A Boa Mesa
Dom Franquito
04/07/2014 às
10:07
DOM FRANQUITO reza no Mosteiro de Zé Temporão e seu bacalhau lagareiro
O Mosteiro é um dos mais tradicionais restaurantes de comida portuguesa do Rio de Janeiro, desde 1964
Alguém saberia me dizer onde Dom Pedro I fez a declaração do Fico, da famosa frase "se é para o bem de todos e felicidade geral ao Nação estou pronto! Digam ao povo que eu fico?"
Isso aconteceu no centro do Rio a 9 de janeiro de 1822 quando o então príncipe regente Dom Pedro de Alcântara insurgiu-se contra as ordens da Corte Portuguesa que exigiam sua volta a Lisboa, ficando no Brasil.
Deu-se, assim, o primeiro passo para a sepração do Brasil de Portugal, Dom Pedro apoiado pelos liberais radicais em discurso ao povo na praça, na varanda do Paço, acatava um manifesto com milhares de assinaturas que lhe foi entregue pelo presidente do Senado, José Clemente Pereira, sentenciando a independência confirmada no 7 de setembro.
Amigos estão a me perguntar se sou filho de Dom Pedro I diante de minha barba à moda Dom Pedro II. Digo que somos parentes distantes embora mais próximos do imperador sejam o Marquês da PlacaFord, Eujácio Simões, e o Conde de Itapuã, Calasans Neto.
Em estada recente no Rio visitei o Paço Imperial e o local onde Dom pedro I exaltou o Fico conhecendo um pouco mais a história dos brasis. Andar pelo centro histórico do Rio é sempre uma maravilha.
E, lá estavamos nós, yo e mi hija Nara, no sopé do Mosteiro de São Bento fundado por monges beneditinos que vieram da Bahia, em 1590. Os beneditos chegaram a Salvador na segunda metade do século XVI e fundaram o Mosteiro da Bahia em 1582.
O monge Pedro de São Bento Ferraz, o inicial da Bahia expandiu a Ordem para o Rio e conseguiu com o nobre português Manoel de Brito um amplo terreno no centro da cidade para instalar o mosteiro carioca.
Tem muita história e tradição religiosa esse mosteiro do Rio onde estudaram em seu colégio Pixinguinha, Noel Rosa, Cazuza, Benfamin Constant e outros.
Curioso é que não chegamos a visitar o santuário dos monges e fomos parar noutro Mosteiro, o restaurante do pai do ex-ministro da Saúide, José Temporão, o português José Temporão, 91 anos de idade, na ativa, indo todos os dias "rezar" no seu templo gastronômico, que fica situado na Rua São Bento,13, número da sorte.
José Temporão chegou ao rio em 1946 e abriu o Mosteiro em 1964, 374 anos depois que os monges Ferraz e Porcalho inauguraram a igrejinha do Mosteiro Beneditino, em homenagem a Nossa Senhora da Conceição.
O Mosteiro de Temporão oferece mais de dez tipos de bacalhau sendo os mais famosos o Bacalhau à Zé do Telhado servido com lascas grelhadas com cebola, azeitona, pimentão e batata gratina; e o à moda da Casa, o tradicional Mosteiro, em que a posta grelhada vem com brócolis, cebola, ovos e batata cozida.
Quem nos atendeu foi Martins, garçom que tem apenas 34 anos de casa e muitas histórias para contar. Mas como não fomos para ouvir histórias e sim pra apreciar o bacalhau de Sêo Temporão, optamos, até por sugestão de Martins, a experiência é a voz da razão, por um Bacalhau a Lagareiro, originário de Beira, Portugal.
Na origem, o lagareiro era preparado nos lagares (prensas antigas que moem as azeitonas para a produção de azeite), onde havia fartura de azeites. A receita era feita para provar o azeite. Assavam-se os pimentões, as batatas e as cebolas, com cascas espetadas num arame e penduradas dentro do forno de lenha. Também neste local assava-se o bacalhau juntando-se alho cru e bastante azeite.
É um dos pratos mais servidos no Mosteiro. Claro que não se usa mais esse método a ntiga português diante das novas tecnologias. O importante, no entanto, é o sabor do lagareiro e manter a tradição como se fosse feito pendurado em forno à lenha.
Para esperar o lagareiro Martins aconselhou-nos um Muralhas de Moção Vilarinho, branco, suave, bom vino português.
E quando o lagareiro apareceu aos nossos olhares, aquele lombo alto do bacalhau dessalgado, os dentes de alho cortados em rodelos, minicebolas e pimentões louvamos São Bento com todo entusiasmo.
Pena que não encontramos com Sêo Zé Temporão. Quando chegamos ele tinha acabado de sair. Vai todos os dias benzer seu Mosteiro e conversar com os clientes em cada mesa.
O olho do dono engorda o negócio e Sêo Zé, mesmo com 91 anos de idade, sabe que cativar o cliente, à moda antiga, dando boas vindas ao freguês e perguntando se está tudo bem é a arma do negócio.
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Restaurante Mosteiro
Desde 1964
Rua São Bento, 13, Centro RJ
Fone (21) 2233.6478 / 6426
www.mosteirorestaurante.com.br
Aceita todos os cartões
Bacalhau lagareiro R$158,00
Vilarinho R$65,00
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