A Boa Mesa
Dom Franquito
05/06/2015 às
13:42
DOM FRANQUITO light vai de mandioquinha e gnochi no GRÃO DE ARROZ
O restaurante macrobiótico mais antigo de Salvador chega aos 41 anos de idade mantendo à boa mesa em forma
O Grão de Arroz tem uma longa história. Para um restaurante estilo macrobiótico (o popular 'natureba'), quando a maioria dos existentes em Salvador quebou ou desapareceu ao longo dos últimos 40 anos engolido pelos 'fast-foods' e outros temperos apimentados da Bahia, a casa dos Barris é uma exceção.
E que boa exceção, pois, além do restaurante tem uma tenda estilo mercadinho onde os clientes podem comprar vários tipos de produtos alimentícios e outros: livros, incensos, pães, arrozes, folhas, frutas, óleos, chás e assim por diante.
Falei da longa história porque seu fundador Luis Antonio da Mota Cunha - 'Lula' - saiu de Serrinha no inicio da década de 1970, como vários outros jovens filhos daquela cidade que completavam o ginasial para estudar o cientifico em Salvador e depois tentar um curso superior, e lá se vão 41 anos desde que o Grão foi inaugurado em novembro de 1974, inicialmente e por sete anos na João Florêncio até que, no ano de 1981, passou para uma travessa do Coqueiro da Piedade, proximidades da Estação da Lapa, centro da capital, onde se encontra até os dias atuais.
'Lula' era um visionário e desde que foi seduzido pela maneira zen de viver, uma cultura orientalizada que se expairuou pelo país a partir dos anos 1960, a década que revolucionou o pensamento e a forma de viver de parte da juventude ocidental, dos 'bichos grilos', do avanço da música rock 'n' roll e dos 'cabeludos despenteados', naqueles 'anos de chumbo' de cruenta ditadura brasileira com e perseguições das forças armadas aos estudantes, o 'Serrinha' foi fazendo as duas coisas ao mesmo tempo - estudando e encontrando um meio de vida financeiro para manter sua sobrevivência na capital.
A macrobiótica parecia um sonho irreal na terra dos vatapás e dos dendês, das comidas temperadas com pimeita, molho lambão e farinha de mandioca.
Não era fácil. Seu pai Misael Cunha exercia a atividade de comerciante e politico na Serra - tinha um pequeno posto de combustível, o Texaco - e Lula se virava nos trinta na capital para se manter sem a necessária ajuda da família. É o que hoje se chama de sustentabilidade.
'Lula' teve a sapiência de introduzir a cultura zen oriental macrobiótica no seu Grão, com base na filosofia de George Oshawa, exerceu as atividades de taxeiro e jornalista, mas, soube mesclar a arte da mesa com produtos da culinária brasileira e criar uma marca com produtos que vendiam embalados em sua lojinha, com o fabrico de pães, lanches, biscoitos, broas e salgados.
Em 1999, com o Grão dos Barris consolidado, instala uma filial na Pituba - Rua Minas Gerais - e amplia as bases do seu negócio. Hoje, o restaurante da Pituba tem mais movimento do que o dos Barris.
Mas, a casa dos Barris tem seu lugar afetivo, suas árvores, seu pátio e é nela que fomos.
Lula, infelizmente, faleceu em 2005, vitima de um câncer, pero, o Grão segue sob a batura da viúva Vera Lúcia Martins que não deixou a peteca cair. Pelo contrário, a peteca está no ar, evoluindo, se movimentando.
O Grão dos Barris é um encanto. A Casa, as plantas, a entrada com seu verde que floresce. Quem me atendeu como garçonete foi a graciosa Ednalva, jovem que usava uma máscara protetora. Parecia uma 'enfa'. Depois que fiz meu prato a base de mandioquinha, salada, grão de bico, manga, caqui, gnochi e peixe frito ofereceu-me um suco de laranja.
- O senhor já esteve aqui? - perguntou-me
- Fazem muitos anos e você não era a garçonete.
- Mas, fique à vontade. Se precisar de algum coisa é só pedir.
Como as mesas do pátio estavam lotadas sentei-me numa das áreas da casa e fiquei a contemplar a paisagem do verde que via pela janela.
Maravilha de comida a do grão. Saudável, orgânica, leve como uma pluma.
Claro que depois passei na padaria de 'Sêo Lula' para comprar pães com recheio de ameixas, pães de mel e biscoitos de gergelin.
Vá conhecer o Grão dos Barris. Vale quanto pesa.
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Restaurante Grão de Arroz
Travessa Professor França, 88
Barris, Salvador
Fone 3328-2157
De 2ª a 6ª, das 8h às 18h30min
Sábados das 8 às 15h
Almoço R$27,00 - a comida é a kilo
Suco R$4,40 - 300 ml
Serve vinho em taça R$7,90/R$11,00
Heinekeen long neck R$6,00
Pão é a peso
Biscoitos e broas a partir de R$3,80
Pão de Mel com 6 unidades - R$6,30
Estacionamento na rua - não tem manobrista
Ambiente arejado - não tem ar condicionado
Área do pátio tem 8 mesas e com sorte acha-se um lugar
Aceita todos os cartões
Classificação 3 DONS
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