O Ba Vi de domingo promete. É mais do que histórico e decisivo, está cheio de ingredientes como há muito não se via no clássico. Prato cheio para os torcedores que desde o amanhecer de sexta fizeram fila, e antes do meio da tarde já tinham comprado os mais de 34 mil ingressos colocados à venda em vários pontos da cidade.
Há um clima de apreensão, tensão, ansiedade e otimismo por toda a cidade, tanto em cores tricolores como rubro-negras. É o papo que rola em cada boteco, em cada esquina, nas repartições, na praia ... Vai se um clássico de arrepiar !
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Como se não bastasse ser uma partida de decisão de campeonato, com título e taça em jogo,com toda a rivalidade aflorada ( o tricolor não vence um baianão há mais de 10 anos e o Vitória perdeu o título do ano passado para o Bahia de Feira, quebrando uma sequência inédita de conquistas na história do clube), os dois times baianos classificaram-se nesta semana para as quartas de finais da Copa do Brasil (fato inusitado e muito positivo para o futebol baiano) ...
... e esse domingo, 13 de maio é por si só uma data festiva: dia da chamada ‘Abolição da Escravatura', quando se comemora a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, que ‘oficialmente' acabava, em 1888, com a escravização dos negros no país, é dia do Bembé do Mercado em Santo Amaro da Purificação (quando o povo dos terreiros de candomblé festejam a data da abolição desde aqueles tempos!); 13 de maio que também é dia de aniversário de fundação do Vitória, o decano do futebol baiano; e, por fim, é o domingo do Dia das Mães !
Não tem jeito: com qualquer resultado, jogo findo, teremos um campeão e vai ter festança pelas avenidas, pela orla e ruas da cidade noite afora e madrugada a dentro... isso vai ! Estejamos preparados para as lágrimas de euforia e de tristeza também. C'est la vie !
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Jogão de bola
Clássico é clássico, Ba Vi em qualquer circunstância não tem favoritos, sabemos. Vai ser um jogo nervoso, brigado, disputado em cada pedaço de campo, as arquibancadas pulsando de paixão pura, mas acredito também num belo jogo, bem jogado em campo, até por causa do que aconteceu no meio da semana, com Bahia e Vitória se classificando e atuando bem contra adversários de São Paulo e do Rio pela Copa do Brasil.
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Na quarta, o rubronegro encarou o Botafogo lá no Engenhão e não tomou conhecimento da marra carioca. Venceu por 2 x 1, mostrando um futebol aplicado, eficiente e, sobretudo, inteligente, sabendo explorar sua melhor jogada - as bolas alçadas para o cabeceio na área adversária - e sabendo também tirar proveito de poder atuar com um atleta a mais em campo, após a expulsão de um zagueiro botafoguense ainda na primeira etapa. O rubro-negro teve uma defesa atenta, Uéliton esbanjando raça e manha no meio campo, uma ótima atuação do armador Pedro Ken, que fez um golaço, e a eficiência de sempre de Neto Baiano, Tartá e Dinei na disputa das bolas altas com os zagueiros.
O Vitória assim conseguiu um placar incontestável, com autoridade, deixando mais que otimistas seus torcedores para o clássico decisivo do domingo. ‘Se o time jogar como atuou contra o Botafogo a gente ganha', era só o que se ouvia dos torcedores rubronegros no dia seguinte.
A verdade é que o rubro-negro vem crescendo a cada jogo e tem se mostrado um time experimentado, tinhoso, afeito a jogos duros, uma equipe que sabe bem o que quer em campo. Tem a jogada forte de bolas altas e explora o lance à exaustão com cruzamento dos laterais e dos meias. Vem dando certo.
Pela Copa do Brasil, o próximo adversário do Vitória é o Coritiba. O primeiro jogo é no Barradão, pra semana.
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Na noite de quinta, em Pituaçu, o Bahia nem precisou jogar tudo o que sabe para derrotar por 2 x 0 a Portuguesa de Desportos (a Lusa de SP), garantindo-se também nas quartas de final da Copa do Brasil, com um gol em cada tempo ( o segundo, de Júnior, por cobertura, foi uma pintura). O treinador Falcão armou o time contra a Lusa já de olho no Ba Vi: poupou alguns jogadores e a equipe, em campo, fez um primeiro tempo morno e uma segunda etapa um pouco mais intensa, porém sem se expor muito. Jogou o suficiente para vencer sem sustos.
O adversário do tricolor baiano pela Copa do Brasil é o Grêmio de Porto Alegre; o primeiro confronto acontecerá em Pituaçu, pra semana.
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Uma boa pedida: o árbitro do jogo será do Sul, da Fifa internacional; seu nome é Seneme, o mesmo que apitou Fluminense 2 x 1 Internacional de Porto Alegre, pela Copa Libertadores. É rigoroso mas deixa o jogo correr, não é de marcar faltas com o cai-cai de alguns jogadores.
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Por precisar de vencer o jogo para conseguir o título, o Vitória deve ir a campo domingo com uma formação mais ofensiva e vai buscar o gol desde o primeiro minuto usando sua melhor arma: a velocidade pelas laterais e o cruzamento alto na área para o aproveitamento de Neto Baiano que sabe usar o corpo e a esperteza na disputa pelo cabeceio com a zaga. Entendo que Ricardo Silva, mesmo tendo Marquinhos (mais técnico) e Rildo (mais veloz), deve entrar com Dinei ao lado de Neto Baiano e com Tartá voltando mais para buscar o jogo pela esquerda. A marcação no meio campo fica a cargo de Uéliton e Mancha, jogadores fortes, malandros e que chutam muito de fora da área. Mesmo com o objetivo maior de golear, o rubro-negro tem de se cuidar também para não levar gols, senão fica ainda mais difícil a conquista do título.
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O tricolor , entendo, vai entrar precavido, como atuou no primeiro jogo do Barradão. Falcão não é bobo, manterá Fahel, Diones e Helder na marcação. A determinação primeira é não dar espaços para o adversário criar chances, conter a pressão natural e inicial do rival e não tomar gols, sobretudo nos primeiros 20 minutos. Feito isso, o objetivo seguinte é conseguir encaixar bons contragolpes aproveitando-se da velocidade de Gabriel, pela direita, e de Lulinha (de volta) pelo lado esquerdo. Souza, que foi poupado do jogo contra a Lusa, contem e fustiga os dois zagueiros de área rubro-negros. Como o rival, o tricolor também tem uma bola alta mortal na área adversária, em cobranças de escanteios e faltas, com a chegada do grandalhão Rafael Donato por trás da zaga para testar. Não creio em retrancas mas é bom não esquecer que o empate favorece, dá o título ao Bahia.
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Bahia e Vitória são duas equipes bem treinadas e que jogam de maneira diferente. O Vitória é mais aguerrido e gosta das bolas longas, espichadas, alçadas. O Bahia tenta por mais a bola no chão, ritmar o jogo, entrar tabelando, triangulando.
Não há nenhuma novidade, os adversários se conhecem bem, sabem de sobra os pontos fortes e os pontos fracos de cada um, tudo muito bem estudado, avaliado e treinado por Falcão e Ricardo Silva. Em campo... o êxito dos lances, das chances de gol criadas e das estratégias postas por cada uma das equipes depende muito da aplicação e do controle emocional dos atletas. Nervos à flor da pele, coração na boca e ... alma ! Isso decide.
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Resta pedir aos homens e aos céus que tudo aconteça em paz, dentro e fora do estádio... em nome da deusa Bola, a rainha.
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