Política
Tasso Franco
23/12/2024 às
18:16
O PAPEL DA ASSEMBLEIA E OS 10 MELHORES DEPUTADOS EM PLENÁRIO 2024
BJÁ selecionou os deputados e deputadas que mais se destacaram no plenário em 2024
O Bahia Já selecionou os 10 melhores deputados estaduais e deputadas baianos (as) em atuações no plenário da Assembleia Legislativas, nas sessões ordinárias, ano 2024. As sessões especiais não foram levadas em conta por serem festivas.
Nenhum dos novos deputados conseguiu se destacar. Em 2023, tivemos como destaque o novato Leandro de Jesus (PL) mas sua atuação, em 2024, não se repetiu. Pelo contrário, decaiu. O deputado Diego Castro (PL) foi, entre os novatos, quem mais se aproximou do pódio BJÁ, mais precisa corrigir sua fala na tribuna (grita mais do que fala) e apresentar dados mais consistentes às denúncias que faz.
Na bancada feminina, nada que se destacasse entre as novatas, salvo as veteranas Olivia Santana (PcdoB) e Fabíola Mansur (PSB). A deputada Maria Del Carmen está adoentada. Neusa Cadore (PT) se tornou secretária de Estado e Fátima Nunes (PT) reduziu sua atuação no plenário. da Casa Legislativa. As novatas pouquissimo usaram a tribuna.
OS 10 DESTAQUES:
1. ADOLFO MENEZES (PSD) - Trata-se do presidente da Casa e que tem demonstrado firmeza na condução da instituição, sem gastanças e obras. Pelo cargo que exerce, o presidente, até por isso, é um destaque. Na realidade, o sonho de qualquer deputado dos 63 da Casa é ser algum dia presidente. Porém, como sabemos, poucos alcançam. E quando isso acontece, deve ser levado em considerado, a liderança do deputado, a articulação, seu poder moderador, uma série de fatores.
Adolfo não dirige a Assembleia como um puxadinho do Poder Executivo embora reconheça que, de fato, quem tem a caneta mais poderosa é o Executivo e seja necessário se trabalhar em harmonia. Sem isso é complicado porque as leis beneficiam o Executivo (deputados não podem criar projetos de leis que demandem despesas) e é quase impossível de fazer algo em benefício popular sem despesas.
Adolfo também pôs um ponto final na permissividade no âmbito da Assembleia, entendendo que a casa seja do povo, mas, como tal deve ser respeitada. Portanto, não é permitido acampar no saguão e/ou corredores da Casa, manifestações mais violentas contra deputados a partir das galerias, e quando necessário convoca a PM e isola locais na Casa durante votação de projetos polêmicos.
Esse é o estilo Adolfo, um deputado sem papas na língua, de fala direta, com liderança consolidada.
2. ROSEMBERG PINTO (PT) é o líder da bancada da Maioria (governo) e orienta 43 deputados. Vocês podem pensar que é fácil um líder do governo atuar na aprovação de projetos com bancada tão grande. De fato, é. Mas, em parte. Deputado é um ser "guloso" no sentido de que deseja sempre alguma coisa do governo em obras e outros na sua base e quando entende que não está conseguindo, satisfatoriamente, some, desaparece na hora de uma votação importante. Ser líder, também, passa pela avaliação do governador. Se o chefe do Executivo sente que o líder não está atuando bem, substitui por outro.
Rosemberg Pinto dá conta do recado de maneira exemplar: é bom de tribuna, sempre em tom moderado, porém, eleva a voz quando necessária; não tem viés autoritário, dialoga bem com a liderança da Minoria e tem uma oratória consistente.
3. ALAN SANCHES (UB) é o líder da bancada a Minoria (oposição) uma das missões mais difíceis, pois, orienta apenas 18 parlamentares que (como o próprio nome diz) se opõem à administração Jerônimo, de forma moderada com atos um pouco mais agressivos quando o Executivo, por norma, envia os projetos de leis mais polêmicos para serem apreciados com urgência, o que limita ainda mais o trabalho da oposição. Essa, aliás, é uma estratégia antiga, praticada por todos os governadores de Ondina. E Jerônimo não foge à regra.
Alan coordena a bancada com altivez, sabe usar bem a tribuna nas suas ponderações e argumentos, negocia com o líder da Maioria a votação de todos os projetos que seja (na ótica da oposição) de interesse da população e não há um parlamentar nesse grupo (como já houve na época de Targino Machado) um insubmisso. Por ser médico, às vezes, centraliza suas criticas ao governo muito nesta área, especialmente na regulação do que chama “fila da morte”.
4. SAMUEL JR (REPUBLICANOS): Integra a mesa diretora da Casa e a bancada da oposição. É. Na atualidade, um dos mais pertinentes e insistentes críticos ao governo, duro, objetivo, conservador. Admite que ser conservador e defender a família tradicional sejam méritos que não abre mão e é critico contumaz as inovações de gêneros e outros pontos de vistas dos chamados progressistas. Fala com propriedade, discursa bem no estilo pastoral (é pastor evangélico da Assembleia de Deis) e defensor dessa causa. Cresceu muito neste 2024.
