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14/01/2021 às 15:04

LAVAGEM DO BONFIM OBEDECE AS NORMAS DA CIÊNCIA E MANTEM A FÉ

A pandemia da COVID promoveu uma distinção clara entre fé e ciência aos olhos da população

Tasso Franco

  A Igreja Católica soube compreender a pandemia do coronavirus dentro de sua real dimensão científica e não misturou a fé com a ciência. 

   Por isso mesmo, a lavagem da basílica do Senhor do Bonfim, que é uma festa profano-religiosa que acontece em Salvador com grande aglomeração há mais de 200 anos, nesta quinta-feira, 14, foi suspensa, e as missas e as orações obedecerão aos protocolos da OMS.
   
   Essa distinção entre fé e a ciência - muito polêmica - é salutar tanto para a igreja; quanto para os fiéis. 

   Os milagres realizados pelos santos nos dias atuais obedecem a determinadas situações e conceitos bem diferenciados da época medieval ou mesmo no tempo da igreja primitiva. 

   Santo Antônio, por exemplo, um frade peregrino do século XIII foi canonizado em menos de 1 ano e seus milagres, até o da bilocação - era capaz de estar presente na Itália e em Lisboa ao mesmo tempo - não eram contestados diante da força espiritual e política da igreja.
  
   São Francisco Xavier - padroeiro de Salvador - foi entronizado como tal destituindo Santo Antônio pelo feito milagroso de ter posto fim a cólera morbus na capital da Bahia no século XVII. 

  Evidente que não foi nada disso. Mas, como os jesuitas eram poderosos nessa época disseram que oraram para o santo missionário na Ásia e a cólera acabou. A Câmara de Vereadores de Salvador aprovou a sua indicação como padroeiro.
   
   Ora, porque, agora, São Francisco Xavier não acaba com a Covid? 
   
   Por que estamos vivendo noutra era, mais documental, mais racional, e a pandemia só pode ser resolvida com a ciência. Isso até o papa Francisco já reconheceu e as missas da basílica de São Pedro obedecem aos protocolos da ciência.
   
  Isso não significa dizer que as pessoas não devam ter fé, não devam orar e acreditar nos seus santos prediletos. Ou se forem religosos do povo de santo culturarem seus orixás e as plantas da natureza. Isso, evidente, vale para todas as religiões. Mas, não deve acreditar que uma água milagrosa oferecida por um pastor cure a Covid.
  
    A pandemia do coronavirus, no entanto, deixou claro, meridiano, que a fé é um sentimento religioso, espiritual, acolhedor, porém, uma infecção por um virus letal só se resolve (quando resolve) com a medicina, com uso de fármacos, da ciência. 
   
   Pode-se misturar as duas situações fé + ciência, pode. Os médicos, os cientistas, até aconselham porque ajudam no plano psicológico, do inconsciente coletivo, mal não faz. 

   Ao contrário, só propduz o bem. E o bem ajuda no elevar a autoestima, o astral, abre consciências adormecidas, mas, a cura resulta de uma ação científica.
 
    Assim, a imagem do Senhor do Bonfim fará uma peregrinação numa caminhonete saindo da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, seguirá até a basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia e irá até a basílica do Bonfim. Um ato de fé e que deverá ser acompanhando à distância por milhares de fiéis.


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