 a 100 anos depois da morte de Cristo (Marcos, Lucas, João, etc) , mas, este havia plantado uma semente com a criação de uma nova igreja (a pedra) com Pedro, daí surgindo a igreja católica, em Roma, que era a sede do Império, o centro do poder; e não na Palestina, que manteve a sua religião, o judaismo; nem em Constantinopla, na Ásia menor.
Entre a crucificação de Cristo e a adoção do cristianismo como religião única no Império isso só aconteceu em 27 de fevereiro de 380, ou seja, quase 400 anos após a morte de Jesus, por determinação do imperador Teodósio o qual promoveu o trinitarismo niceno (conceitos teológicos extraidos do concílio de Nicéia) declarando o cristianismo, na sua versão ortodoxa (sem santos) a única religião imperial legitima, acabando com a apoio do estado à religião romana tradicional e proibindo a "adoração pública" dos antigos deuses - Júpiter, Minerva, Eros, Uranos, etc.
No século IV, o credo cristão estava dividido pela divindade de Jesus e sua relação com Deus Pai e a natureza da Trindade. No Concílio de Nicéia estabeleceu-se que Jesus, era igual ao pai, uno como o pai e da mesma substância. O concilio condenou os ensinamentos do teólogo Ário (o filho foi criado inferior ao Deus Pai, similares, porém, não idênticos).
Uma boa parte dessa história se passava fora de Roma e um dos fatos mais relevantes foi a destituição do bispo de Constantinópla (hoje, Istambul) Demóficlo, sendo nomeado Melécio. Teodósio, portanto, foi importantissimo para que a Igreja Católica se firmasse como poderosa, ainda apenas com os bispos (importantissimos na organização da igreja, especialmente, o de Milão, Aurélio Ambrosio).
O primeiro papa, Siríaco (titulo que pela primeira vez recebeu o bispo de Roma) aconteceu em 384, criador da decretália instrumento da soberania dos papas. A igreja, no entanto, nos dias atuais, considera que o primeiro papa foi Pedro, mas, na real, era o bispo de Roma. E o segundo papa, Lino, na verdade a igreja foi dirigida por dois outros bispos, conjuntamente com Lino, Anacleto e Clemente. O imperador Teodósio morreu em 395 e deixou dois filhos para sucedê-lo Arcádio e Honório, num império que já estava se esfarelando.
Até essa época, o culto maior na igreja católica se dava em torno de Maria e não de Jesus. A igreja mais antiga de Roma (e do Ocidente) é a de Latrão (no lugar onde havia o palácio de Latrão construido pelo imperador Constantino, corvertido ao cristianismo, em 312) dedicada a São João Baptista. No Oriente, dispuitam essa hegemonia: a basílica da Natividade (Belém, Palestina), mosteiro ortodoxo de Santa Catarina (Monte Sinai), Basílica de Santa Sofia, hoje, museu em Istambul. (TF)
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