5. HILTON COELHO (PSOL): É, provavelmente, o deputado mais assíduo do plenário, ativo, único da Casa que se pode chamar de independente. Isto é, não está alinhado nem com a bancada da Maioria; nem com a da Minoria embora seu partido tenha “namoros” com o governo do estado e a nível nacional, Boulos (SP) recebeu o apoio de Lula.
Hilton pauta sua atuação com criticas muito forte ao governo Jerônimo sobretudo na área da educação defendendo uma qualidade melhor do ensino. Em geral, HC defende todas as pautas que sejam em defesa dos servidores públicos, defensores, delegados, terceirizados e assim por diante. Seu discurso., no entanto, é estatizante e limitado a um determinado público.
6. ROBINSON ALMEIDA (PT): Dos petistas é o melhor em plenário e o mais duro critico de ACM Neto e Bruno Reis, de forma direta, ainda que falta ingredientes de maior veracidade no que expõe. Como a maioria dos petistas é estatizante e defende que o governo do estado não deve renovar o contrato de concessão de energia com a Neoenergia Coelba por entender que a empresa multinacional não investe na Bahia como deveria e os serviços são irregulares. Foi secretário de Comunicação no Governo Jaques Wagner que o levou à politica.
7. OLÍVIA SANTANA (PcdoB): Atua predominantemente em defesa da comunidade negra de Salvador e da Bahia se estendendo ao Brasil sua bandeira de luta principal e também do segmento da educação. Integra o Partido Comunista do Brasil e, como tal, antiliberal com discurso acentuadamente critico a livre iniciativa. Outras de suas plataformas são o combate ao racismo e a intolerância religiosa. Tem discurso contundente, firme, mas, repetitivo e, às vezes, se irrita quando é contestada pelos conservadores. É presença assídua nos debates e na tribuna da Casa também em relação aos direitos das mulheres e suas lutas.
8. FABÍOLA MANSUR (PSB): A socialista tem atuação mais destacada na defesa do movimento LGBTQIA+ e na área da saúde até por ser médica de formação profissional. É defensora dos direitos das mulheres e dos programas do governo do estado para esse segmento. Em assuntos relacionais à saúde pública é quem melhor defende o governo.
9. JOSÉ RAIMUNDO (PT): É também chamado de professor e é o vice-presidente da Casa comandando algumas sessões e também usando a tribuna. Quando o faz é ouvido, pois, seus argumentos são sólidos. Mas é muito discreto e até tímido com a imprensa e precisa se soltar mais e defender seus pontos-de-vista sobre a politica municipalista, onde mais atua. É petista orgânico e o melhor para defender o presidente Lula quando é atacado.
10. ROBINHO (UB): Da oposição foi um dos mais duros críticos ao governo Jerônimo Rodrigues que considera sem pé nem cabeça. Fala bem, pausado, aborda temas que estão na mídia e defende o segmento empresarial rural sobretudo em relação ao permanente conflitos entre indígenas e ruralista no Extremo Sul da Bahia. Se melhorar sua assessoria parlamentar e de imprensa poderá crescer, em 2025.
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No nosso entendimento a Assembleia da Bahia passou o ano de 2024 sem analisar, debater ou comentar de forma mais sistémica, três temas que são prioritários na sociedade brasileira e mundial: a) a economia; b) a tecnologia e a IA; c) o meio ambiente.
Nenhum deputado ou bancada se interessou por esses três assuntos de forma mais direta e a economia do estado que está em descenso sobretudo em relação ao Ceará e Pernambuco, com projetos estruturantes parados há anos – FIOL/Porto Sul/mineração, modernização da petroquímica e dos portos, etc; os impactos da IA na economia do Estado e o que deve se fazer ou se preparar para esse enfrentamento; e as mudanças climáticas com o avanço da desertificação. Nada disso foi analisado pela Assembleia.
A Casa, muitas vezes, perde tempo demais em analisar problemas domésticos corriqueiros e assuntos nacionais pertinentes à política, sobretudo no debate Lula x Bolsonaro.
Sentimos também que a Casa poderia se relacionar melhor com a Câmara dos Deputados e do Senado na abordagem de temas nacionais como a Reforma Tributária e outros trazendo a Salvador deputados e senadores para falarem sobre esses assuntos. Os senadores da Bahia, por exemplo, só aparecem na Casa em sessões especiais comemorativas de eventos.
Mais dois tópicos para encerrar:
Em relação a bancada do governo ninguém se destacou de maneira mais firme na defesa do governador Jerônimo, salvo o líder Rosemberg e um ou outro deputado aleatoriamente. Não há, ao que parece, uma organização em relação a isso.
Em relação a bancada da oposição diríamos que se comportou de maneira moderada sendo a segurança (ou a falta dela) o assunto mais criticado, mas, não houve contundência e firmeza maior em relação a esse e outros temas.
E assim vamos iniciar 2025 em fevereiro próximo.
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