Cada qual no seu estilo, os quatro mais importantes candidatos a prefeito de Salvador - ACM Neto, Antonio Imbassahy, João Henrique e Walter Pinheiro (a ordem é alfabética) - passaram no teste do 2 de Julho.
Fato, aliás, que demonstra um equilíbrio de forças na eleição municipal de Salvador raramente presenciado, com 4 nomes emparelhados na disputa.
O que vai acontecer a partir deste domingo, 6, quando começa a campanha pra valer, ainda representa uma incógnita, embora, haja uma sinalização colocando ACM Neto como o "oposicionista" do governo e da campanha, o que poderá beneficiá-lo na polarização dos debates entre os candidatos e no entendimento do eleitorado.
Ao contrário de 2004, quando João Henrique se consolidou no cenário como um fenômeno eleitoral e chegou ao segundo turno com 43% dos votos válidos graças a sua pregação quase messiânica, em defesa da classe média e dos pobres e oprimidos, com liminares contra todos tipos de impostos (IPTU, chupa-cabra, ISS, etc), em 2008, nenhum dos candidatos dá sinais de que poderá contabilizar em 5 de outubro percentual dessa magnitude.
Também é muito difícil que os 4 candidatos sigam emparelhados, cada qual com 25% dos votos, numa disputa apertadíssima. O processo histórico em campanhas políticas tem revelado que, em meados de setembro, quando o eleitor que ainda está indeciso começa a definir pra valer o seu candidato, uns avançam mais do que outros, com uma polarização efetiva entre dois nomes.
Qual desses dois nomes despontarão, só usando bola de cristal.
Há, no entanto, sinais indicadores, quer porque os votos não se mexem com muita volatidade ao longo dos anos; quer porque ainda vai persistir nesta campanha a sombra de ACM.
Ademais, há um movimento de bastidores entre o PT e PMDB de olho em 2010, tendo como provável fiel da balança o DEM (em 2006 o fiel da balança foi o PMDB) que poderá se acirrar nesta campanha, tanto na capital, como em Feira de Santana, Lauro de Freitas, Itabuna, Juazeiro, só para citar alguns municípios importantes no Estado.
Walter Pinheiro não representa apenas o candidato do PT. E sim, também, o candidato do governador Jaques Wagner, uma questão senão de "vida ou morte" para ilustrar com uma frase mais compreensível, mas até de sobrevida política na capital que é a caixa de ressonância do Estado.
Perder (ou ganhar) uma eleição em Itaberaba é uma coisa; e perder (ou ganhar) na capital é outra.
Daí que Wagner mostrou no desfile ao 2 de Julho que, embora tenha "três" candidatos a prefeito de Salvador há um preferencial. E o governador deixou nas entrelinhas que além de promover a parte "cívico-política" com Pinheiro, nas ruas da Lapinha, Boqueirão e Pelourinho, poderá participar do seu palanque de campanha.
Esse é um dado que diferenciará Pinheiro dos outros dois candidatos da "base", Antonio Imbassahy e João Henrique. Neto, fica no outro palanque, na oposição e na dele. Terá, portanto, todas as condições de polarizar com Pinheiro.
O x da questão é saber como Imbassahy e João Henrique vão trafegar nesse mar de pequenas vagas para que não ficarem de fora das ondas ascendentes e descendentes da polarização. Mas, isso só no decorrer da campanha se saberá porque ninguém vai revelar suas estratégias até começar o horário gratuito na TV e no rádio.
De toda sorte, os primeiros sinais foram dados no 2 de Julho, numa disputa voto a voto entre abraços e beijos com os eleitores, e com críticas mais direcionadas a João Henrique, historicamente, dono da maior sacola de votos. Dos 43% que amealhou em 2004, sozinho, já perdeu 25% deles segundo as pesquisas divulgadas até então.
João, hoje, corre atrás do prejuízo. E, o que é mais sintomático: na condição de vidraça. Esse, aliás, é outro caminho da polarização. Se apanhar demais, pode ressurgir das cinzas.
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