Fernando Vita
20/06/2020 às 10:20
Zé Maria estará já lá para lhe dar as boas vindas com o seu solene e rompante “Joca, vá pra puta que o pariu”. E Dezinho, com o seu eterno bafo a exalar um almíscar de pinga e vermouth, dará um tapa de mão aberta ao tampo da primeira mesa e dirá “É ferroooo!”.
Aldenice, logo à entrada, no comando do PABX de poucas e congestionadas linhas telefônicas celestiais, desencaixará, com alguma dificuldade de manejo, a sua larga bunda da cadeira de espaldar baixo, se levantará do seu posto de atenta vigilante de quem chega e sai e bate o ponto e pegará uma pilha de jornais de variadas bandeiras, aos pés do escaninho de muitos quadrados, a entregará ao nosso Joquinha, que minutos depois haverá de entrar no seu aquário, não sem antes trocar uns dedos de prosa com Pastore, um pastor da noite e das putas feito jornalista e solidário emprestador de grana a todos os fodidos, em fins de meses que pareciam não chegar nunca.
E nós, um bando de meninos quase jornalistas, então, olhávamos tudo isso e buscávamos, em cima desse tudo isso, construir os nossos sonhos.
Na vaga da saudade e das lembranças do Joca, façamos de conta que o Jornal da Bahia continua vivo ainda lá, na Barroquinha, com O Petisqueiro, o Godô, o Bar Triângulo e O Samil também de portas abertas a nos servir brahmas tipo Chope 70 e Carlsberg bem geladas, que lembrar lembranças ainda dói menos que as ver morrer.
Viva Joca, pois!
Que amava a vida. E haveria de achar esse texto uma merda!