Crônicas
Jolivaldo Freitas
13/01/2016 às
16:29
TURISMO é opção de risco para algumas pessoas
Pior que também sofrera com um taxista em Cartagena, Colômbia
Minha amiga atendeu ao meu convite, coisa que venho fazendo há dez anos, para conhecer Salvador. Na primeira vez eu expliquei que viesse de coração aberto e mente quieta, observando apenas o que interessava, que era o patrimônio histórico e o jeito baiano de ser. Que esquecesse o estado físico da cidade, os buracos, a falta de segurança e a vergonha que grassava no semblante do soteropolitano.
Ela não veio, levada que fora por um estágio no Canadá. Há três anos eu disse que viesse, pois a cidade estava ficando limpa, os buracos estavam sendo tapados e tinha até uma iluminação melhor. O governo estadual tinha colocado mais PMs nas ruas e a segurança estava assegurada e até o Metrô, por injunção do governador conseguira atravessar os trilhos de ponta a ponta depois que bateram o pó de anos.
Ela de novo não veio por causa de um filho que nascera. Mas não é que ela decidiu que neste verão sairia de Mariana e viria ver o que a Bahia tem de especial. Juntou a família, as malas, pegou avião, desceu no aeroporto, tomou taxi e foi para uma pousada no Pelourinho.
A pequena pousada foi assaltada e levaram tudo. Nem deu tempo de desfazer as malas. Não tive nem tempo de chegar para dar as boas-vindas.
Mas minha amiga é guerreira. Pedi desculpas pelo incidente e ela me disse que já tinha visto coisa pior, quando fez turismo em Cartagena. Foi quando pegou um taxi com algumas amigas e o taxista levou o grupo para uma praia erma e deixou todo mundo lá, fugindo com os pertences. Seu marido trabalhou em Angola e certo fim de semana foi conhecer Cabo, na África do Sul e foi levado num arrastão.
Seu irmão escapou por pouco do Tsunami na Indonésia pois com a passagem comprada foi enviado pela fábrica GM para um trabalho urgente nos Estados Unidos. Escapou.
Então fiquei pensando cá com meus botões: será que a família da minha amiga é que é pé-frio? Vejo tanta polícia pela cidade e notadamente no Centro Histórico; vejo guarda municipal, vejo câmeras e seguranças particulares, já andei em tudo que é beco, buraco, quebradas e vielas desta cidade e nunca ninguém me assaltou. Será que a família Faustini (seu sobrenome) atrai ladrão? E tratei de proteger a carteira na cueca.
Para disfarçar meus pensamentos puxei outro assunto e disse que pior seria, atualmente, fazer turismo na Turquia. E o marido dela me diz:
- Não é! Lembra aquele atentado no mercado de Istambul?
- Lembro!
- Por um triz minha irmã não sobrou também.
Foi bem na hora que o sino do Rosário dos Pretos rebimbou. Me arrupiei todo. Será?
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