Acontece que Bolsonaro perdeu a eleição e Roma não tem a mínima chance se ser ministro no governo Lula, nem ocupar qualquer cargo no governo Jerônimo Rodrigues. Isso, evidente, não inviabiliza, de todo, sua pretensão de se manter na política como a terceira via na Bahia, pois elegeu a esposa Roberta Roma deputada federal com 160.731 votos e sua candida ao Senado, Raissa Soares, obteve 14.61% dos votos (1.057.085) e um legado dessa natureza não se joga pela janela. Além disso, o que se percebe, nesses primeiros movimentos pós eleição do 2º turno é de que o "bolsonarismo" se manterá de pé.
De toda maneira foi um baque para Roma a derrota de Bolsonaro. Tivesse ganho o pleito sua situação política seria bem diferenciada do que a que se apresenta para enfrentar doravante porque ficará sem sua força de sustentação. Foi graças a sua ação como ministro da Cidadania que Roma viabilizou a sua candidatura a governador percorrendo o interior do estado e fazendo alianças com lideranças municipais, inaugurando CEUS - espaços para ações culturais e práticas esportivas - e se apresentado como "pai" do Auxílio Brasil. Isso, inclusive, permitiu que estabelcesse alianças com prefeitos de cidades de médio porte como Serrinha, Cruz das Almas e Porto Seguro, entre outras.
Como Roberta Roma - só para citar um exemplo - consegui mais de 7.000 votos em Serrinha para deputada federal se ela nunca tinha ido ao município? Explica-se: a aliança política que Roma fez com o prefeito Adriano Lima, que já fora MDB e PP, e foi cooptado por Roma com um CEU instalado na cidade nova.
Essa fonte política secará a partir de janeiro de 2023 e Roma terá que sobreviver na base do discurso, sem mandato, uma vez que sua esposa é que será a deputada federal, o que torna sua missão mais difícil. Vale observar, no entanto, que Simone Tebet, MDB, recentemente, cresceu aos olhos do Brasil apenas com o discurso focado na educação. Em 2014, Lidice da Mata (PSB) se apresentou com uma terceira via no estado candidatando-se a governadora, mas ao perder o pleito, desistiu da via alternativa e se aliou ao PT.
Roma, em princípio, não terá chance de se aliar ao PT porque seu eleitorado não vai aceitar. É bem diferente do caso de Lidice onde os socialistas são quase uma apêndice do petismo. Hoje, o bolsonarismo é frontalmnente contra o petismo e se Roma fizer uma aliança nessa direção vira fumaça.
A próxima alternativa que haverá no campo eleitoral será nas eleições municipais de 2024, daqui a mais dois anos, e certamente Roma poderá ser candidato a prefeito da capital, sua principal base política, até para manter seu nome vivo, oxigenado, junto ao eleitorado. Suas chances neste pleito também serão limitadas, tal como aconteceu para governador, até com possibilidades menores, uma vez que Bruno Reis, UB, certamente será o candidato à releição, com máquina em mãos bem azeitada e muitos feitos a mostrar; e a base petista com vários nomes a apresentar e disputar.
Mas, cada eleição tem sua própria história, e Roma não tem nada a perder se não conseguir chegar ao Palácio Thomé de Souza. O importante é marcar uma posição política deixando acesa a 3ª Via para 2026. Até lá, muita água vai rolar embaixo da ponte e no momento ele decidirá o que fazer. (TF)